ME APAIXONEI PELA LARALIMA
Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, Técnica Cervejeira e apresentadora – @candysommeliere
Hoje vamos falar sobre a mais nova aquisição da família Paulistânia, a recém-chegada Laralima. Uma maravilhosa Witbier com adição de extrato natural de laranja Bahia e limão siciliano.
Como a Paulistânia faz com esmero todas as receitas que se propõe a colocar em linha, aqui temos uma interpretação do estilo. A Laralima é feita com maltes de trigo e cevada, mas como acontece na maioria das Witbiers, aqui não temos a presença do trigo não maltado, mas sim flocos de aveia, conferindo uma cremosidade e garantindo um gole aveludado, nessa cerveja refrescante, aromática e condimentada, pela presença marcante da semente de coentro.
VOCÊ SABE COMO SURGIU O ESTILO WITBIER?
A história deste estilo de cerveja começa em 1445, quando a Bélgica ainda era parte integrante da Holanda, formada por uma série de colônias.
Essa era a exata época em que europeus viajavam rumo às Índias em busca de novos temperos, o que fez com que especiarias chegassem às mãos de monges.
Registros históricos indicam que as cervejas de trigo eram extremamente azedas até que os monges belgas passaram a adicionar algumas novidades à receita, como cascas de laranja e coentro, trazido diretamente de Curaçau, na época, colônia Holandesa.
Vale ressaltar que não havia adição de lúpulo e que as cervejas da época eram saborizadas com frutas e especiarias.
Seu nome se origina da junção das palavras wit e bier, que em holandês querem dizer, respectivamente, “branco” e “cerveja”. Ou seja, a junção significa “cerveja clara”.
Para se ter uma ideia, na escala internacional SRM, que varia entre 1 (muito claro) e 40 (muito escuro) e é utilizada para identificar a cor da bebida, a Witbier, raramente, passa do número 4.
Apesar de sua popularidade atual, com um alto consumo deste tipo de cerveja durante o verão, a Witbier passou por um longo período de esquecimento, tornando-se praticamente extinta até a década de 50 do século passado.
O LEITEIRO QUE SALVOU A WITBIER
O crescimento do mercado das Lagers, comercializadas em massa, forçou as cervejarias belgas a fecharem suas portas no século 20.
Lamentando o sumiço das Witbiers, o leiteiro belga Pierre Celis, nos anos 1960, resolveu reposicionar o estilo no mapa ao passar a produzir uma cerveja com uma receita da qual se lembrava de um breve trabalho na cervejaria Tomsin, última fábrica a fechar as portas.
Num país tropical como o Brasil, essa cerveja de teor alcoólico baixo e de sabor refrescante pode ser justamente o que você estava buscando para se refrescar nas tardes quentes de domingo.
Todas as cervejas de trigo são iguais? A resposta é: jamais!
WIT NÃO É WEISS, WEISS NÃO É WIT!
Uma dúvida que muitas pessoas têm sobre a prima alemã, Weissbier é se a Witbier é uma versão belga para as cervejas de trigo Bávaras.
Muito embora Weiss signifique “branco” em alemão, o que remeteria imediatamente a justa comparação, para ser uma típica Weissbier, são necessários ao menos 50% de malte de trigo, podendo ser completado com malte de cevada. Mas algumas cervejas têm quase o total de trigo em sua receita.
Tradicionalmente essa bebida costuma ser turva, por conta das proteínas e da levedura. O visual fica completo com um colarinho branco e denso, e a espuma cremosa.
LEI DA PUREZA X TEMPERO
A Weiss se destaca pelas notas de banana e cravo no aroma e no sabor. Mas aqui, essas notas não são provenientes da adição nem da fruta, nem da especiaria, afinal não podemos esquecer que as cervejas alemãs têm uma regra clara de fabricação desde a promulgação do Reinheitsgebot em 23 de abril de 1516 pelo Duque Wilhelm IV (Guilherme IV) da Baviera, que regulamentava que a cerveja poderia conter somente três ingredientes: água, malte e lúpulo.
Mas então de onde vêm essas notas de banana e cravo? Elas são subprodutos da fermentação, são ésteres e fenóis que remetem a tais aromas e sabores.
Pronto, agora que já estão experts sobre as diferenças e semelhanças entre estas duas cervejas de trigo, vamos ao que interessa, conhecer as Witbiers que temos disponíveis no site da Confraria Paulistânia Store.
Antes quero só dizer uma coisa: EU ME APAIXONEI PELA LARALIMA!!!
Além de ser incrivelmente aromática e refrescante, ela homenageia um lugar que está no meu coração, o Mercadão (Mercado Municipal de São Paulo).
Assim, te convido a escolher algumas Witbiers e depois me contar como foram as degustações:
Indicações de leitura:
ESCOLAS CERVEJEIRAS https://confrariapaulistaniastore.com.br/blog/escolas-cervejeiras/
UM PARAÍSO CHAMADO BÉLGICA: INDEPENDENTE DESDE 1830 E CERVEJEIRA DESDE SEMPRE https://confrariapaulistaniastore.com.br/blog/um-paraiso-chamado-belgica-independente-desde-1830-e-cervejeira-desde-sempre/
Que demais a LaraLima!! História incrível e rótulo lindo com homenagem ao Mercadão! Show!!