Posts Recentes

BOON: PASSADO, LEGADO E FUTURO.

BOON: PASSADO, LEGADO E FUTURO.

Por Aline Araujo, Sommelière de Cervejas, professora e empresária com formação em administração de empresas e especialização em marketing. Mais de 10 anos de experiência no mercado de bebidas. A história da premiada cervejaria belga que é sinônimo de cerveja Lambic na Bélgica e no mundo. 

AMSTERDAM REGADA A LA TRAPPE

AMSTERDAM REGADA A LA TRAPPE

Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira. Olá meus amigos apreciadores da gastronomia com boas cervejas. Desta vez vamos dar um “pulinho” na Holanda e desvendar um pouco de sua gastronomia típica. Em 2018, 

PURO MALTE, SER OU NÃO SER…

PURO MALTE, SER OU NÃO SER…

Por Rodrigo Sena, jornalista, sommelier de cervejas especializado em harmonizações, técnico cervejeiro, criador de conteúdo para o youtube e o instagram @beersenses

Recebo sempre muitas dúvidas sobre cervejas de pessoas que querem conhecer mais sobre o assunto. E um dos temas recorrentes nessas perguntas é a questão do puro malte. Vejo sempre uma grande confusão com esse tema, pois, a maioria das pessoas acredita que somente cervejas puro malte são boas. Isso porque há todo um marketing voltado para isso, destacando o fato de uma cerveja ser boa por ser puro malte.

Eu sempre digo que cerveja boa e cerveja ruim é diferente da cerveja que você gosta e da cerveja que você não gosta. Não é porque sensorialmente determinada cerveja não lhe agrada que ela é uma cerveja ruim. Pra mim, cerveja ruim é cerveja mal feita, com defeitos técnicos e off-flavors. Sendo assim, não dá para julgar uma cerveja apenas pelo fato dela ser puro malte ou não.

Antes de mais nada, para que cada um possa tirar suas conclusões, é preciso entender o que é malte e qual a sua função na cerveja.

O QUE É MALTE?

malte

Malte não brota da terra, não nasce em árvore, não é colhido. Malte é o resultado de um processo bioquímico que acontece dentro de um grão quando ele é umedecido.

Lembra aquela experiência da escola quando a gente colocava um grão de feijão no algodão com água? O que acontecia com ele? Ele começava a germinar, pois é isso o que ocorre quando um grão atinge, em média, 40% de umidade. Isso porque, antes de mais nada, os grãos são sementes e sua função natural é formar uma nova planta. O grão possui um embrião dentro dele, que é ativado com água.

A umidade faz rolar uma atividade enzimática, em busca de energia para formar uma nova vida. Essas enzimas, principalmente, a alfa-amilase e a beta-amilase, serão ativadas no processo de mostura da cerveja, convertendo o amido em cadeias mais simples de açúcares, que depois serão metabolizados pelas leveduras no processo de fermentação, tornando-se álcool, CO2 e outros sub-produtos. Por isso, transformar o grão em malte é muito importante para a produção de cervejas.

Etapas de Malteação do Malte

O processo de malteação é formado por 3 etapas:

1. Maceração: os grãos são umedecidos;

2. Germinação: começa a brotar uma radícula;

3. Secagem: germinação é interrompida secando o grão.

Praticamente todo cereal pode virar malte. Mas a cevada se mostrou o cereal mais eficaz por ser de simples cultivo, por ter elevada formação de enzimas e por ter uma casca mais dura, que protege a sêmola durante todo o processo. O trigo também é bem parecido. Outros cereais, como milho ou arroz, são mais difíceis, mas também é possível fazer malte deles.

QUAL A FUNÇÃO DO MALTE NA CERVEJA?

O malte é o ingrediente responsável pela base da cerveja. É dele que vem a cor da cerveja, o corpo, o teor alcoólico, e sabores muito característicos. Durante o processo de mostura, é feita uma infusão do malte em água quente, com a temperatura controlada.

Cada faixa de temperatura da água vai ativar uma enzima diferente que irá promover a quebra das cadeias de amido em açúcares mais simples. Portanto, o mosto cervejeiro, é o resultado da conversão do amido em açúcar solubilizado na água.

Sendo assim, uma cerveja puro malte significa que a única fonte de açúcar usada foi o malte. Sim, como eu disse, isso é bom e tem suas vantagens, afinal de contas, é assim que a cerveja se formou há 9 mil anos na Mesopotâmia com os sumérios.

Processo de malteação do malte

Alguns distraídos da época esqueceram estoques de grãos ao relento. Veio uma chuva e umedeceu os grãos, que depois foram secos pelo Sol, ou seja, viraram malte sem querer. Os desavisados não se lembraram desses grãos, e eles mais uma vez tomaram chuva. Só que dessa vez, já como malte, os grãos entregaram açúcar para aquela água. Então as leveduras que estavam por ali no ar se deliciaram com um mosto docinho, fermentando a mistura. E pronto, estava feita a primeira cerveja da humanidade.

Portanto, sim, fazer uma cerveja puro malte é a forma mais tradicional que existe. Mas ao longo do tempo, com o avanço tecnológico e a descoberta da fermentação, os cervejeiros começaram a testar novas receitas, com outras fontes de açúcar, além do malte. Essas outras fontes de açúcar são chamadas de adjuntos cervejeiros.

ADJUNTOS PELO MUNDO

Monastério Corsendonk – Bélgica

Na Bélgica, dentro dos mosteiros, os monges começaram a utilizar adjuntos, como açúcar de beterraba. Fizeram até uma espécie de caramelo chamado Candy Sugar. Esses açúcares deixaram a cerveja sensorialmente diferente, com mais potência alcoólica, mas sem elevar corpo e dulçor residual.

Os estilos Dubbel, Tripel e Quadrupel, por exemplo, utilizam essas outras fontes de açúcar, ou seja, não são puro malte. A Witbier também não é puro malte, sendo feita com uma parte de trigo cru, não malteado. Mas nem por isso são cervejas ruins, muito pelo contrário.

Saiba mais sobre a CORSENDONK, UM PRAZER ABENÇOADO! e a La Trappe A CERVEJA DOS MONGES

Na França e na Espanha alguns cervejeiros começaram a testar cereais não malteados nas receitas. Até hoje existem Lagers claras muito boas, feitas nessas regiões, com arroz ou milho, o que deixa a cerveja mais leve.

Mais tarde, os americanos acabaram utilizando uma porcentagem maior de milho e arroz não malteados em suas cervejas Lagers, criando o estilo American Lager.

Cerveja Erdinger Puro Malte

Já na escola alemã, a tradicional Lei de Pureza não permite o uso de adjuntos, somente de cereais malteados.

Leia mais sobre a Erdinger em a MATURAÇÃO NOBRE BÁVARA – O SELO DA DIFERENCIAÇÃO

Portanto, só o fato de ser ou não puro malte, não significa que a cerveja é boa ou ruim, mas sim, que é uma característica do estilo a que aquela cerveja pertence.

É, como eu sempre digo, o gosto pessoal deve sempre ser respeitado. Há pessoas que gostam de American Light Lagers com bastante adjunto, mais neutras, e há pessoas que não gostam.

EXPERIMENTE E TIRE SUAS CONCLUSÕES

Quer tirar suas dúvidas e formar sua opinião na prática? Aqui no e-commerce Confraria Paulistânia Store há muitas cervejas que não são puro malte e são excelentes, como as cervejas belgas da Corsendonk ou as holandesas trapistas da La Trappe. Mas também existem ótimas cervejas alemãs puro malte, como as da Erdinger, Warsteiner e Höfbrau.

O importante é você conhecer, provar, e tirar suas próprias conclusões. Aproveite as promoções que sempre rolam aqui e tenho certeza que será uma viagem sensorial incrível! Saúde!

PÁSCOA ALÉM DO CHOCOLATE

PÁSCOA ALÉM DO CHOCOLATE

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, Técnica Cervejeira e apresentadora. Correspondente audiovisual do Guia da Cerveja. @candysommeliere Hoje o assunto é cheio de amor e complexidade. Assim é a Semana Santa e a Páscoa, essa época onde homenageamos a existência de um ser sagrado 

MISTA, JÁ OUVIU FALAR DESTAS CERVEJAS?

MISTA, JÁ OUVIU FALAR DESTAS CERVEJAS?

Por Aline Araujo, Sommelière de Cervejas, professora e empresária com formação em administração de empresas e especialização em marketing. Mais de 10 anos de experiência no mercado de bebidas. Vocês já leram, aqui mesmo nesse blog, sobre os três tipos principais de fermentação, certo? Estamos falando 

LEVEDURA, A CERVEJA VIVA!

LEVEDURA, A CERVEJA VIVA!

Por André “Carioca” Souza, beersommelier, mestre em estilos e técnico cervejeiro, estatístico de profissão, atua no mercado cervejeiro desde 2008 tendo feito seu primeiro curso com Leonardo Botto. Especialista em harmonização de cervejas e responsável pela divulgação de conteúdo do @embxdrs.da.cerva.

Olá pessoal, tudo bem? Bora tomar uma cerveja hoje? Quando um amigo ou amiga lhe convidava para ir ao bar, muito antes da pandemia atual, para tomar uma cerveja num happy hour ou apenas para descontrair, com certeza, nunca passava pela sua cabeça que esse ato de companheirismo já foi realizado por milhões de pessoas há muitos anos atrás, e todos com o mesmo objetivo: celebrar alguma coisa ou a alguém.

Porém, o que quase ninguém sabe, é que a cerveja sem o seu “alquimista”, no caso a levedura, não poderia ser considerada cerveja e, por conta disso, as pessoas não teriam com o que celebrar, pois, possivelmente, ela não existiria!

Desta forma, se você parar para pensar que, um microorganismo unicelular, que é invisível a olho nu, e se alimenta praticamente da metabolização de açúcares, é o principal responsável por grande parte do processo de fabricação de todas as cervejas no mundo e, por que não, de todas as celebrações atuais, você certamente iria pensar duas vezes antes de recusar um convite para um happy hour.

A DESCOBERTA DAS LEVEDURAS

Anton van Leeuwenhoek e seu microscópio

Até hoje muitos cientistas questionam quem foi o responsável pela descoberta das leveduras. Para os antepassados egípcios, por exemplo, o pão e a cerveja eram feitos por uma divindade mágica que realizava o processo de fermentação, quando se misturavam cereais com água, numa espécie de mingau, e as deixavam ao relento para o milagre acontecer.

Desenho de van Leeuwenhoek de seu modelo de cera, retirado de sua carta de 14 de junho de 1680 a Thomas Gale. Esta pode ser a primeira vez na história da biologia que um experimentalista usa um modelo para explicar suas observações ao leitor!
Fonte: https://schaechter.asmblog.org/schaechter/2010/04/did-van-leeuwenhoek-observe-yeast-cells-in-1680.html

O que se sabe atualmente é que, com o advento e melhoria dos microscópios, um novo mundo surgiu e, com essas descobertas, percebeu-se que dentro do líquido sagrado existiam estes seres unicelulares, porém nada se sabia sobre sua função na cerveja.

O PAI

A descoberta da levedura é atribuída ao holandês Anton van Leeuwenhoek em 1680, mas, somente em 1789, Antoine Lavoisier descreveu a natureza química da fermentação e do processo de transformar açúcar em dióxido de carbono e álcool. E em 1837, as leveduras foram classificadas como pertencentes ao reino fungi.

O PADRINHO

Louis Pasteur

Foi aí que Louis Pasteur, cientista francês reconhecido pelas suas notáveis descobertas no ramo da medicina e microbiologia, por volta de 1857, observou e provou que o processo de fermentação é o resultado da metabolização ocorrida dentro da levedura, um ser vivo.

Ele mostrou também que a multiplicação das leveduras ocorria em um ambiente com oxigênio e que a fermentação alcoólica ocorria apenas na ausência deste elemento no meio onde a levedura se encontrava.

Após essa maravilhosa descoberta, os cientistas observaram que diferentes cepas se comportavam de forma igualmente diferentes na fabricação da cerveja. Alguns deles conseguiram separar cepas de diferentes gêneros para diferentes propósitos.

QUAIS GÊNEROS EXISTEM HOJE

Existem mais de 500 espécies de leveduras catalogadas atualmente, porém vamos nos ater a três em especial para a fabricação de cervejas:  Lager, Ale e as selvagens Brettas.

LAGER

Em uma breve descrição, as leveduras Lager são apropriadas para a produção de cervejas da família de estilos Lager e são conhecidas pelo nome de Saccharomyces uvarum e Saccharomyces pastorianus.

São de baixa fermentação, ou seja, as leveduras realizam o processo de metabolização dos açucares na parte mais baixa do tanque, sobrevivem melhor em temperaturas mais baixas que podem variar de 6°C a 12°C e, em alguns casos, chegando a sobreviver a até 15°C, porém, com baixa performance.

São leveduras com características mais neutras que deixam poucos aromas marcantes, mas, produzem cervejas com boa formação de espuma. São muito utilizadas nos estilos Pilsner (Paulistânia Pilsen, a Tcheca 1795, entre outras), nos estilos Bock (Paulistânia Capricórnio) e outras variedades Lager especiais (Paulistânia Ipiranga, uma Strong Red Wood Lager).

Leia mais sobre LAGER: CONHECENDO ESTA FRIORENTA LEVEDURA e o O FABULOSO MUNDO DAS LAGERS

ALE

Já as leveduras Saccharomyces cerevisiae, conhecidas como Ale, sobrevivem melhor em temperaturas mais altas, entre 15°C e 25°C, e dão preferência à parte superior dos tanques de fermentação.

São responsáveis pela maior variedade de estilos conhecidos e, por produzir uma grande variedade de ésteres e fenóis, subprodutos da fermentação que vamos falar mais adiante. Possui uma maior diversidade de aromas também.

Os estilos mais conhecidos são as Weissbier (Erdinger Urweisse), IPA (Trooper IPA) e Session IPA (Paulistânia Caminho das índias), as Trapistas (La Trappe Quadrupel por exemplo) e as Inglesas (Trooper tradicional).

Conheça mais em A COMPLEXA E INEBRIANTE CERVEJA ALE

POR QUE ELAS SÃO IMPORTANTES PARA A CERVEJA?

O papel fundamental de todo ser vivo é sobreviver para se multiplicar, seja em ambiente inóspito ou não. A levedura no início da fermentação possui um excelente ambiente para sua sobrevivência: alimento em forma de açúcar, oxigênio em abundância, pH e temperatura ideal.

Com isso, a primeira função da levedura é se alimentar e se multiplicar. Esse processo chamamos de mitose e cada indivíduo pode gerar, de forma assexuada, até aproximadamente 5 gerações de filhos.

Tanques cônicos Baladin

Após este processo, e com mais seres concorrendo no mesmo meio pelo mesmo alimento, a tendência é de que as mais fracas e as mais antigas morram e decantem para o fundo do tanque (por isso dos tanques serem cônicos, para facilitar a retirada das leveduras mortas e, com isso, não trazer aromas indesejáveis).

Quando o oxigênio se extingue, a levedura começa a se estressar e passa a procurar outros meios para poder se multiplicar. É aí que começa o processo de fermentação anaeróbica, gerando outros tipos de subprodutos da fermentação e, dentre eles, a transformação de açúcar em dióxido de carbono e álcool (etanol).

Repare que, quanto mais álcool existir no meio, menor a chance da levedura sobreviver e, por causa disto, as cervejas possuem um limite máximo de teor alcoólico que é produzido pelas leveduras.

Além disso, elas possuem uma enzima denominada Acetato transferase (AAT) cuja função é catalisar a produção de ésteres. Quanto maior for a quantidade destas enzimas, mais esterificada será a cerveja e, consequentemente, mais aromática ela será.

Dos principais subprodutos da fermentação, os mais conhecidos que geram os aromas encontrados nas mais variadas cervejas são: o Diacetil (2,3 butanodiona) que produz na cerveja um off-flavor parecido com o de manteiga, muito comum em cervejas Lager; O Acetato de etila, que confere o aroma de pêra na cerveja; e o Acetato de isoamila, que confere o aroma de banana, característico do estilo Weissbier.

Além desses, existem vários outros subprodutos que, em grande quantidade, podem deixar aromas desagradáveis na cerveja final, como por exemplo o Acetaldeído, que confere um aroma de maçã verde e indica que a cerveja é jovem e precisa de mais tempo de maturação, e os Clorofenóis que dão um aroma de esparadrapo na cerveja e também podem indicar contaminação na fermentação.

CERVEJAS SELVAGENS

Por fim, quando falamos de cervejas selvagens, o que vêm em sua mente? Aromas e sabores do suor das celas de um cavaleiro ou amazona?  Aromas de terra molhada ou capim cortado recentemente? Ou o cheiro de mofo do seu armário? Basicamente a reunião desses termos é a principal característica dos aromas deixados pelas leveduras selvagens, também conhecidas como Brettanomyces.

As Brettanomyces são leveduras selvagens encontradas em cervejas com fermentação espontânea como as Lambic (as Gueuze, Lambic e VAT Boon são um bom exemplo disso) e em algumas cervejas armazenadas em barril (cuja flora dentro do barril é excepcional).

Entenda melhor as LAMBIC, AME-A OU DEIXE-A!

Vale ressaltar que as Brettas concorrem diretamente com as leveduras Lager, Ale e as bactérias, por questão de sobrevivência, porém, as cervejarias modernas atuais evitam este tipo de levedura pois elas podem contaminar outras cervejas (e até os fermentadores) pois são leveduras que ficam a maior parte do tempo na forma de esporos e começam a se proliferar quando não há ameaças de outros seres vivos no meio.

Por este motivo, as autênticas Geuze e Lambic são produzidas apenas no vale do Rio Sena ou em Bruxelas, na Bélgica. Mas isto é assunto pra um próximo post! 😉

Barris Cervejaria Boon

Ficamos por aqui pessoal, espero que vocês tenham curtido o texto. Ficou com dúvida? Mande pra gente aqui embaixo a sua pergunta que pode virar um tema! E se você quiser comprar estas e muitas outras cervejas, copos e kits sem sair de casa, aproveite as promoções do site www.confrariapaulistaniastore.com.br e peça a sua cerveja Paulistânia em casa!

TEMPELIER E OS CAVALEIROS DE DEUS

TEMPELIER E OS CAVALEIROS DE DEUS

Por Anderson R. Lobato, dentre vários defeitos: Santista sofredor, Homebrewer, Sommelier de Cervejas, pai do Dudu e amante de um @Pao_Liquido.  Fala cambada de cervejeiros, como estão? Mal começamos o ano e já estamos em Mar/21. Com a pandemia ainda por aí, nada melhor do que 

RODENBACH – A CERVEJA FORA DA “CASINHA”

RODENBACH – A CERVEJA FORA DA “CASINHA”

Por André “Carioca” Souza, beersommelier, mestre em estilos e técnico cervejeiro, estatístico de profissão. Especialista em harmonização de cervejas e responsável pela divulgação de conteúdo do @embxdrs.da.cerva. Olá nobres cervejeiros e cervejeiras, tudo bem com vocês? Vocês já perceberam que, após os 18 anos, passamos 

BÉLGICA, ALÉM DAS CERVEJAS TRAPISTAS

BÉLGICA, ALÉM DAS CERVEJAS TRAPISTAS

Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira.

Olá meus amigos, amantes de cervejas complexas, chocolates e batatas fritas. Evidentemente a gastronomia belga vai muito além disso, mas se você gosta desses três itens, pode ter certeza que não vai se decepcionar na Bélgica.

A primeira vez que estive por lá foi em 2004. Eu trabalhava como gerente de marketing de uma Associação da Indústria Gráfica, estava participando de uma feira da área em Dusseldorf na Alemanha e fui convidado para conhecer a fábrica de um fornecedor de filmes em Mertsel, no norte da Bélgica.

Nessa época, minha maior ousadia no segmento cervejeiro era tomar um copo enorme de Weissbier, mais pelo ritual e volume do que pelo prazer.

CERVEJA, BATATA FRITA E CHOCOLATE

Me lembro bem que no final da visita fomos para a cidade de Antuérpia. Descemos numa praça maravilhosa em frente à catedral,  cercada de lojas com produtos regionais e bares. A guia de nosso passeio alertou antes de sairmos do ônibus: “não deixem de provar os chocolates e nossas cervejas”.

Praça central Antuérpia, Bélgica
Antuérpia

Eu que na minha ignorância (no bom sentido) realmente não conhecia quase nenhuma cerveja Belga, nem mesmo as famosas cervejas dos 6 mosteiros trapistas daquele país, me dirigi a um bar com uma amiga, pedi o cardápio, que pra minha sorte estava em inglês e solicitei uma porção de fritas e duas cervejas, uma belga muito popular, que aqui no Brasil é conhecida por um diminutivo carinhoso.

Batata frita tradicional da Bélgica

O garçom esboçou um sorriso de soslaio, mas percebendo que éramos estrangeiros, gentilmente sugeriu que pedíssemos alguma cerveja mais “especial”. Nós concordamos e escolhemos outra pela foto do menu.

CERVEJA É COISA SÉRIA!

Novamente, com extrema gentileza, nosso atendente disse que não poderia nos servir aquela e, quando indaguei se ele não tinha, me respondeu que tinha a cerveja mas estavam sem a taça dela. A partir desse momento percebi que cerveja na Bélgica é coisa muito séria!

Por fim pedi que ele nos sugerisse uma cerveja que acompanhasse bem as batatas fritas e nos trouxe uma Corsendonk Dubbel.

Museu da batata frita na Bélgica
Frietmuseum – Bruges / Bélgica.
“O primeiro e único museu dedicado à batata frita”.
Acesse aqui

Eu vou tentar descrever pra vocês esse momento: as batatas fritas eram bem mais grossas do que as que estamos acostumados a encontrar por aqui, mas muito douradas e sequinhas.

Parecia terem sido esculpidas à mão, uma a uma. Ao morder, apresentavam uma deliciosa casquinha crocante e o miolo era tão macio e saboroso como nunca havia experimentado. Que sabor maravilhoso!

O serviço da cerveja foi impecável. Tanto a taça de cristal quanto seu apoio de papelão ostentavam a marca Corsendonk. Já ao verter o líquido, um inebriante aroma de caramelo, maltes e até chocolate perfumou o ambiente.

Aquela combinação do salgadinho das batatas com o adocicado da Dubbel ficou presente em minha memória, a ponto de, após 4 anos, eu decidir retornar para a Bélgica em busca de novos prazeres.

Saiba mais: CORSENDONK, UM PRAZER ABENÇOADO!

BÉLGICA, QUEM CONHECE SEMPRE RETORNA

Em 2008 fui mais preparado. Fiz algumas pesquisas e tracei um roteiro zitogastronômico. Além disso, combinei com 3 amigos que moravam em Bruxelas para fazermos um passeio juntos.

Bruxelas, capital da Bélgica
Bruxelas

Cheguei durante a tarde e, após me hospedar, corri pra rua atrás de outra tradição belga, os waffles (que eles pronunciam uófels). São vendidos em trailers e carrinhos na rua, como nossos hot dogs. Você pode escolher com alguma cobertura ou simplesmente puro.

Waffle tradicional da Bélgica

A massa do waffle é levíssima, feita com farinha, leite, ovo, açúcar e levedura. É assada num tipo de grill bem quente, que lhe confere o formato característico. Parece um “biscoitão”. Uma colmeia onde os alvéolos são quadrados.

Eu decidi comer um puro, que acompanhei com uma Tempelier Belgian Pale Ale e um de frutas vermelhas, divinamente escoltado por uma Kriek Boon.

Mas esse foi apenas o “aquecimento”.

Fiz algumas compras, inclusive dos maravilhosos chocolates belga que vale um texto só para eles e decidi jantar no hotel pois no dia seguinte eu seguiria para novas descobertas.

Após um rápido café da manhã com queijos locais e mais um waffle, fui me encontrar com os três amigos brasileiros que moravam por lá e nos dirigimos para Lembeek, no Vale do Zenne, onde a microflora é riquíssima das famosas leveduras selvagens do tipo Brettanomyces.

Leia também: LAMBIC, AME-A OU DEIXE-A!

PARTIU BOON…

Não por acaso, ali está instalada a Cervejaria Boon, fabricante de várias cervejas no estilo Lambic. Após visitar a Boon, fomos almoçar num bistrozinho muito simpático bem próximo. Foi um banquete de rei.

Começamos com os famosos moules frites – deliciosos mariscos cozidos, servidos num baldinho, acompanhados de batatas fritas. Para harmonizar, uma cerveja “local” – simplesmente uma Geuze Boon Mariage Parfait, de rótulo preto. As sensações de gosto, sabor e texturas são impossíveis de se descrever em palavras.

Em seguida pedimos a Carbonade Flamande, feita de carne bovina cozida lentamente na cerveja, junto com cebolas, pão, tomilho e mostarda (as receitas variam um pouco), guarnecida das adoráveis batatas fritas belgas. Acompanhamos com duas cervejas: uma Faro e uma Oude Geuze Boon. Novamente uma explosão de sabores indescritível.

E para fechar com chave de ouro pedimos algumas fatias de uma torta caseira de cerejas (receita secreta da dona) que devoramos com goles fartos de Kriek Geuze.

Saímos dali com um sorriso largo e voltamos para estrada. Cabe dizer que um de meus amigos não bebia e obviamente foi nosso condutor.

A BÉLGICA DAS CERVEJAS SELVAGENS

Dessa vez nosso destino era a cidade de Roeselare, na região ocidental de Flanders, muito próxima da Holanda onde iríamos conhecer a fábrica das icônicas Rodenbach. Essas cervejas estão no meu top 5 das melhores que já provei.

Fiquei fascinado em conhecer a cervejaria e o processo produtivo. Cervejas híbridas brassadas com muito cuidado e carinho, que passam por 2 fermentações, alta e espontânea (selvagem). Havia quase trezentos tonéis de carvalho onde repousava e maturava o precioso fermentado marrom avermelhado, de varias safras distintas.

The Brewing Process of Rodenbach – Assista aqui
Eel in the green

No final da visita decidimos “fazer uma boquinha”. Nos indicaram um tipo de pub em que serviam pratos rápidos e cerveja Rodenbach obviamente.

Pedimos alguns petiscos: croquetes e tomates recheados de camarão (tomate crevette) que são feitos com camarões cinza, não muito grandes mas saborosíssimos, um tipo de morcilla que leva pão na mistura e finalizamos com Eel in the green, enguias guarnecidas por um espesso molho verde, feito de vegetais e ervas.

Pode parecer estranho mas é muito gostoso, principalmente acompanhados da Rodenbach Grand Cru.

Após essa verdadeira maratona gastronômica, retornamos para Bruxelas com o espírito renovado.

DICAS:

  • A partir de Bruxelas é possível participar de tours a cervejarias, chocolaterias e restaurantes. Geralmente encontram-se informações nas recepções dos hotéis.
  • No Brasil, as cervejas que citei podem ser encontradas em vários bares e restaurantes ou na loja online da CONFRARIA PAULISTÂNIA STORE, da Bier & Wein, responsável pela importação exclusiva de todos estes rótulos.

Um grande abraço a todos e até a próxima jornada cervejeira.

MALTES & LÚPULOS: A ALQUIMIA DA CERVEJA

MALTES & LÚPULOS: A ALQUIMIA DA CERVEJA

POR TRÁS DA FELICIDADE LÍQUIDA Por Leonardo Millen, jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Apaixonado por cervejas, escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o portal 

CERVEJA: 20 MITOS E VERDADES

CERVEJA: 20 MITOS E VERDADES

MANUAL PRÁTICO DA CERVEJA Por  Henrique Carnevalli, t.izêro, Sommelier de Cervejas, amo música desde pirralho, noveleiro, corinthiano sofredor e cofundador do site RockBreja. Uma das coisas que a internet nos ajudou é ter informação. Mas, por ‘quase’ ser uma terra sem lei, acaba nos deixando 

CORSENDONK, UM PRAZER ABENÇOADO!

CORSENDONK, UM PRAZER ABENÇOADO!

UM PRIORADO, UMA ABADIA, UMA CERVEJA …

Por Anderson R. Lobato, dentre vários defeitos: Santista sofredor, Homebrewer, Sommelier de Cervejas, pai do Dudu e amante de um @Pao_Liquido. 

Hey folks! Todos cuidando da sanidade mental e física em momento de pandemia? Por aqui, entre uma mamadeira e outra com meu baby, e na esperança de um 2021 de alegrias a todos, compartilho com vocês um pouco da minha história com as cervejas belgas, e claro, um dos ícones cervejeiros deste país: a Cervejaria Corsendonk e seus rótulos incríveis.

MOMENTO NOSTALGIA

Minha paixão com cerveja vem de antes de 2013. Apesar de eu não ter um “tostão furado” para comprar cervejas na época da faculdade (nem as cervejas de bar que estamos acostumados a ver e a tomar), foi na leitura que comecei a me aprofundar neste universo que tanto amo.

Foto: https://goudsecanon.nl/4/1400/Het-Ossenhooft/

Entre umas e outras e mergulhado nos textos, algo me chamou a atenção naqueles livros: A Escola Cervejeira Belga e suas possibilidades. Cervejarias seculares, muitas delas administradas e curadas pela Igreja Católica, cervejas que desprendiam do conceito de “Lei da Pureza Alemã” e suas restrições de ingredientes. Traziam novas possibilidades de aromas, sabores e adição de muitos complementos a cerveja. Um universo em forma de Pão Líquido.

Dentre estes complementos, observa-se o destaque para cereais de vários tipos (trigo, centeio e etc.) e uso de especiarias, ah, muitas especiarias. Afinal, em sua história, a igreja detinha não somente a ciência, como também o uso de tecnologia e sua relação com os alimentos. As expedições ao redor do mundo ajudaram, e muito, na busca destes “ingredientes” diferentes.

A PAIXÃO PELA ESCOLA BELGA

Mais adiante, já cursando minha formação em Sommelier de Cervejas, fui de fato apresentado a este universo de opções Belga. Desde então, a curiosidade e encantamento virou paixão por esse lugar.

O curso foca na experiência sensorial de aromas e sabores que são os grandes marcos das cervejas Belgas, em especial da Cervejaria Corsendonk. Foi debruçado nos livros, cadernos e anotações que experimentei a Corsendonk Pater Dubbel . Que dia meus amigos, que dia !!  

Aliás, antes de falarmos desta e outras delícias da Corsendonk, topam um “dedo de prosa” sobre a cervejaria e sua história? Só vem.

A MEDIEVAL CORSENDONK

Corsendonk é uma linha de cervejas de Abadia fabricadas na Bélgica, fundada em 1398. Em plena idade média e suas inquietações políticas, científicas e religiosas.

Seu nome é uma referência a um mosteiro em Oud-Turnhout, uma cidadezinha na província de Antuérpia, região de Flanders, na Bélgica. Em 1784, o imperador austríaco Jozef II ordenou que o mosteiro e a cervejaria fossem fechados…Que viagem desse tal imperador! Não conhecia o bom da vida, o líquido precioso – Nosso Pão Líquido…

Imagem do mosteiro onde a Corsendonk era fabricada
Foto: site Corsendonk

Em 1982, Jef Keersmaekers, descendente de Antonius Keersmaekers (fundador da cervejaria original), teve a chance de reviver a marca e uma nova série de cervejas foi lançada – a famosa Pater – com um novo conceito de marca que remete aos emblemas da Idade Média e a tradicional história da cervejaria. 

Não é para menos que essa riqueza cervejeira e muita cultura, me levaram a visitar a Bélgica em 2018. Foi incrível! Mas essa experiência deixo para uma próxima resenha. Hahah…

Chega de história e vamos ao que interessa? Nosso líquido fermentado, nossa cerveja de cada dia, a Corsendonk. Por sorte, e muita competência da galera do Confraria Paulistânia Store (detalhes abaixo), temos essas belezinhas aqui no Brasil. Se liguem em cada delícia:

Imagem da garrafa Corsendonk Blanche e seu copo

CORSENDONK BLANCHE

É uma clássica WitBier Belga. Uma cerveja de trigo, clara e não filtrada, com 4,8% de delicia etílica (ABV). De coloração amarela, apresenta espuma branca, limpa e de boa formação e persistência. A coisa mais linda no copo. No aroma destaca-se pelo grande frescor. Inclusive, tomei este exemplar num dia de bastante calor, resultado: Incrível, né.

Tem um sabor intenso e equilibrado, típico do estilo, com toque cítrico de limão e especiarias. Refrescante, ideal para os dias de calor e para acompanhar saladas frescas, peixes e frutos do mar. Seus 750 ml de carinho ao paladar, foram poucos para tamanha “bomba” de aromas e sabores.

CORSENDONK PATER DUBBEL

Imagem da garrafa Corsendonk Pater e seu copo

Curte um pouco mais de potência e aquele dulçor na boca? Se a resposta foi sim, certamente você amará a Pater Dubbel. Fabricada também com malte torrado, apresenta uma coloração avermelhada, lembrando um vinho tinto.

No copo pegando uma luz então, vira um show à parte. O aroma é bastante linear ao paladar, remetendo ao malte e seu dulçor a lembrança de frutas, compota e chocolate escuro. A torra do malte traz um ligeiro defumado no paladar.  

É uma cerveja de alta fermentação, adocicada, escura, refermentada e maturada na garrafa. Ideal para acompanhar carnes grelhadas, pratos defumados, queijos de maior potência e sobremesas a base de chocolate ao leite, trufas e tiramissú.

Seu teor alcoólico de 6.5% permite muitas opções e belas goladas. Já disse deliciosa? Haha..

CORSENDONK AGNUS TRIPEL

Imagem da garrafa Corsendonk Tripel e seu copo

Se você, assim como eu, gosta de uma potência alcoólica, também vai adorar essa Tripel de 7.5% de “abraço alcoólico”.

Diferente da Dubbel, onde as características do malte e dulçor eram bem aparentes, nesta cerveja vamos a elementos de fermentação e lúpulo e suas nuances em frutas amarelas. É sério!

De coloração dourada, traz tanto no aroma como no sabor, uma lembrança de frutas como damasco, pera e pêssego. De paladar seco, é um convite ao segundo, terceiro..goles haha.

Vai muito bem com pratos condimentados e picantes, salmão, crustáceos, carnes cozidas com frutas, tortas doces levando frutas amarelas em geral. Deu agua na boca, não é mesmo?

CORSENDONK TEMPELIER

Conforme citamos no início da apresentação da Corsendonk, tratam-se de cervejas de Abadia, ou seja, são cervejas que seguem métodos de fabricação de mosteiros e acompanham os estilos considerados, ganhando a denominação de Cervejas de Abadia.

Vídeo Prof. Felipe Aquino – Quem eram os Cavaleiros Templários? (Clique na imagem para assistir)

Novamente a proximidade com a igreja volta à tona neste exemplar. E já que o assunto é igreja, a Tempelier foi criada em 2009, justamente como uma homenagem à Ordem dos Cavaleiros Templários, marcada pela época das Cruzadas.

É uma cerveja também refermentada na garrafa, apresentando no paladar notas adocicadas provenientes do malte, notas frutadas da levedura e ligeiro amargor, garantindo um equilíbrio único.

Do estilo Belgian Pale Ale, é uma das grandes brincadeiras entre malte, lúpulo e levedura que a escola Belga permite. Por orientação do mestre cervejeiro, a levedura contida na garrafa deve ser servida junto com a cerveja, garantindo sua turbidez típica.

Harmonização? Claro, vai super bem com comida mexicana, condimentos, frutos do mar mais gordurosos e sobremesas.

Legal não é mesmo? Isso é cerveja especial Não somente apreciar aromas e sabores diferentes, mas sim navegar pela história de cada rótulo, de cada cervejaria, dentro de experiências sensoriais incríveis.

E para aqueles que, como eu, não vão perder estes rótulos de jeito nenhum, não deixem de passar no e-commerce da Confraria Paulistânia Store e garantir estas delicias, diretamente da Bélgica para a sua casa.

Topa esta experiência?

Excelente natal a todos, e um ano novo repleto de alegrias e claro, muita cerveja Belga por aí.  

Cheers !