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ME APAIXONEI PELA LARALIMA

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Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, Técnica Cervejeira e apresentadora –  @candysommeliere

Hoje vamos falar sobre a mais nova aquisição da família Paulistânia, a recém-chegada Laralima. Uma maravilhosa Witbier com adição de extrato natural de laranja Bahia e limão siciliano.


Como a Paulistânia faz com esmero todas as receitas que se propõe a colocar em linha, aqui temos uma interpretação do estilo. A Laralima é feita com maltes de trigo e cevada, mas como acontece na maioria das Witbiers, aqui não temos a presença do trigo não maltado, mas sim flocos de aveia, conferindo uma cremosidade e garantindo um gole aveludado, nessa cerveja refrescante, aromática e condimentada, pela presença marcante da semente de coentro.

VOCÊ SABE COMO SURGIU O ESTILO WITBIER?

O início da Witbier, estilo cervejeiro da Laralima

A história deste estilo de cerveja começa em 1445, quando a Bélgica ainda era parte integrante da Holanda, formada por uma série de colônias.

Essa era a exata época em que europeus viajavam rumo às Índias em busca de novos temperos, o que fez com que especiarias chegassem às mãos de monges.

Registros históricos indicam que as cervejas de trigo eram extremamente azedas até que os monges belgas passaram a adicionar algumas novidades à receita, como cascas de laranja e coentro, trazido diretamente de Curaçau, na época, colônia Holandesa.

Vale ressaltar que não havia adição de lúpulo e que as cervejas da época eram saborizadas com frutas e especiarias.

Seu nome se origina da junção das palavras wit e bier, que em holandês querem dizer, respectivamente, “branco” e “cerveja”. Ou seja, a junção significa “cerveja clara”.

Para se ter uma ideia, na escala internacional SRM, que varia entre 1 (muito claro) e 40 (muito escuro) e é utilizada para identificar a cor da bebida, a Witbier, raramente, passa do número 4.

Apesar de sua popularidade atual, com um alto consumo deste tipo de cerveja durante o verão, a Witbier passou por um longo período de esquecimento, tornando-se praticamente extinta até a década de 50 do século passado.

O LEITEIRO QUE SALVOU A WITBIER

O salvador da Witbier, o estilo cervejeiro da Laralima
PIERRE CELIS (foto: divulgação)

O crescimento do mercado das Lagers, comercializadas em massa, forçou as cervejarias belgas a fecharem suas portas no século 20.

Lamentando o sumiço das Witbiers, o leiteiro belga Pierre Celis, nos anos 1960, resolveu reposicionar o estilo no mapa ao passar a produzir uma cerveja com uma receita da qual se lembrava de um breve trabalho na cervejaria Tomsin, última fábrica a fechar as portas.

Num país tropical como o Brasil, essa cerveja de teor alcoólico baixo e de sabor refrescante pode ser justamente o que você estava buscando para se refrescar nas tardes quentes de domingo.

Todas as cervejas de trigo são iguais? A resposta é: jamais!

WIT NÃO É WEISS, WEISS NÃO É WIT!

Uma dúvida que muitas pessoas têm sobre a prima alemã, Weissbier é se a Witbier é uma versão belga para as cervejas de trigo Bávaras.

Muito embora Weiss signifique “branco” em alemão, o que remeteria imediatamente a justa comparação, para ser uma típica Weissbier, são necessários ao menos 50% de malte de trigo, podendo ser completado com malte de cevada. Mas algumas cervejas têm quase o total de trigo em sua receita.

Tradicionalmente essa bebida costuma ser turva, por conta das proteínas e da levedura. O visual fica completo com um colarinho branco e denso, e a espuma cremosa. 

LEI DA PUREZA X TEMPERO

A Weiss se destaca pelas notas de banana e cravo no aroma e no sabor. Mas aqui, essas notas não são provenientes da adição nem da fruta, nem da especiaria, afinal não podemos esquecer que as cervejas alemãs têm uma regra clara de fabricação desde a promulgação do Reinheitsgebot em 23 de abril de 1516 pelo Duque Wilhelm IV (Guilherme IV) da Baviera, que regulamentava que a cerveja poderia conter somente três ingredientes: água, malte e lúpulo.

Mas então de onde vêm essas notas de banana e cravo? Elas são subprodutos da fermentação, são ésteres e fenóis que remetem a tais aromas e sabores.

Pronto, agora que já estão experts sobre as diferenças e semelhanças entre estas duas cervejas de trigo, vamos ao que interessa, conhecer as Witbiers que temos disponíveis no site da Confraria Paulistânia Store.

Laralima e suas similares

Antes quero só dizer uma coisa: EU ME APAIXONEI PELA LARALIMA!!!

Além de ser incrivelmente aromática e refrescante, ela homenageia um lugar que está no meu coração, o Mercadão (Mercado Municipal de São Paulo).

Assim, te convido a escolher algumas Witbiers e depois me contar como foram as degustações:

Paulistânia Laralima

La Trappe Witte

Corsendonk Blanche

O Mercadão, como é chamado carinhosamente, com a sua importância histórica e arquitetônica, serviu de inspiração para o rótulo da Laralima.

Indicações de leitura:

ESCOLAS CERVEJEIRAS https://confrariapaulistaniastore.com.br/blog/escolas-cervejeiras/

UM PARAÍSO CHAMADO BÉLGICA: INDEPENDENTE DESDE 1830 E CERVEJEIRA DESDE SEMPRE https://confrariapaulistaniastore.com.br/blog/um-paraiso-chamado-belgica-independente-desde-1830-e-cervejeira-desde-sempre/

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Por Leonardo Millen, jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Também é um apaixonado por cervejas, tanto que escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o portal 

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Leonardo Millen é jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Também é um apaixonado por cervejas, tanto que escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o portal definitivo de notícias sobre bebidas que acaba de chegar ao mercado. Inclusive cerveja!

CERVEJA E CAFÉ: UMA PAIXÃO!

Existem excelentes cervejas que promovem o casamento perfeito entre essas duas paixões brasileiras.

Quando me solicitaram escrever sobre Cerveja com Café fiquei muito feliz. São duas bebidas que aprecio bastante. E o casamento entre elas não só funciona muito bem como desperta paixões avassaladoras. O café e a cerveja estão entre as bebidas mais admiradas e consumidas no mundo. Fora a água, que é hors concours, temos o café com a primeira posição do ranking e a cerveja em quarta colocação. Por enquanto… Mas voltemos ao assunto.

Muitos cervejeiros compartilham dessa dupla paixão e criaram incríveis rótulos de cervejas com café, com intensa sensação de café e com café “escondido”, ou seja, você nem imagina que ele está lá. Então vamos por partes.

O AMOR ENTRE O ‘OURO NEGRO’ E O PÃO LÍQUIDO ☕❤🍺

Matéria prima da Largo do Café

Em algumas Stout, Porter e Brown Ale, por exemplo, o sabor de café é facilmente percebido, ainda que os grãos não tenham sido utilizados na fabricação.

Isso acontece devido à utilização de maltes escuros nos quais a torra dos grãos imprime essa característica à receita. Nem precisa dizer o quanto essa sensação de café agrada. É quase que um requisito de qualidade para esses tipos de cerveja.

Já quando a intensão é adicionar mesmo café à receita a coisa fica um pouco mais complexa. Algumas cervejarias usam o método “cold toddy”, que substitui a água quente pela fria. Daí os grãos de café são adicionados à água em baixa temperatura e descansam entre 18 e 48 horas, deixando o líquido com sabores e aromas de café, para, depois, ser misturado à cerveja.

Esse casamento deu tão certo que, em 2004, a World Beer Cup adicionou o estilo “Coffee Flavored Beer” à competição.

Brassagem da Largo do café

Outra maneira de misturar café à cerveja é realizar o que os cervejeiros chamam de “infusão”, ou seja, adicionam uma certa quantidade de café expresso já pronto à receita.

A infusão acontece durante a fermentação secundária e geralmente imprime um forte aroma e sabor de café à receita.

Há também a técnica que usa o café torrado, moído e coado, porém resfriado e acrescentado apenas no final, quando a cerveja já está pronta.

No entanto, esta técnica demanda muitos testes porque cada tipo de café, cada grau de torra e cada quantidade adicionada ao volume final produz um resultado absolutamente diferente.

Mestres cervejeiros são verdadeiros alquimistas, cientistas loucos e apaixonados que jamais abandonam a técnica, as medidas exatas, o cuidado com os detalhes.

O americano Randy Mosher, uma das maiores autoridades em cerveja no mundo, por exemplo, é um ferrenho defensor e estudioso do uso do café na fabricação de cerveja.

Por esses e outros, assim nascem preciosidades que, meu amigo, eu simplesmente recomendo que você prove várias.

A NOSSA LARGO DO CAFÉ

Existem muitos rótulos de cervejas com café. Eu citaria aqui umas 10 divinas! Mas vou destacar a Largo do Café, aqui da Paulistânia, que tem uma história que exemplifica um pouco de tudo que dissemos até agora.

O Largo do Café é um local emblemático do centro da cidade de São Paulo. É delimitado pelas ruas do Comércio, São Bento e Álvares Penteado, rodeado por diversos edifícios históricos.

Na época do ciclo do café, do início do século XIX até 1930 mais ou menos, o Largo do Café era onde ficava a Bolsa de Valores para compra e venda de grãos. Nessa época, o café era considerado um “ouro negro”, por ser o principal produto de exportação do Brasil e o que movia a economia do país.

Largo do Café, no centro da cidade de São Paulo
No Largo do Café o “ouro negro” era comercializado em uma espécie de leilão informal . Atualmente, sem pandemia, há bares e cafeterias animados após o horário comercial, onde se pode saborear um bom café.

A Paulistânia tem no seu DNA, desde sua fundação em 1993, elaborar cervejas que remetam à história de São Paulo e do Brasil. Com essa proposta, a marca decidiu que era a vez de homenagear o Largo do Café, este ponto histórico paulistano, com uma cerveja do estilo Oatmeal Coffee Stout, ou seja, elaborada com maltes torrados, aveia e, claro, café.

COM A PALAVRA: O MESTRE!

Wilson, mestre cervejeiro da Paulistânia responsável pela produção da Largo do Café
Wilson Junior – Mestre Cervejeiro da Paulistânia

“A Bier & Wein, que é a criadora da Paulistânia, foi uma das pioneiras em cervejas especiais no Brasil e buscamos sempre produzir nossas cervejas com combinações especiais, aromas e notas que irão agradar e surpreender o paladar dos consumidores”, explica o mestre cervejeiro da Paulistânia, Wilson Júnior.

Wilson é um daqueles alquimistas que citei acima. Nas primeiras receitas, ele pesquisou inúmeras torras de café até chegar àquele ponto que considerou ideal.

Mas ele também gosta de sair da zona de conforto. No final de 2018, ele decidiu fazer um novo lote da Largo do Café usando o blend do Café Muzambinho, do Sul de Minas Gerais.

O blend 100% arábica, de torrefação média, com pontuação acima de 80, da classe de grãos especiais, era comercializado com exclusividade pela cafeteria Bellatucci.

Foto da Jéssica Pereira dona do café Bellatucci e fornecedora do pó de café  na fabricação da Largo do Café em 2018
Fundado em 2017, o Bellatucci Café de Jéssica Pereira, a primeira empreendedora com síndrome de Down a se formalizar no Brasil, está  Localizado na R. Hermínio Lemos, 372, no Cambuci. Vale uma visita!

Localizada no bairro paulistano do Cambuci, a cafeteria pertence a primeira empreendedora com síndrome de Down no Brasil, Jéssica Pereira.

Uma incrível dupla homenagem e experiência que só a cerveja artesanal pode propiciar.

LARGO DO CAFÉ, DELICIOSA E LINDA!

Melhor ainda é experimentar esse “ouro negro líquido”.

A Largo do Café é uma cerveja tipo Ale, encorpada, muito cremosa, levemente adocicada, com médio amargor e 5% de teor alcóolico. O café predomina no aroma e no sabor, mas sem afastar o malte, e um corpo médio proporcionado pela adição de aveia.

A recomendação de harmonização é que ela combina com sobremesas à base de chocolate, queijos fortes, feijoada e carnes ao molho barbecue. Eu acrescentaria: uma linguicinha, salames e um simples amendoim.

Gosto tanto que tomo sem acompanhamentos ou a deixo por último, para depois de um belo jantar ou uma sessão de degustação de diferentes estilos. Por tudo isso, a considero uma bela representante das cervejas com café.

Aproveito para destacar ainda duas outras curiosidades dessa cerveja. A versão em lata da Largo do Café foi eleita a lata mais bonita do Brasil em 2020 pelo Prêmio Alterosa, criado por colecionadores de artigos cervejeiros. Realmente merecido!

Arte com prêmio Largo do Café

E TEM MAIS…

Caneca Colombian exclusiva para beber a Largo do Café

E aqui na Confraria Paulistânia você pode adquirir, além de unidades, kits e caixas dessa cerveja, a Caneca Paulistânia 360ml Largo do Café, uma taça Colombian linda, cônica, importada e exclusiva. Assim a sua experiência vai ser suprema!

No site da Confraria você ainda encontra excelentes opções de cervejas que, de alguma forma, remetem ou tem café na receita. Confira algumas sugestões:

BIRRA & CAFFÈ

BALADIN LEON

Essa Belgian Strong Dark Ale feita por essa incrível cervejaria italiana tem uma cor marrom avelã e um aroma e sabor que remetem ao café e chocolate, com nuances amadeiradas.

Uma cerveja doce com 8,5% de teor, corpo forte, complexa, mas muito agradável.

Saiba mais sobre a Baladin: A ITÁLIA EM SÃO PAULO

BIER & KAFFEE

HOFBRÄU DUNKEL

Primeira cerveja a ser fabricada pela alemã Hofbräu e referência mundial deste estilo.

O malte tostado confere à cerveja uma cor escura e um aroma e sabor que remetem à chocolate e café, 5,5% de teor, com um leve toque de amargor.

Uma cerveja excepcional e surpreendentemente refrescante.

CONHEÇA A HISTÓRIA DA HB: A CERVEJARIA DA CORTE REAL BÁVARA

BEER & COFFEE

TROOPER FEAR OF THE DARK

Atenção, fãs do Iron Maiden! Criada por Bruce Dickinson e pelo cervejeiro chefe da cervejaria inglesa Robinsons, Martyn Weeks, a Fear of The Dark é a primeira da família de cervejas Trooper que leva o nome da música e álbum icônico da banda.

Trata-se de uma Stout clássica, de cor escura, que possui cevada maltada e trigo com aroma e sabor de chocolate escuro e café. Simplesmente sensacional!

Aqui temos A CERVEJA DO ROCK: CONHEÇA A TROOPER IRON MAIDEN

Aproveite também que está no e-commerce da Confraria para dar uma navegada por outros rótulos do portfólio da Bier & Wein porque sempre tem informações sobre cervejas importadas além de, claro, promoções irresistíveis.

Espero que tenha gostado e… boas cervejas!

MISTA, JÁ OUVIU FALAR DESTAS CERVEJAS?

MISTA, JÁ OUVIU FALAR DESTAS CERVEJAS?

Por Aline Araujo, Sommelière de Cervejas, professora e empresária com formação em administração de empresas e especialização em marketing. Mais de 10 anos de experiência no mercado de bebidas. Vocês já leram, aqui mesmo nesse blog, sobre os três tipos principais de fermentação, certo? Estamos falando 

LEVEDURA, A CERVEJA VIVA!

LEVEDURA, A CERVEJA VIVA!

Por André “Carioca” Souza, beersommelier, mestre em estilos e técnico cervejeiro, estatístico de profissão, atua no mercado cervejeiro desde 2008 tendo feito seu primeiro curso com Leonardo Botto. Especialista em harmonização de cervejas e responsável pela divulgação de conteúdo do @embxdrs.da.cerva. Olá pessoal, tudo bem? 

MATURAÇÃO NOBRE BÁVARA – O SELO DA DIFERENCIAÇÃO

MATURAÇÃO NOBRE BÁVARA – O SELO DA DIFERENCIAÇÃO

Por Rodrigo Sena, jornalista, sommelier de cervejas especializado em harmonizações, técnico cervejeiro, criador de conteúdo para o YouTube e o instagram @beersenses

Vamos exercitar nossa fluência no idioma alemão. Leia em voz alta: Bayerische Edelreifung. Repita: Bayerische Edelreifung. Conseguiu ou está difícil? Tudo bem, é mesmo bem difícil pra nós latinos. Mas então, ao invés de falar, vamos entender o que isso significa, pode ser? Me acompanhe nesse artigo.

Há mais de 200 anos, algumas cervejarias da Baviera utilizam uma técnica para deixar as suas cervejas de trigo mais frescas, elevando os sabores dos ingredientes, e deixando uma sensação única para quem bebe. Essa técnica ficou conhecida como Maturação Nobre Bávara, o tal do “Bayerische Edelreifung” em alemão, sacou?

Para identificar quais são as cervejarias que aplicam esse processo na produção de suas cervejas de trigo, foi criado um selo oficial. Atualmente, apenas três cervejarias da Baviera recebem esse selo: a Erdinger, a Brauerei Gebr. Maisel e a Schneider. Não por coincidência, são as três cervejarias que fazem as versões mais tradicionais da cerveja de trigo alemã. 

As 3 cervejarias que possuem o selo de certificado de Maturação Nobre Bávara

UM POUQUINHO DE HISTÓRIA

Ao longo dos séculos, uma cultura cervejeira muito forte e única foi forjada na Baviera. Os habitantes daquela região do mundo possuem a cerveja enraizada nos costumes locais, nas tradições familiares, nos hábitos cotidianos. A cerveja lá não é só uma bebida: é algo que faz parte constante da vida econômica, social, política e gastronômica das pessoas.

E uma das questões que são tratadas com muita seriedade por lá é a qualidade das cervejas que são feitas por eles. Isso é questão de honra. Fazer cerveja ruim ali é uma vergonha inadmissível. Por isso, os cervejeiros bávaros são obstinados por qualidade.

Não é à toa que a famosa Reinheitsgebot (Lei de Pureza) nasceu ali em 1516, quando o Duque da Baviera, Guilherme IV, decretou que cerveja só poderia ser feita com água, malte e lúpulos – alguns séculos depois, as leveduras foram incluídas na Lei.

Uma das cervejas mais clássicas da Baviera é a Weizenbier (Cerveja de Trigo em português), também chamada de Weissbier (Cerveja branca). Esse estilo tem mais de 200 anos, é bem tradicional, e durante muito tempo só podia ser produzido na Baviera pela família real. Mas em 1872, o rei Ludwig II vendeu os direitos de produção para George I Schneider, que começou a fazer a receita. Já naquela época, a Maturação Nobre era usada.

MAS AFINAL, O QUE É ESSA MATURAÇÃO NOBRE?

É uma técnica usada para maturar a cerveja nas garrafas, latas e nos barris. Após a primeira fermentação principal e primeira maturação, a cerveja recebe mais mosto novo e fermento fresco, e então vai para o envase, sem nenhum tipo de pasteurização, onde fica mais quatro semanas refermentando e maturando nas garrafas, latas e barris.

Esse processo extra garante muitos benefícios para a cerveja. Primeiro, a carbonatação fica mais delicada, com bolhas menores, o que irá proporcionar uma sensação muito agradável na boca. Depois, os aromas são intensificados, o que tornará a degustação mais incrível. Além disso, os sabores do malte ficam mais limpos, interagindo melhor com as notas frutadas e condimentadas da fermentação.

A Maturação Nobre ainda conserva as propriedades da cerveja por mais tempo e evita que o fermento fique grudado na hora do serviço, levando todos sabores para o copo.

Resumindo: é um processo que deixa a cerveja muito melhor, tornando a experiência de quem bebe muito mais incrível.

Gráfico explicativo do processo de Maturação Nobre Bávara

A ERDINGER E A MATURAÇÃO NOBRE BÁVARA

A cervejaria Erdinger foi fundada em 1886 na cidade de Erding, na Baviera. Em 1930, Franz Brombach assumiu o controle da cervejaria, e uma de suas preocupações era manter a qualidade e a tradição da cerveja de trigo. Com esse foco, até hoje a Erdinger não mede esforços para produzir a cerveja de trigo mais consumida no mundo – são cerca de 1.6 milhões de hectolitros da Erdinger Weissbier consumidos em 80 países por ano.

Werner Brombach, CEO Erdinger.

Mas, como descobrimos acima, a Maturação Nobre acrescenta não só mais ingredientes, mas também uma etapa a mais no processo, e alonga o tempo de produção em mais quatro semanas. Do ponto de vista de negócios, isso significa mais custo. Mesmo assim, a Erdinger não abre mão de seguir a tradição e manter a alta qualidade da sua cerveja.

“Nós produzimos cerveja de trigo por mais de 130 anos, sempre de acordo com o método tradicional de dupla maturação da Baviera. Embora esse processo seja mais demorado e caro, continuaremos a mantê-lo. Para nós, e para mim pessoalmente, a qualidade está sempre em primeiro lugar. Para que os amantes da cerveja de trigo possam sempre desfrutar desta bebida excepcional”, afirma Werner Brombach, CEO atual da Erdinger.

Mestre-cervejeiro atestando as qualidade da Maturação Nobre Bávara
Dr. Stefan Kreisz, principal mestre-cervejeiro Erdinger

COM A PALAVRA: O MESTRE

O principal mestre-cervejeiro da Erdinger,  dr. Stefan Kreisz, reforça que a Maturação Nobre é muito importante para a conservação das propriedades da cerveja. “Graças à segunda fermentação após o engarrafamento, a pasteurização da cerveja não é necessária. Este processo de fermentação suave e natural garante que os ingredientes desenvolvam seus sabores completos”, diz.

Conheça mais sobre a HISTÓRIA DA ERDINGER: A CERVEJA DE TRIGO MAIS CONHECIDA E CONSUMIDA DO MUNDO!

O SELO

A ideia de colocar um selo nos rótulos para identificar o uso da Maturação Nobre foi posta em prática em 2020.

Atualmente, apenas as três cervejarias tradicionais são certificadas, mas outras cervejarias também podem solicitar o selo, através de um processo de certificação.

Selo Certificado do processo de Maturação Nobre Bávara

Mas para fazer essa solicitação, a cervejaria deve seguir as seguintes regras:

. O processo de produção da cerveja de trigo deve ter uma segunda maturação;

. A segunda maturação deve ter pelo menos 10 dias;

. A segunda maturação alcoólica deve ocorrer pela adição de fermento fresco;

. A cerveja de trigo deve ter uma contagem de células de levedura vivas, após o envase, de pelo menos 3 milhões;

. Nenhum processo de pasteurização deve ser feito;

. A cerveja de trigo deve ser produzida de acordo com a Lei de Pureza; e

. A cerveja deve corresponder à definição de cerveja de trigo bávara.

Há um site oficial do selo, disponível: https://www.bayerische-edelreifung.com

NA PRÁTICA!

E para quem quer provar na prática a eficácia da Maturação Nobre Bávara, sugiro degustar uma Erdinger Weissbier tradicional. Mas atenção na hora do serviço. Há um processo a ser seguido para garantir a melhor experiência com essa cerveja:

  1. Primeiro, o copo deve ser especial para uma Weissbier;
  2. Enxague o copo com água limpa e fresca e não seque;
  3. Incline o copo a mais ou menos 45° e sirva lentamente, deixando a cerveja escorrer sutilmente pela parede do copo;
  4. Não sirva tudo de uma vez! Deixe dois dedos da cerveja na garrafa;
  5. Agite a garrafa, rodando, para misturar bem a levedura que está no fundo;
  6. Sirva o restante de uma vez, com o copo reto, formando a espuma e uma coroa.

Seguindo esses passos você certamente irá perceber todos os benefícios da Maturação Nobre Bávara.

Ainda não tem seu copo especial da Erdinger? Então aproveite, e peça junto com a cerveja aqui na Confraria Paulistânia Store, para conhecer de perto a Bayerische Edelreifung.

Prosit!

KÖNIG LUDWIG – UM CONTO DE FADAS CERVEJEIRO

KÖNIG LUDWIG – UM CONTO DE FADAS CERVEJEIRO

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, técnica Cervejeira e apresentadora. Correspondente audiovisual do Guia da Cerveja. @candysommeliere Nada pode ser mais prazeroso do que trabalhar com amor e colocar o coração naquilo que se faz. Para mim, escrever sobre cervejas e conhecer novos 

A BAVARIA QUE AMAMOS!

A BAVARIA QUE AMAMOS!

Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira. Olá meus amigos, apreciadores das cervejas da Escola Alemã. Para quem não sabe, vale citar que existem 4 Escolas Cervejeiras. Alemã que compreende Alemanha, Áustria e 

CERVEJAS ESCURAS, DELICIOSAS PARA  QUALQUER ÉPOCA DO ANO.

CERVEJAS ESCURAS, DELICIOSAS PARA QUALQUER ÉPOCA DO ANO.

O CURIOSO CASO DE AMOR ENTRE O VERÃO E AS CERVEJAS ESCURAS.

Por Rodrigo Sena, jornalista, sommelier de cervejas especializado em harmonizações, técnico cervejeiro, criador de conteúdo para o youtube e o instagram @beersenses

IMAGEM CERVEJAS ESCURAR PARA O VERÃO

Foi amor à primeira vista. Eles se conheceram há séculos e deu “match”. Um combinava muito com outro, e sempre tiveram um romance. Porém, muitas pessoas não acreditavam que isso pudesse dar certo, muita gente desdenhou e virou as costas para esse relacionamento. Talvez isso tenha acontecido por desinformação ou por simples preconceito. Mas o fato é que muita gente não liga para eles juntos. Contudo, os dois se mantém unidos até hoje, e cada vez mais estão conquistando a atenção de pessoas até então incrédulas.

AMOR DE VERÃO QUE FICA

Esta bela metáfora – que poderia ser roteiro de telenovela – na verdade representa a relação entre o verão e as cervejas escuras. É isso mesmo, contei essa historinha toda pra dizer que sim, meus queridos e queridas, é muito gostoso consumir cervejas escuras no calorão tropical de mais de 30°C.

Muita gente não opta por essa combinação porque acha que cerveja escura é sinônimo de cerveja forte. Mas não é. Há cervejas escuras leves, refrescantes, e que podem fazer deliciosas harmonizações de verão.

Importante entender que, quando usamos a expressão “cerveja escura” estamos falando de uma faixa grande de cores. Uma das medidas de cor usadas na cerveja é a escala EBC (European Brewery Convention). Pela legislação brasileira, as cervejas com EBC acima de 20 são classificadas como cervejas escuras.

IMAGEM TABELA ESCALA EBC European Brewery Convention, TEXTO CERVEJAS ESCURAR PARA O VERÃO
Escala EBC – European Brewery Convention

Se olharmos com atenção para a escala, veremos que não existe a cor preta. Tecnicamente, nenhuma cerveja é preta. Mas, como muitos estilos acabam ficando muito escuros, são chamados de cerveja preta. E isso desde sempre.

Os primeiros registros de cervejas pretas são do século 16, na Turíngia e na Saxônia, hoje pertencentes à Alemanha, quando eles faziam uma cerveja com grãos bem escuros que ficou conhecida como Schwarzbier (Schwarz é preto em alemão).

ESCURAS PARA O VERÃO….E DA ESTAÇÃO QUE VOCÊS QUISEREM.

O que dá cor à cerveja é a mistura de maltes usada na produção. Há uma variedade grande de maltes, com colorações diferentes. Os chamados maltes base, como Pilsen e Pale Ale (leia também A COMPLEXA E INEBRIANTE CERVEJA ALE), são mais claros, amarelos. Conforme a intensidade na secagem dos grãos aumenta, a cor vai se modificando também. Os grãos de malte mais avermelhados e marrons, como as variedades caramelo, chocolate e outras, passam por temperaturas mais altas e maior tempo de secagem, sofrendo a chamada reação de Maillard, que é a caramelização provocada pelo calor.

Portanto, quando o mestre cervejeiro escolhe o seu blend de maltes ele também está escolhendo a cor que a sua cerveja terá. Isso é feito com cálculos baseados nas informações da tabela de cores EBC fornecida pelos produtores dos maltes.

Então, sabendo que são os maltes que definem a cor final de uma cerveja, uma outra informação é importante: nenhuma cerveja é feita somente com maltes escuros. Há sempre uma mistura de maltes claros e escuros. Os mais escuros são predominantes na formação da cor, o que significa que não é preciso ter muito malte escuro para que uma cerveja fique escura. E aqui nesse ponto é que está a explicação de porque uma cerveja escura pode ser refrescante.

Não é necessário que a cerveja tenha alto teor alcoólico ou corpo mais pesado para ser escura. Em alguns estilos, apenas 5% dos maltes são escuros, e o resultado final é uma cerveja marrom mais escura. O fato de usar pouco malte deixa o corpo da cerveja mais baixo, e consequentemente, a cerveja fica leve e refrescante.

CERVEJA ESCURA NO VERÃO….PODE!!!

Então, na verdade, temos é que encontrar quais são as cervejas escuras que são mais refrescantes. Isso acontece com as claras também, portanto, a cor não é indício para essa escolha. Por isso recomendo algumas para quem quer encontrar esse amor entre o verão e as cervejas escuras.

HB DUNKEL, TEXTO CERVEJAS ESCURAR

A Höfbrau Dunkel é uma das mais tradicionais cervejas escuras da Baviera, com presença dos maltes tostados, corpo baixo, leve e refrescante. E para deixar a experiência bem refrescante, prove a HB Dunkel acompanhada de um belo sorvete de flocos. Faça isso e conheça o paraíso (e nem precisa me agradecer depois viu).

ERDINGER E WARSTEINER DUNKEL, TEXTO CERVEJAS ESCURAS.

Outra que tem as características boas para um dia quente é a Warsteiner Dunkel, que pode ser consumida com facilidade no calor, com alto drinkability. Essa cerveja pode ser uma bela companheira para um churrasco na beira da piscina. Ela vai muito bem com carnes na grelha de uma maneira geral.

A Erdinger Dunkel é outro exemplo de cerveja escura que pode ser ótima no verão. Por ser uma Dunkelweizen, ou seja, feita com trigo, ela apresenta notas frutadas e condimentadas, se juntando às notas tostadas dos maltes escuros, numa viagem sensorial magnífica. Para uma bela harmonização de verão com a Erdinger Dunkel, sugiro um banana split à moda antiga.  

E minha última sugestão de cerveja escura para o calor, é substituir o cafezinho da tarde por uma cerveja escura. Uma ótima pedida para essa substituição é a cerveja Largo do Café da Paulistânia, uma Oatmeal Stout com adição de café. Sirva com um bolo gelado de chocolate e a tarde de verão ficará inesquecível.

PAULISTÂNIA LARGO DO CAFÉ, TEXTO CERVEJAS ESCURAS PARA O VERÃO

Portanto meu povo, vamos embarcar nesse caso de amor do verão com as cervejas escuras e viver essa experiência. Todas as minhas sugestões de brejas escuras para o verão estão disponíveis aqui na Confraria Paulistânia Store.