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O QUE SÃO CERVEJAS KOSHER?

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Por Luís Celso Jr. é jornalista e sommelier de cervejas. Foi 3º colocado no 1º Campeonato Brasileiro de Sommelier de Cervejas e defendeu o Brasil na competição mundial em 2015. Também é professor, juiz de concursos nacionais e internacionais e consultor de cerveja. Fundou em 2006 

DESMITIFICANDO ROCK E CERVEJA (PARTE 4)

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Por  Henrique Carnevalli, t.izêro, Sommelier de Cervejas, amo música desde pirralho, noveleiro, corinthiano sofredor e cofundador do site RockBreja. Hard Rock é um estilo quem tem bastante aceitação pelo público no mundo, porém, ele tem suas particularidades, assim como os estilos Dunkell e Bock, mas será 

PARIS 2 – BOLERO DE RAVEL NA CHAMPS ELYSEES

PARIS 2 – BOLERO DE RAVEL NA CHAMPS ELYSEES

Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira.

Olá meus amigos cervejeiros.

Conforme havia dito, neste mês darei continuidade às minhas aventuras zitogastronômicas em Paris. (leiam o texto PARIS 1 – “JE VEUX T’ACHETER UNE BIÈRE”  neste Blog).

Antes de mais nada, criei uma playlist no Spotify e, para que tenham uma experiência sensorial mais bacana, gostaria que colocassem-na para tocar enquanto lêem este texto.

Segue o link:

Talvez vocês possam estranhar algumas das músicas mas tenho certeza que todas se relacionam com alguma passagem do texto a seguir.

CONTINUER L’HISTOIRE…

Depois de uma boa noite de sono, acordamos bem cedo e, após um belo banho, nos preparamos para mais um dia de exploração da Cidade Luz. Só para corrigir uma falha, no texto anterior, me esqueci completamente de dizer que o amigo que viajava comigo se chamava Gustavo.

Pois bem, nos dirigimos à recepção e nosso host “Saddam” já se encontrava a postos atrás do balcão. Com um sorriso largo perguntou o que pretendíamos visitar naquele dia.

Respondi que iríamos caminhar pela Avenue Champs Elysees até o Arco do Triunfo e circular um pouco pela cidade. Saddam pegou um outro mapa da cidade onde se destacavam os monumentos principais e as estações do Metrô e assinalou à caneta os possíveis trajetos para nosso intento.

Caminhamos até a Boulangerie onde tomamos nosso café da manhã, pedimos um básico café com leite e croissants na manteiga e demos uma volta nas ruas próximas para conhecer o comércio local, antes de nos dirigirmos à estação Brochant do metrô.

Três coisas chamaram minha atenção.  Um supermercado muito bem abastecido com alimentos e bebidas, um tipo de empório que vendia queijos artesanais e geleias e uma loja que expunha na calçada várias malas, mochilas e bolsas.

Entramos rapidamente no supermercado e compramos duas cervejas geladas, para começar os trabalhos do dia. Novamente optei pela Hopfenkonig, tanto pela leveza e frescor quanto pela facilidade da tampa easy open. Para acompanhar, eles tinham charcutaria fatiada na hora. Compramos uma bela porção de jambon (presunto) cru e fomos à luta.

Eu já havia dito que a rede metroviária da cidade é fantástica e a gente pode comprar bilhetes válidos por vários dias? Pegamos o metrô e em alguns minutos estávamos em nosso primeiro destino.

PARA O NOSSO TRIUNFO: UMA TEMPELIER

A caminhada pela Champs Elysees era bem mais longa do que eu imaginava e, enquanto nos movíamos, parecia que eu ouvia o Boléro de Ravel dando ritmo aos meus passos. De repente, um aroma inebriante de perfume invade a avenida. Estávamos a uns 100 metros de uma loja da Sephora.

Aproveitei para procurar um rimel que minha filha havia pedido e vi um balcão com vários perfumes abertos que a gente podia experimentar.

Me servi de meu preferido, Acqua Di Gió e voltei para a caminhada feliz da vida.

Chegamos no Arco do Triunfo, depois de quase duas horas. Quero dizer que não achei nada de mais, mas a emoção de estar ali era muito intensa.

A essa altura, a fome e a sede já gritavam. Por sorte, a poucos metros havia um setor com vários restaurantes que serviam em áreas cobertas, na calçada.

Entramos num desses e no menu, um outro prato que eu queria experimentar: Boeuf Bourguignone. Não pensei 2 vezes, pedi 2 pratos e duas cervejas Corsendonk Tempelier pra acompanhar. Que delícia. De repente o Gustavo solta essa frase: “parece o cozidão que minha avó faz!”

paris 2 bolero de ravel e o Arco do Triunfo

Vocês tem que experimentar essa harmonização. É algo que tange à perfeição.

Nossa sobremesa foi Crêpe Suzette, a famosa panqueca banhada com calda de laranja e flambada com um licor dessa fruta, que veio acompanhada de uma bola de sorvete de creme. E não é que a Tempelier ornou, mas tão bem, que fomos “obrigados” a pedir mais uma!

OS BELOS DA TARDE

Após o almoço, decidimos andar mais um pouco pelas margens do Sena. E eis que vemos uma placa indicativa com os dizeres:

Chapelle Notre-Dame de la Médaille Miraculeuse (Capela Notre-Dame da Medalha Milagrosa)

Meu coração pulou de emoção e gritei ” Gustavo vamos conhecer a Notre-Dame”. Na caminhada para a nossa próxima atração,  comecei a vislumbrar as Torres da Capela.

paris 2 bolero de ravel e a nave da Catedral de Notre Dame
30 metros da porta à nave?!?

Confesso que achei que seriam mais imponentes. 

Ao chegar, outra coisa que estranhei. A tal Notre-Dame ficava nas dependências de um prédio que já havia sediado um antigo presídio ou convento, não entendi bem.

Aliás, não estava entendendo nada. Nunca havia lido sobre isso no meu curso de arquitetura. Pois bem, adentramos os portões da edificação e nos deparamos com uma “igrejinha”, linda, mas muito modesta, digamos assim, para minhas expectativas sobre Notre-Dame.

Minha impressão era de que a Capela não devia ter 30 metros da porta à nave.

Muito frustrados, compramos umas medalhas de Nossa Senhora para presentear a família e nelas a inscrição confirmava serem de Notre-Dame. Saímos meio cabisbaixos e nos dirigimos a uma estação de metrô rumo à Brochant.

Ao sair da estação, vi um cartazete anunciando um show do Gotan Project, uma banda parisiense que tem como proposta revisitar o tango (Gotan é tango com as sílabas invertidas).

Já tínhamos programa para a noite.

UM TANGO EM PARIS

Paramos no boteco onde o clochard me pagara uma cerveja (leia em Paris-1 neste Blog) para mais dois copos de Praga, passamos pelo hotel para outro banho, roupas limpas e fomos para o Casino de Paris, no n° 16 da Rue de Clichy.

Muito próximo ao Casino, havia uns bares, tipo Pub, que vendiam cerveja pra tomar ali e em copos descartáveis para poder levar no show.

Escolhi uma Nora da Baladin , que bebemos antes do show e abastecemos dois copo descartáveis com a fantástica 1795.

O aroma do lúpulo Saaz perfumou o ambiente do Pub. O show foi fantástico. Tango pop, cantado em espanhol por músicos parisienses (alguns são argentinos).

O espetáculo acabou cedo e às 21h já estávamos na rua do hotel Viator.

TRAINDO A CAUSA

Decidimos ver o que mais havia de interessante nas cercanias e a uns 100m pra frente havia um Bar des Vins muito atrativo chamado Le Refuge des Moines.

Não pensei duas vezes, entramos e fomos encaminhados por um jovem, que era o próprio dono do local, a uma mesa tipo bistrô, com bancos altos.

Nos ofereceu 2 vinhos de produção exclusiva para a casa. Para acompanhar, uma porção de patês e frios  guarnecida por delicadas torradinhas de baguete.

Foi nosso jantar.

paris 2 bolero de ravel e a Boulangerie La Princesse

No dia seguinte já havíamos programado visitar tudo o que conseguíssemos do Louvre.

Como sempre, tomamos nosso café na Boulangerie La Princesse, que fica na Avenue de Clichy, 87 (pra quem reclamou, tá aí a dica) e “partiu Louvre”.

Ao descer na estação, comecei a ouvir uma melodia que me lembrou a Rússia.

Conforme andávamos pelos corredores em direção ao Louvre, o volume do som ia aumentando.

E eis que nos deparamos com um grupo em trajes típicos, entoando canções do folclore russo e afins (me lembro de ouvir Katiusha por exemplo). Emocionante. De arrepiar.

Passamos o dia no museu.

Outro banho de cultura.

Saímos por volta das 17h e nos dirigimos para nosso ponto de referência: Brochant.

TENTAÇÃO A FRANCESA

Como era cedo, decidi passar no supermercado e na loja de queijos artesanais que havia visto no primeiro dia.

Fiquei alucinado na sessão de queijos e embutidos. Tudo muito barato, em comparação ao Brasil.

Acredito que comprei uns 5 kg entre queijos e charcutaria.

Atravessei a rua e fui à loja dos queijos artesanais. Todos feitos com leite cru, sem pasteurização!

Comprei mais 1 ou 2 kg sortidos entre queijos de leite de vaca, cabra e ovelha. Voltamos ao hotel e eu me pus a acondicionar tudo que havia comprado no frigobar do quarto.

Nosso jantar foram frios – salames, copa, presunto cru, queijos – roquefort, camembert, brie, reblochon e cervejas adquiridos no mercado.

As cervejas?

Todas Urthel: duas Samaranth e duas Hop-it!

C’EST FINI

Nosso último dia em Paris e eu queria dar um último “rolê”.

Fomos de metrô até a Champs Elysées e pegamos um ônibus de 2 andares que fazia um “City tour” pelos principais pontos turísticos.

Torre Eiffel, Arco do Triunfo, Museu do Louvre e de repente, a Igreja de Notre-Dame – a verdadeira.

Gritei para que o motorista parasse e pudemos enfim conhecer uma das igrejas mais lindas e famosas do mundo!

paris 2 bolero de ravel e a Catedral de Notre Dame
A verdadeira!!!

De lá para a estação Brochant, seguimos comemorando com a queridinha 1795 que tomamos, durante o trajeto, no gargalo.

Antes de me dirigir ao hotel, passei pela loja de malas que havia comentado no início deste texto e comprei uma dessas malas compactas que a gente pode levar dentro do avião.

Chegando no quarto, coloquei todos os queijos, chocolates e charcutaria que havia comprado numa das malas que eu levara e transferi roupas e objetos pessoais para a mala nova.

Desci para a lavanderia onde havia deixado a “malona” e aparentemente, nenhum sinal de arrombamento.

AU REVOIR, SADDAM!

Acertamos nossa conta na recepção, com um abraço bem brasileiro no gentil Saddam, chamamos um taxi e partimos para o aeroporto Charles De Gaulle.

Na fila do check in eu não consegui disfarçar a tensão, até despachar minha bagagem.

Tudo certo. Ninguém falou nada e minhas malas se foram pela esteira.

Mais tranquilos, já na área do embarque internacional, passamos num bar e pedimos 2 sanduíches – presunto com queijo brie e duas cervejas Oude Geuze Boon – Vat 91, envelhecidas em barril onde fora maturada sidra.

Uma delícia simples e sofisticada.

Sentamos na sala de espera de embarque e ficamos de olho no painel.

Dali uns 20 minutos, percebo que nosso vôo estava atrasado. Nesse momento, aparece um alerta vermelho dizendo que nosso vôo estava cancelado.

Um funcionário da companhia aérea comunicou que acontecera um problema em um dos banheiros da aeronave e o voo seria adiado por 10 horas.

Na minha cabeça, uma única frase: meus queijos!😲

A Air France adaptou as dependências de um dos saguões do aeroporto, onde só haviam cadeiras de plástico, mas pelo menos tinha sanduíches e água mineral à vontade.

Passamos a noite tentando relaxar naquelas acomodações improvisadas e eu continuava pensando na mala com os queijos no compartimento de bagagem do avião, sem refrigeração.

Pela manhã, enfim, fomos encaminhados ao nosso voo rumo ao Brasil.

A viagem foi tranquila e 11 horas depois desembarcamos em São Paulo.

TUDO PELOS MEUS QUEIJOS!!!

Assim que saí da aeronave, segui em desabalada carreira para as esteiras de bagagem e me posicionei o mais próximo possível da boca de saída das malas.

Após uns 10 minutos, que pareceram 2 horas, percebo um cheiro muito estranho. Pra quem conhece off flavours, era um isovalérico muito forte. Pra quem não sabe o que é isso, parecia o chulé de 100 atletas após 90 minutos de futebol. Era minha mala, obviamente.

Imaginem minha cara me dirigindo à alfândega e todos me olhando e fazendo cara de nojo!

Meu coração estava quase saltando pela boca quando cheguei na aduana. Fechei os olhos e acertei o botão. A campainha não tocou. Abri os olhos e a luz estava verde, ou seja, minha bagagem não seria inspecionada.

Enfim uma notícia boa.

Me dirigi “impávido e colosso” à fila dos táxis. Dei um abraço no Gustavo e falei para o taxista. Vamos para a Mooca.

O cheiro dos queijos nos acompanhou a viagem toda.

Chegando em casa, dei uma bela gorjeta ao taxista e disse: higieniza seu porta-malas.

Era um sábado e minha família estava toda em casa.

Quando minha filha abriu a porta, não conseguiu disfarçar. Fez uma careta antes de me abraçar e beijar.

Para não alongar mais, quero dizer que tudo estava em perfeitas condições de consumo.

Minha mala foi higienizada e ficou ao sol por uma semana.

Os queijos, frios e chocolates que eu trouxe foram consumidos em diferentes encontros com família e amigos, acompanhados de várias cervejas que comprei na Confraria Paulistânia.

Todas as cervejas que citei e mais um portfólio delicioso você encontra em bares e restaurantes no Brasil e na Loja Online da Confraria Paulistânia Store.

Até a próxima!

PARIS 1 – “JE VEUX T’ACHETER UNE BIÈRE”

PARIS 1 – “JE VEUX T’ACHETER UNE BIÈRE”

Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira. Olá meus amigos fãs das boas cervejas “bierundweinrianas”. Tenho aproveitado este espaço para compartilhar com vocês minhas aventuras “zitogastronômicas” (como já expliquei, o prefixo “zito” refere-se a 

NA TEMPERATURA CERTA

NA TEMPERATURA CERTA

Por Leonardo Millen, jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Também é um apaixonado por cervejas, tanto que escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o portal 

PÁSCOA ALÉM DO CHOCOLATE

PÁSCOA ALÉM DO CHOCOLATE

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, Técnica Cervejeira e apresentadora. Correspondente audiovisual do Guia da Cerveja. @candysommeliere

Hoje o assunto é cheio de amor e complexidade. Assim é a Semana Santa e a Páscoa, essa época onde homenageamos a existência de um ser sagrado que se tornou ícone do monoteísmo católico e cristão. 

Sempre que penso em Jesus de Nazaré e leio os textos que remontam a sua palavra, eu chego à interpretação fundamental do que ele tanto sofreu para que a humanidade entendesse: tudo na vida trata-se exclusivamente de amor!

Pode parecer um papo cabeça, mas a verdade é que podemos exemplificar de forma bastante pragmática essa ideia. Analise comigo essa frase: “- Essa comida está maravilhosa porque foi feita com muito amor!”
Pois é, quem nunca ouviu algo parecido? Esta premissa pode ser utilizada em qualquer outra referência além da gastronomia, como arquitetura, música, cinema e até mesmo cerveja!

Quem leu meu artigo sobre a Birra Baladin, certamente encontrou amor e um toque de loucura na forma de produção dessas cervejas incríveis, criadas pelo excêntrico Teo Musso, que a Bier&Wein traz aqui pra nós, brazucas. 

Quem ainda não leu pode conferir aqui: A ITÁLIA EM SÃO PAULO

Escrevo esta introdução, para que não nos esqueçamos que a Páscoa e a Semana Santa são dias que merecem reflexão acerca dos nossos comportamentos e lembrar também o quanto Jesus de Nazaré é magnífico, como o coração que pulsa no amor fraternal!

Resolvi iniciar com essa abordagem, pois às vezes acho que a gente simplesmente se esquece do real motivo, sobre a celebração da Páscoa e pensa apenas no feriado, na restrição sobre não comer carne vermelha e, claro, nos famosos ovos de páscoa. Então, vamos entender qual é o significado desses símbolos.

CARNEVALE E A PÁSCOA

Por que não comer carne vermelha?

Esta prática se consolidou na Idade Média. Na época, o povo vivia em terras alheias e a carne vermelha era consumida só em banquetes, nas cortes e nas residências dos nobres. Ela tornou-se, então, símbolo da gula, associada ao pecado. Dessa forma, a Igreja orientava os fiéis a comerem carne à vontade antes da quaresma – o que deu origem aos banquetes chamados “carnevale” – e depois se absterem de carne, durante os 40 dias que antecedem a Páscoa.

O peixe não chegou a entrar na lista da abstinência porque sua presença era irrelevante nos banquetes medievais.  Com o passar dos séculos, a carne deixou de estar presente somente nos banquetes e perdeu seu caráter simbólico de pecado. A orientação atual é que os católicos que desejarem se abstenham na Quarta-Feira de Cinzas, nas sextas-feiras da Quaresma e na Sexta-Feira Santa. 

TESTEMUNHO, VIDA E RENASCIMENTO

Qual a relação da Páscoa com os ovos de chocolate e o coelho?

Uma dessas versões, que tem sido disseminada ao longo dos séculos, é a de que Maria Madalena teria ido antes do amanhecer de domingo ao sepulcro de Jesus de Nazaré – crucificado, na sexta-feira – levando consigo material para ungir o corpo dele.

Ao chegar ao local, teria visto a sepultura entreaberta e um coelho, que teria ficado preso no túmulo aberto na rocha, seria o primeiro ser vivo a testemunhar a ressurreição de Jesus. Por essa razão, ganhou o privilégio de anunciar a boa nova às crianças do mundo inteiro na manhã da Páscoa. É ele, portanto, o suposto portador do ovo de chocolate.

Ovo pintado de vermelho e ornado com cruz, como é típico no Oriente.
Ícone ortodoxo de Santa Maria Madalena, com o ovo na mão. Fotos: Commons e HolyTrinityStore.com

O ovo, por sua vez, é um símbolo de vida e renascimento. Povos da Antiguidade, como os romanos, propagavam a ideia de que o Universo teria a sugestiva forma oval. Na Idade Média, houve quem acreditasse que o mundo teria surgido dentro da casca de um ovo. 

Logo, estabeleceu-se o hábito de presentear uns aos outros com ovos de galinha. Alguns historiadores especulam que essa tradição teria surgido entre os persas. Fato é que há muitos séculos antes do nascimento de Cristo, a troca de ovos no equinócio da primavera, comemorado no dia 21 de março no hemisfério Norte, era um costume que celebrava o fim do inverno e a chegada da primavera e seu majestoso florescer.

Quando a Páscoa cristã começou a ser celebrada, o rito pagão de festejar a primavera foi integrado à Semana Santa. Os cristãos, então, passaram a ver no ovo um símbolo da ressurreição de Jesus.

Por volta do século 18, os confeiteiros franceses resolveram experimentar uma nova técnica de preparo: que tal esvaziar os ovos e recheá-los de chocolate? Um século depois, os ovos passaram a ser feitos de chocolate e recheados por bombons. A invencionice gastronômica foi aprovada até por quem não vê qualquer significado religioso em ovos e coelhos.

Pronto, agora você já sabe de tudo, vamos falar de cerveja!

PÁSCOA E CERVEJA

Seguindo a tradição, vou preparar um prato maravilhoso para harmonizar com uma cerveja ainda mais incrível que veio me visitar nesta Semana Santa. Dessa vez, recebi com todas as honras a Corsendonk Agnus Tripel. 

Foto: site Corsendonk

A cerveja Corsendonk  se originou em um mosteiro fundado no ano de 1398. Apesar de atualmente não ter ligação com a ordem religiosa, a cervejaria remonta essa tradição não apenas nos estilos típicos de abadia, como também no nome de suas cervejas.

Essa é uma excelente tripel, exatamente dentro do que pede o estilo e representa muito bem as cervejas de abadia.

A história da Corsendonk é dividida em dois períodos: o período original e a refundação. O período original vem do século XIV, quando foi fundada na cidade de Oud-Turnhout por monges vindos da Suíça. Os monges produziram ininterruptamente por cerca de 400 anos até o final do século XVIII quando foi fechada por ordem do Imperador Joseph II do Sacro Império Romano Germânico. 

A refundação veio quase 200 anos depois quando em 1968 um complexo turístico foi implantado na área histórica da cidade que culminou com o relançamento da marca em 1982.

Falando da Agnus Tripel… no aroma, complexidade entre os ésteres frutados da levedura, com sentidas notas cítricas e um acabamento picante. No sabor uma entrada maltada, levemente adocicada. O aftertaste é persistente e profundo trazendo a levedura como destaque. O corpo é médio e excelente carbonatação. O teor alcoólico com 7,5% já nos dá um confortável aquecimento alcoólico.

Saiba mais em CORSENDONK, UM PRAZER ABENÇOADO!

PÁSCOA HARMONIOSA!

E vamos ao prato escolhido para a harmonização

Sabemos que há um costume em servir pratos com Bacalhau nesta data, porém sei que essa tripel encontra muito mais alegria com peixes mais intensos como o Salmão e crustáceos como o Camarão.

Partindo dessa ideia, resolvi pesquisar se haveria um e-commerce para pescados, que me entregasse esses itens frescos e de excelente qualidade. Foi assim que me surpreendi ao encontrar um site especializado com opções perfeitas e pasmei ao ver que, inclusive, tinha a opção de pescados frescos, que era exatamente o que eu precisava.

Sim minha gente essa maravilha existe, é a Casa Maré. Fiz a compra pelo site e recebi na comodidade do lar, foi uma experiência muito boa. O pescado chegou super bem embalado e higienizado e, tive um excelente atendimento por telefone quando quis consultar sobre a melhor opção. O proprietário, Edson, foi muito atencioso e prestativo. Sério, virei fã.🍤🦪🍥

Fiquei matutando sobre o preparo e resolvi fazer algo simples e delicioso: Salmão grelhado com manteiga de ervas provençais, acompanhado de cenourinhas baby e camarões flambados na cachaça. Um prato potente para uma cerveja igualmente potente.

SALMÃO GRELHADO COM MANTEIGA DE ERVAS, BABY CARROTS E CAMARÕES FLAMBADOS

Foto: Candy Nunes

Ingredientes:

Modo de fazer:

Com o pescado descongelado e limpo, coloque numa travessa e regue com limão siciliano. Depois tempere os camarões e o salmão com sal e pimenta do reino a gosto, reserve.

Separe dos raminhos de ervas, as folhas dos talos, pois precisamos usar apenas as folhinhas. Junte todas as folhinhas e pique com uma faca ou processador de forma que fique bem uniforme e pequeno.

Junte aproximadamente três colheres de sopa de ervas a 100 g de manteiga, à temperatura ambiente, criando uma massa uniforme. Numa superfície lisa e limpa, abra um corte de plástico filme coloque a manteiga de maneira a criar um rolinho. Enrole e leve ao freezer por 15 minutos.

Numa frigideira antiaderente coloque aproximadamente duas colheres de sopa de azeite de oliva e traga os cortes de salmão. Importante que você comece a grelhar pela parte da pele e depois vire cada uma das superfícies. O tempo pode variar mas o ideal é que esteja em fogo médio, assim que o salmão começar a ganhar o caramelado do tostado, você alterna a superfície a ser grelhada. Pra mim foram aproximadamente cinco minutos de cada lado. Depois que o salmão estiver grelhado retire da frigideira e reserve.

Utilizando a mesma frigideira coloque as baby carrots e deixe grelhar também até que caramelize. Quando as cenourinhas já estiverem bem grelhadas coloque o camarão virando em dois minutos cada um dos lados. Adicione 70 ml de uma boa cachaça e risque um fósforo para flambar, sempre lembrando que é importante ter cuidado nesse momento.

Muito simples né? Depois que os camarões e as cenourinhas estiverem flambados, arrume o prato da forma como você preferir. É importante servir o salmão, as cenouras e o camarão ainda quentinhos. Retire a sua manteiga de ervas da geladeira, que vai estar bem consistente e corte em rodelas para servir ao lado.

Na montagem do prato, acrescentei fios de mel na base, salsinha crespa para acomodar as cenourinhas e Alcaparrones para finalizar os camarões. 
Se você quiser pode acrescentar também o arroz para acompanhar esse prato. Neste caso, aconselho a realizar o cozimento desse arroz com alho-poró, vai ficar uma delícia!

Para sobremesa:

BISCOITOS FINOS AMANTEIGADOS

Foto: Candy Nunes

Ainda seguindo o princípio do distanciamento social, continuei a pesquisar coisas bem diferentes na internet e achei essa delicadeza, a Bauer Confeitaria em Campos do Jordão.

A talentosa confeiteira Bianca Leite faz verdadeiras obras de arte com os doces que prepara. Ela me disse que sua inspiração vem das camponesas alemãs que pintam sua mobília com flores, arte difundida até hoje, chamada Bauernmalerei.

Além de pintar, elas fazem biscoitos decorados. 

Bauer significa agricultor/ camponesa em alemão e, as flores do fouet no logo são um esboço da pintura Bauer.

São muitas opções de bolos, chocolate e ovos de páscoa, mas eu escolhi os inspiradores biscoitos amanteigados, perfeitamente decorados com a temática dos símbolos pascais.

Eles chegaram intactos e pasmei ao prová-los, são muito finos, macios e saborosos. Ficaram perfeitos com nossa maravilhosa Corsendonk Agnus Tripel!

NÃO PASSE VONTADE!

Não preciso nem dizer que você pode e deve, entrar agora no site da Confraria Paulistânia Store para garantir sua  Corsendonk Agnus Tripel, além de outras maravilhas que você encontrará no site.

Ah, se reproduzir a harmonização, depois me conte o que achou.

Um grande abraço cheio de amor e fraternidade. FELIZ PÁSCOA!

TEMPELIER E OS CAVALEIROS DE DEUS

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Por Anderson R. Lobato, dentre vários defeitos: Santista sofredor, Homebrewer, Sommelier de Cervejas, pai do Dudu e amante de um @Pao_Liquido.  Fala cambada de cervejeiros, como estão? Mal começamos o ano e já estamos em Mar/21. Com a pandemia ainda por aí, nada melhor do que 

RODENBACH – A CERVEJA FORA DA “CASINHA”

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Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira.

Olá meus amigos, amantes de cervejas complexas, chocolates e batatas fritas. Evidentemente a gastronomia belga vai muito além disso, mas se você gosta desses três itens, pode ter certeza que não vai se decepcionar na Bélgica.

A primeira vez que estive por lá foi em 2004. Eu trabalhava como gerente de marketing de uma Associação da Indústria Gráfica, estava participando de uma feira da área em Dusseldorf na Alemanha e fui convidado para conhecer a fábrica de um fornecedor de filmes em Mertsel, no norte da Bélgica.

Nessa época, minha maior ousadia no segmento cervejeiro era tomar um copo enorme de Weissbier, mais pelo ritual e volume do que pelo prazer.

CERVEJA, BATATA FRITA E CHOCOLATE

Me lembro bem que no final da visita fomos para a cidade de Antuérpia. Descemos numa praça maravilhosa em frente à catedral,  cercada de lojas com produtos regionais e bares. A guia de nosso passeio alertou antes de sairmos do ônibus: “não deixem de provar os chocolates e nossas cervejas”.

Praça central Antuérpia, Bélgica
Antuérpia

Eu que na minha ignorância (no bom sentido) realmente não conhecia quase nenhuma cerveja Belga, nem mesmo as famosas cervejas dos 6 mosteiros trapistas daquele país, me dirigi a um bar com uma amiga, pedi o cardápio, que pra minha sorte estava em inglês e solicitei uma porção de fritas e duas cervejas, uma belga muito popular, que aqui no Brasil é conhecida por um diminutivo carinhoso.

Batata frita tradicional da Bélgica

O garçom esboçou um sorriso de soslaio, mas percebendo que éramos estrangeiros, gentilmente sugeriu que pedíssemos alguma cerveja mais “especial”. Nós concordamos e escolhemos outra pela foto do menu.

CERVEJA É COISA SÉRIA!

Novamente, com extrema gentileza, nosso atendente disse que não poderia nos servir aquela e, quando indaguei se ele não tinha, me respondeu que tinha a cerveja mas estavam sem a taça dela. A partir desse momento percebi que cerveja na Bélgica é coisa muito séria!

Por fim pedi que ele nos sugerisse uma cerveja que acompanhasse bem as batatas fritas e nos trouxe uma Corsendonk Dubbel.

Museu da batata frita na Bélgica
Frietmuseum – Bruges / Bélgica.
“O primeiro e único museu dedicado à batata frita”.
Acesse aqui

Eu vou tentar descrever pra vocês esse momento: as batatas fritas eram bem mais grossas do que as que estamos acostumados a encontrar por aqui, mas muito douradas e sequinhas.

Parecia terem sido esculpidas à mão, uma a uma. Ao morder, apresentavam uma deliciosa casquinha crocante e o miolo era tão macio e saboroso como nunca havia experimentado. Que sabor maravilhoso!

O serviço da cerveja foi impecável. Tanto a taça de cristal quanto seu apoio de papelão ostentavam a marca Corsendonk. Já ao verter o líquido, um inebriante aroma de caramelo, maltes e até chocolate perfumou o ambiente.

Aquela combinação do salgadinho das batatas com o adocicado da Dubbel ficou presente em minha memória, a ponto de, após 4 anos, eu decidir retornar para a Bélgica em busca de novos prazeres.

Saiba mais: CORSENDONK, UM PRAZER ABENÇOADO!

BÉLGICA, QUEM CONHECE SEMPRE RETORNA

Em 2008 fui mais preparado. Fiz algumas pesquisas e tracei um roteiro zitogastronômico. Além disso, combinei com 3 amigos que moravam em Bruxelas para fazermos um passeio juntos.

Bruxelas, capital da Bélgica
Bruxelas

Cheguei durante a tarde e, após me hospedar, corri pra rua atrás de outra tradição belga, os waffles (que eles pronunciam uófels). São vendidos em trailers e carrinhos na rua, como nossos hot dogs. Você pode escolher com alguma cobertura ou simplesmente puro.

Waffle tradicional da Bélgica

A massa do waffle é levíssima, feita com farinha, leite, ovo, açúcar e levedura. É assada num tipo de grill bem quente, que lhe confere o formato característico. Parece um “biscoitão”. Uma colmeia onde os alvéolos são quadrados.

Eu decidi comer um puro, que acompanhei com uma Tempelier Belgian Pale Ale e um de frutas vermelhas, divinamente escoltado por uma Kriek Boon.

Mas esse foi apenas o “aquecimento”.

Fiz algumas compras, inclusive dos maravilhosos chocolates belga que vale um texto só para eles e decidi jantar no hotel pois no dia seguinte eu seguiria para novas descobertas.

Após um rápido café da manhã com queijos locais e mais um waffle, fui me encontrar com os três amigos brasileiros que moravam por lá e nos dirigimos para Lembeek, no Vale do Zenne, onde a microflora é riquíssima das famosas leveduras selvagens do tipo Brettanomyces.

Leia também: LAMBIC, AME-A OU DEIXE-A!

PARTIU BOON…

Não por acaso, ali está instalada a Cervejaria Boon, fabricante de várias cervejas no estilo Lambic. Após visitar a Boon, fomos almoçar num bistrozinho muito simpático bem próximo. Foi um banquete de rei.

Começamos com os famosos moules frites – deliciosos mariscos cozidos, servidos num baldinho, acompanhados de batatas fritas. Para harmonizar, uma cerveja “local” – simplesmente uma Geuze Boon Mariage Parfait, de rótulo preto. As sensações de gosto, sabor e texturas são impossíveis de se descrever em palavras.

Em seguida pedimos a Carbonade Flamande, feita de carne bovina cozida lentamente na cerveja, junto com cebolas, pão, tomilho e mostarda (as receitas variam um pouco), guarnecida das adoráveis batatas fritas belgas. Acompanhamos com duas cervejas: uma Faro e uma Oude Geuze Boon. Novamente uma explosão de sabores indescritível.

E para fechar com chave de ouro pedimos algumas fatias de uma torta caseira de cerejas (receita secreta da dona) que devoramos com goles fartos de Kriek Geuze.

Saímos dali com um sorriso largo e voltamos para estrada. Cabe dizer que um de meus amigos não bebia e obviamente foi nosso condutor.

A BÉLGICA DAS CERVEJAS SELVAGENS

Dessa vez nosso destino era a cidade de Roeselare, na região ocidental de Flanders, muito próxima da Holanda onde iríamos conhecer a fábrica das icônicas Rodenbach. Essas cervejas estão no meu top 5 das melhores que já provei.

Fiquei fascinado em conhecer a cervejaria e o processo produtivo. Cervejas híbridas brassadas com muito cuidado e carinho, que passam por 2 fermentações, alta e espontânea (selvagem). Havia quase trezentos tonéis de carvalho onde repousava e maturava o precioso fermentado marrom avermelhado, de varias safras distintas.

The Brewing Process of Rodenbach – Assista aqui
Eel in the green

No final da visita decidimos “fazer uma boquinha”. Nos indicaram um tipo de pub em que serviam pratos rápidos e cerveja Rodenbach obviamente.

Pedimos alguns petiscos: croquetes e tomates recheados de camarão (tomate crevette) que são feitos com camarões cinza, não muito grandes mas saborosíssimos, um tipo de morcilla que leva pão na mistura e finalizamos com Eel in the green, enguias guarnecidas por um espesso molho verde, feito de vegetais e ervas.

Pode parecer estranho mas é muito gostoso, principalmente acompanhados da Rodenbach Grand Cru.

Após essa verdadeira maratona gastronômica, retornamos para Bruxelas com o espírito renovado.

DICAS:

  • A partir de Bruxelas é possível participar de tours a cervejarias, chocolaterias e restaurantes. Geralmente encontram-se informações nas recepções dos hotéis.
  • No Brasil, as cervejas que citei podem ser encontradas em vários bares e restaurantes ou na loja online da CONFRARIA PAULISTÂNIA STORE, da Bier & Wein, responsável pela importação exclusiva de todos estes rótulos.

Um grande abraço a todos e até a próxima jornada cervejeira.

KÖNIG LUDWIG – UM CONTO DE FADAS CERVEJEIRO

KÖNIG LUDWIG – UM CONTO DE FADAS CERVEJEIRO

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, técnica Cervejeira e apresentadora. Correspondente audiovisual do Guia da Cerveja. @candysommeliere Nada pode ser mais prazeroso do que trabalhar com amor e colocar o coração naquilo que se faz. Para mim, escrever sobre cervejas e conhecer novos 

CORSENDONK, UM PRAZER ABENÇOADO!

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UM PRIORADO, UMA ABADIA, UMA CERVEJA … Por Anderson R. Lobato, dentre vários defeitos: Santista sofredor, Homebrewer, Sommelier de Cervejas, pai do Dudu e amante de um @Pao_Liquido.  Hey folks! Todos cuidando da sanidade mental e física em momento de pandemia? Por aqui, entre uma mamadeira