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CERVEJA E CAFÉ: UMA PAIXÃO!

Existem excelentes cervejas que promovem o casamento perfeito entre essas duas paixões brasileiras.

Quando me solicitaram escrever sobre Cerveja com Café fiquei muito feliz. São duas bebidas que aprecio bastante. E o casamento entre elas não só funciona muito bem como desperta paixões avassaladoras. O café e a cerveja estão entre as bebidas mais admiradas e consumidas no mundo. Fora a água, que é hors concours, temos o café com a primeira posição do ranking e a cerveja em quarta colocação. Por enquanto… Mas voltemos ao assunto.

Muitos cervejeiros compartilham dessa dupla paixão e criaram incríveis rótulos de cervejas com café, com intensa sensação de café e com café “escondido”, ou seja, você nem imagina que ele está lá. Então vamos por partes.

O AMOR ENTRE O ‘OURO NEGRO’ E O PÃO LÍQUIDO ☕❤🍺

Matéria prima da Largo do Café

Em algumas Stout, Porter e Brown Ale, por exemplo, o sabor de café é facilmente percebido, ainda que os grãos não tenham sido utilizados na fabricação.

Isso acontece devido à utilização de maltes escuros nos quais a torra dos grãos imprime essa característica à receita. Nem precisa dizer o quanto essa sensação de café agrada. É quase que um requisito de qualidade para esses tipos de cerveja.

Já quando a intensão é adicionar mesmo café à receita a coisa fica um pouco mais complexa. Algumas cervejarias usam o método “cold toddy”, que substitui a água quente pela fria. Daí os grãos de café são adicionados à água em baixa temperatura e descansam entre 18 e 48 horas, deixando o líquido com sabores e aromas de café, para, depois, ser misturado à cerveja.

Esse casamento deu tão certo que, em 2004, a World Beer Cup adicionou o estilo “Coffee Flavored Beer” à competição.

Brassagem da Largo do café

Outra maneira de misturar café à cerveja é realizar o que os cervejeiros chamam de “infusão”, ou seja, adicionam uma certa quantidade de café expresso já pronto à receita.

A infusão acontece durante a fermentação secundária e geralmente imprime um forte aroma e sabor de café à receita.

Há também a técnica que usa o café torrado, moído e coado, porém resfriado e acrescentado apenas no final, quando a cerveja já está pronta.

No entanto, esta técnica demanda muitos testes porque cada tipo de café, cada grau de torra e cada quantidade adicionada ao volume final produz um resultado absolutamente diferente.

Mestres cervejeiros são verdadeiros alquimistas, cientistas loucos e apaixonados que jamais abandonam a técnica, as medidas exatas, o cuidado com os detalhes.

O americano Randy Mosher, uma das maiores autoridades em cerveja no mundo, por exemplo, é um ferrenho defensor e estudioso do uso do café na fabricação de cerveja.

Por esses e outros, assim nascem preciosidades que, meu amigo, eu simplesmente recomendo que você prove várias.

A NOSSA LARGO DO CAFÉ

Existem muitos rótulos de cervejas com café. Eu citaria aqui umas 10 divinas! Mas vou destacar a Largo do Café, aqui da Paulistânia, que tem uma história que exemplifica um pouco de tudo que dissemos até agora.

O Largo do Café é um local emblemático do centro da cidade de São Paulo. É delimitado pelas ruas do Comércio, São Bento e Álvares Penteado, rodeado por diversos edifícios históricos.

Na época do ciclo do café, do início do século XIX até 1930 mais ou menos, o Largo do Café era onde ficava a Bolsa de Valores para compra e venda de grãos. Nessa época, o café era considerado um “ouro negro”, por ser o principal produto de exportação do Brasil e o que movia a economia do país.

Largo do Café, no centro da cidade de São Paulo
No Largo do Café o “ouro negro” era comercializado em uma espécie de leilão informal . Atualmente, sem pandemia, há bares e cafeterias animados após o horário comercial, onde se pode saborear um bom café.

A Paulistânia tem no seu DNA, desde sua fundação em 1993, elaborar cervejas que remetam à história de São Paulo e do Brasil. Com essa proposta, a marca decidiu que era a vez de homenagear o Largo do Café, este ponto histórico paulistano, com uma cerveja do estilo Oatmeal Coffee Stout, ou seja, elaborada com maltes torrados, aveia e, claro, café.

COM A PALAVRA: O MESTRE!

Wilson, mestre cervejeiro da Paulistânia responsável pela produção da Largo do Café
Wilson Junior – Mestre Cervejeiro da Paulistânia

“A Bier & Wein, que é a criadora da Paulistânia, foi uma das pioneiras em cervejas especiais no Brasil e buscamos sempre produzir nossas cervejas com combinações especiais, aromas e notas que irão agradar e surpreender o paladar dos consumidores”, explica o mestre cervejeiro da Paulistânia, Wilson Júnior.

Wilson é um daqueles alquimistas que citei acima. Nas primeiras receitas, ele pesquisou inúmeras torras de café até chegar àquele ponto que considerou ideal.

Mas ele também gosta de sair da zona de conforto. No final de 2018, ele decidiu fazer um novo lote da Largo do Café usando o blend do Café Muzambinho, do Sul de Minas Gerais.

O blend 100% arábica, de torrefação média, com pontuação acima de 80, da classe de grãos especiais, era comercializado com exclusividade pela cafeteria Bellatucci.

Foto da Jéssica Pereira dona do café Bellatucci e fornecedora do pó de café  na fabricação da Largo do Café em 2018
Fundado em 2017, o Bellatucci Café de Jéssica Pereira, a primeira empreendedora com síndrome de Down a se formalizar no Brasil, está  Localizado na R. Hermínio Lemos, 372, no Cambuci. Vale uma visita!

Localizada no bairro paulistano do Cambuci, a cafeteria pertence a primeira empreendedora com síndrome de Down no Brasil, Jéssica Pereira.

Uma incrível dupla homenagem e experiência que só a cerveja artesanal pode propiciar.

LARGO DO CAFÉ, DELICIOSA E LINDA!

Melhor ainda é experimentar esse “ouro negro líquido”.

A Largo do Café é uma cerveja tipo Ale, encorpada, muito cremosa, levemente adocicada, com médio amargor e 5% de teor alcóolico. O café predomina no aroma e no sabor, mas sem afastar o malte, e um corpo médio proporcionado pela adição de aveia.

A recomendação de harmonização é que ela combina com sobremesas à base de chocolate, queijos fortes, feijoada e carnes ao molho barbecue. Eu acrescentaria: uma linguicinha, salames e um simples amendoim.

Gosto tanto que tomo sem acompanhamentos ou a deixo por último, para depois de um belo jantar ou uma sessão de degustação de diferentes estilos. Por tudo isso, a considero uma bela representante das cervejas com café.

Aproveito para destacar ainda duas outras curiosidades dessa cerveja. A versão em lata da Largo do Café foi eleita a lata mais bonita do Brasil em 2020 pelo Prêmio Alterosa, criado por colecionadores de artigos cervejeiros. Realmente merecido!

Arte com prêmio Largo do Café

E TEM MAIS…

Caneca Colombian exclusiva para beber a Largo do Café

E aqui na Confraria Paulistânia você pode adquirir, além de unidades, kits e caixas dessa cerveja, a Caneca Paulistânia 360ml Largo do Café, uma taça Colombian linda, cônica, importada e exclusiva. Assim a sua experiência vai ser suprema!

No site da Confraria você ainda encontra excelentes opções de cervejas que, de alguma forma, remetem ou tem café na receita. Confira algumas sugestões:

BIRRA & CAFFÈ

BALADIN LEON

Essa Belgian Strong Dark Ale feita por essa incrível cervejaria italiana tem uma cor marrom avelã e um aroma e sabor que remetem ao café e chocolate, com nuances amadeiradas.

Uma cerveja doce com 8,5% de teor, corpo forte, complexa, mas muito agradável.

Saiba mais sobre a Baladin: A ITÁLIA EM SÃO PAULO

BIER & KAFFEE

HOFBRÄU DUNKEL

Primeira cerveja a ser fabricada pela alemã Hofbräu e referência mundial deste estilo.

O malte tostado confere à cerveja uma cor escura e um aroma e sabor que remetem à chocolate e café, 5,5% de teor, com um leve toque de amargor.

Uma cerveja excepcional e surpreendentemente refrescante.

CONHEÇA A HISTÓRIA DA HB: A CERVEJARIA DA CORTE REAL BÁVARA

BEER & COFFEE

TROOPER FEAR OF THE DARK

Atenção, fãs do Iron Maiden! Criada por Bruce Dickinson e pelo cervejeiro chefe da cervejaria inglesa Robinsons, Martyn Weeks, a Fear of The Dark é a primeira da família de cervejas Trooper que leva o nome da música e álbum icônico da banda.

Trata-se de uma Stout clássica, de cor escura, que possui cevada maltada e trigo com aroma e sabor de chocolate escuro e café. Simplesmente sensacional!

Aqui temos A CERVEJA DO ROCK: CONHEÇA A TROOPER IRON MAIDEN

Aproveite também que está no e-commerce da Confraria para dar uma navegada por outros rótulos do portfólio da Bier & Wein porque sempre tem informações sobre cervejas importadas além de, claro, promoções irresistíveis.

Espero que tenha gostado e… boas cervejas!

UNA BIRRA, PER FAVORE!

UNA BIRRA, PER FAVORE!

Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira. O NORTE DA ITÁLIA REGADO ÀS CRIAÇÕES DE TEO MUSSO Ciao amicelli. Dessa vez quero propor a vocês um passeio pelo norte da Itália, e o veículo 

MISTA, JÁ OUVIU FALAR DESTAS CERVEJAS?

MISTA, JÁ OUVIU FALAR DESTAS CERVEJAS?

Por Aline Araujo, Sommelière de Cervejas, professora e empresária com formação em administração de empresas e especialização em marketing. Mais de 10 anos de experiência no mercado de bebidas. Vocês já leram, aqui mesmo nesse blog, sobre os três tipos principais de fermentação, certo? Estamos falando 

LEVEDURA, A CERVEJA VIVA!

LEVEDURA, A CERVEJA VIVA!

Por André “Carioca” Souza, beersommelier, mestre em estilos e técnico cervejeiro, estatístico de profissão, atua no mercado cervejeiro desde 2008 tendo feito seu primeiro curso com Leonardo Botto. Especialista em harmonização de cervejas e responsável pela divulgação de conteúdo do @embxdrs.da.cerva.

Olá pessoal, tudo bem? Bora tomar uma cerveja hoje? Quando um amigo ou amiga lhe convidava para ir ao bar, muito antes da pandemia atual, para tomar uma cerveja num happy hour ou apenas para descontrair, com certeza, nunca passava pela sua cabeça que esse ato de companheirismo já foi realizado por milhões de pessoas há muitos anos atrás, e todos com o mesmo objetivo: celebrar alguma coisa ou a alguém.

Porém, o que quase ninguém sabe, é que a cerveja sem o seu “alquimista”, no caso a levedura, não poderia ser considerada cerveja e, por conta disso, as pessoas não teriam com o que celebrar, pois, possivelmente, ela não existiria!

Desta forma, se você parar para pensar que, um microorganismo unicelular, que é invisível a olho nu, e se alimenta praticamente da metabolização de açúcares, é o principal responsável por grande parte do processo de fabricação de todas as cervejas no mundo e, por que não, de todas as celebrações atuais, você certamente iria pensar duas vezes antes de recusar um convite para um happy hour.

A DESCOBERTA DAS LEVEDURAS

Anton van Leeuwenhoek e seu microscópio

Até hoje muitos cientistas questionam quem foi o responsável pela descoberta das leveduras. Para os antepassados egípcios, por exemplo, o pão e a cerveja eram feitos por uma divindade mágica que realizava o processo de fermentação, quando se misturavam cereais com água, numa espécie de mingau, e as deixavam ao relento para o milagre acontecer.

Desenho de van Leeuwenhoek de seu modelo de cera, retirado de sua carta de 14 de junho de 1680 a Thomas Gale. Esta pode ser a primeira vez na história da biologia que um experimentalista usa um modelo para explicar suas observações ao leitor!
Fonte: https://schaechter.asmblog.org/schaechter/2010/04/did-van-leeuwenhoek-observe-yeast-cells-in-1680.html

O que se sabe atualmente é que, com o advento e melhoria dos microscópios, um novo mundo surgiu e, com essas descobertas, percebeu-se que dentro do líquido sagrado existiam estes seres unicelulares, porém nada se sabia sobre sua função na cerveja.

O PAI

A descoberta da levedura é atribuída ao holandês Anton van Leeuwenhoek em 1680, mas, somente em 1789, Antoine Lavoisier descreveu a natureza química da fermentação e do processo de transformar açúcar em dióxido de carbono e álcool. E em 1837, as leveduras foram classificadas como pertencentes ao reino fungi.

O PADRINHO

Louis Pasteur

Foi aí que Louis Pasteur, cientista francês reconhecido pelas suas notáveis descobertas no ramo da medicina e microbiologia, por volta de 1857, observou e provou que o processo de fermentação é o resultado da metabolização ocorrida dentro da levedura, um ser vivo.

Ele mostrou também que a multiplicação das leveduras ocorria em um ambiente com oxigênio e que a fermentação alcoólica ocorria apenas na ausência deste elemento no meio onde a levedura se encontrava.

Após essa maravilhosa descoberta, os cientistas observaram que diferentes cepas se comportavam de forma igualmente diferentes na fabricação da cerveja. Alguns deles conseguiram separar cepas de diferentes gêneros para diferentes propósitos.

QUAIS GÊNEROS EXISTEM HOJE

Existem mais de 500 espécies de leveduras catalogadas atualmente, porém vamos nos ater a três em especial para a fabricação de cervejas:  Lager, Ale e as selvagens Brettas.

LAGER

Em uma breve descrição, as leveduras Lager são apropriadas para a produção de cervejas da família de estilos Lager e são conhecidas pelo nome de Saccharomyces uvarum e Saccharomyces pastorianus.

São de baixa fermentação, ou seja, as leveduras realizam o processo de metabolização dos açucares na parte mais baixa do tanque, sobrevivem melhor em temperaturas mais baixas que podem variar de 6°C a 12°C e, em alguns casos, chegando a sobreviver a até 15°C, porém, com baixa performance.

São leveduras com características mais neutras que deixam poucos aromas marcantes, mas, produzem cervejas com boa formação de espuma. São muito utilizadas nos estilos Pilsner (Paulistânia Pilsen, a Tcheca 1795, entre outras), nos estilos Bock (Paulistânia Capricórnio) e outras variedades Lager especiais (Paulistânia Ipiranga, uma Strong Red Wood Lager).

Leia mais sobre LAGER: CONHECENDO ESTA FRIORENTA LEVEDURA e o O FABULOSO MUNDO DAS LAGERS

ALE

Já as leveduras Saccharomyces cerevisiae, conhecidas como Ale, sobrevivem melhor em temperaturas mais altas, entre 15°C e 25°C, e dão preferência à parte superior dos tanques de fermentação.

São responsáveis pela maior variedade de estilos conhecidos e, por produzir uma grande variedade de ésteres e fenóis, subprodutos da fermentação que vamos falar mais adiante. Possui uma maior diversidade de aromas também.

Os estilos mais conhecidos são as Weissbier (Erdinger Urweisse), IPA (Trooper IPA) e Session IPA (Paulistânia Caminho das índias), as Trapistas (La Trappe Quadrupel por exemplo) e as Inglesas (Trooper tradicional).

Conheça mais em A COMPLEXA E INEBRIANTE CERVEJA ALE

POR QUE ELAS SÃO IMPORTANTES PARA A CERVEJA?

O papel fundamental de todo ser vivo é sobreviver para se multiplicar, seja em ambiente inóspito ou não. A levedura no início da fermentação possui um excelente ambiente para sua sobrevivência: alimento em forma de açúcar, oxigênio em abundância, pH e temperatura ideal.

Com isso, a primeira função da levedura é se alimentar e se multiplicar. Esse processo chamamos de mitose e cada indivíduo pode gerar, de forma assexuada, até aproximadamente 5 gerações de filhos.

Tanques cônicos Baladin

Após este processo, e com mais seres concorrendo no mesmo meio pelo mesmo alimento, a tendência é de que as mais fracas e as mais antigas morram e decantem para o fundo do tanque (por isso dos tanques serem cônicos, para facilitar a retirada das leveduras mortas e, com isso, não trazer aromas indesejáveis).

Quando o oxigênio se extingue, a levedura começa a se estressar e passa a procurar outros meios para poder se multiplicar. É aí que começa o processo de fermentação anaeróbica, gerando outros tipos de subprodutos da fermentação e, dentre eles, a transformação de açúcar em dióxido de carbono e álcool (etanol).

Repare que, quanto mais álcool existir no meio, menor a chance da levedura sobreviver e, por causa disto, as cervejas possuem um limite máximo de teor alcoólico que é produzido pelas leveduras.

Além disso, elas possuem uma enzima denominada Acetato transferase (AAT) cuja função é catalisar a produção de ésteres. Quanto maior for a quantidade destas enzimas, mais esterificada será a cerveja e, consequentemente, mais aromática ela será.

Dos principais subprodutos da fermentação, os mais conhecidos que geram os aromas encontrados nas mais variadas cervejas são: o Diacetil (2,3 butanodiona) que produz na cerveja um off-flavor parecido com o de manteiga, muito comum em cervejas Lager; O Acetato de etila, que confere o aroma de pêra na cerveja; e o Acetato de isoamila, que confere o aroma de banana, característico do estilo Weissbier.

Além desses, existem vários outros subprodutos que, em grande quantidade, podem deixar aromas desagradáveis na cerveja final, como por exemplo o Acetaldeído, que confere um aroma de maçã verde e indica que a cerveja é jovem e precisa de mais tempo de maturação, e os Clorofenóis que dão um aroma de esparadrapo na cerveja e também podem indicar contaminação na fermentação.

CERVEJAS SELVAGENS

Por fim, quando falamos de cervejas selvagens, o que vêm em sua mente? Aromas e sabores do suor das celas de um cavaleiro ou amazona?  Aromas de terra molhada ou capim cortado recentemente? Ou o cheiro de mofo do seu armário? Basicamente a reunião desses termos é a principal característica dos aromas deixados pelas leveduras selvagens, também conhecidas como Brettanomyces.

As Brettanomyces são leveduras selvagens encontradas em cervejas com fermentação espontânea como as Lambic (as Gueuze, Lambic e VAT Boon são um bom exemplo disso) e em algumas cervejas armazenadas em barril (cuja flora dentro do barril é excepcional).

Entenda melhor as LAMBIC, AME-A OU DEIXE-A!

Vale ressaltar que as Brettas concorrem diretamente com as leveduras Lager, Ale e as bactérias, por questão de sobrevivência, porém, as cervejarias modernas atuais evitam este tipo de levedura pois elas podem contaminar outras cervejas (e até os fermentadores) pois são leveduras que ficam a maior parte do tempo na forma de esporos e começam a se proliferar quando não há ameaças de outros seres vivos no meio.

Por este motivo, as autênticas Geuze e Lambic são produzidas apenas no vale do Rio Sena ou em Bruxelas, na Bélgica. Mas isto é assunto pra um próximo post! 😉

Barris Cervejaria Boon

Ficamos por aqui pessoal, espero que vocês tenham curtido o texto. Ficou com dúvida? Mande pra gente aqui embaixo a sua pergunta que pode virar um tema! E se você quiser comprar estas e muitas outras cervejas, copos e kits sem sair de casa, aproveite as promoções do site www.confrariapaulistaniastore.com.br e peça a sua cerveja Paulistânia em casa!

VIVA O SAINT PATRICK’S DAY!

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Por Leonardo Millen, jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Também é um apaixonado por cervejas, tanto que escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o 

MULHERES: DEUSAS CERVEJEIRAS

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Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, Técnica Cervejeira e apresentadora. Correspondente audiovisual do Guia da Cerveja. @candysommeliere Ahhh, as mulheres! Não apenas seres humanos classificadas pelos cromossomos XX, mas com certeza seres humanos especiais.O que define uma mulher? Eu definiria uma mulher utilizando apenas 

MATURAÇÃO NOBRE BÁVARA – O SELO DA DIFERENCIAÇÃO

MATURAÇÃO NOBRE BÁVARA – O SELO DA DIFERENCIAÇÃO

Por Rodrigo Sena, jornalista, sommelier de cervejas especializado em harmonizações, técnico cervejeiro, criador de conteúdo para o YouTube e o instagram @beersenses

Vamos exercitar nossa fluência no idioma alemão. Leia em voz alta: Bayerische Edelreifung. Repita: Bayerische Edelreifung. Conseguiu ou está difícil? Tudo bem, é mesmo bem difícil pra nós latinos. Mas então, ao invés de falar, vamos entender o que isso significa, pode ser? Me acompanhe nesse artigo.

Há mais de 200 anos, algumas cervejarias da Baviera utilizam uma técnica para deixar as suas cervejas de trigo mais frescas, elevando os sabores dos ingredientes, e deixando uma sensação única para quem bebe. Essa técnica ficou conhecida como Maturação Nobre Bávara, o tal do “Bayerische Edelreifung” em alemão, sacou?

Para identificar quais são as cervejarias que aplicam esse processo na produção de suas cervejas de trigo, foi criado um selo oficial. Atualmente, apenas três cervejarias da Baviera recebem esse selo: a Erdinger, a Brauerei Gebr. Maisel e a Schneider. Não por coincidência, são as três cervejarias que fazem as versões mais tradicionais da cerveja de trigo alemã. 

As 3 cervejarias que possuem o selo de certificado de Maturação Nobre Bávara

UM POUQUINHO DE HISTÓRIA

Ao longo dos séculos, uma cultura cervejeira muito forte e única foi forjada na Baviera. Os habitantes daquela região do mundo possuem a cerveja enraizada nos costumes locais, nas tradições familiares, nos hábitos cotidianos. A cerveja lá não é só uma bebida: é algo que faz parte constante da vida econômica, social, política e gastronômica das pessoas.

E uma das questões que são tratadas com muita seriedade por lá é a qualidade das cervejas que são feitas por eles. Isso é questão de honra. Fazer cerveja ruim ali é uma vergonha inadmissível. Por isso, os cervejeiros bávaros são obstinados por qualidade.

Não é à toa que a famosa Reinheitsgebot (Lei de Pureza) nasceu ali em 1516, quando o Duque da Baviera, Guilherme IV, decretou que cerveja só poderia ser feita com água, malte e lúpulos – alguns séculos depois, as leveduras foram incluídas na Lei.

Uma das cervejas mais clássicas da Baviera é a Weizenbier (Cerveja de Trigo em português), também chamada de Weissbier (Cerveja branca). Esse estilo tem mais de 200 anos, é bem tradicional, e durante muito tempo só podia ser produzido na Baviera pela família real. Mas em 1872, o rei Ludwig II vendeu os direitos de produção para George I Schneider, que começou a fazer a receita. Já naquela época, a Maturação Nobre era usada.

MAS AFINAL, O QUE É ESSA MATURAÇÃO NOBRE?

É uma técnica usada para maturar a cerveja nas garrafas, latas e nos barris. Após a primeira fermentação principal e primeira maturação, a cerveja recebe mais mosto novo e fermento fresco, e então vai para o envase, sem nenhum tipo de pasteurização, onde fica mais quatro semanas refermentando e maturando nas garrafas, latas e barris.

Esse processo extra garante muitos benefícios para a cerveja. Primeiro, a carbonatação fica mais delicada, com bolhas menores, o que irá proporcionar uma sensação muito agradável na boca. Depois, os aromas são intensificados, o que tornará a degustação mais incrível. Além disso, os sabores do malte ficam mais limpos, interagindo melhor com as notas frutadas e condimentadas da fermentação.

A Maturação Nobre ainda conserva as propriedades da cerveja por mais tempo e evita que o fermento fique grudado na hora do serviço, levando todos sabores para o copo.

Resumindo: é um processo que deixa a cerveja muito melhor, tornando a experiência de quem bebe muito mais incrível.

Gráfico explicativo do processo de Maturação Nobre Bávara

A ERDINGER E A MATURAÇÃO NOBRE BÁVARA

A cervejaria Erdinger foi fundada em 1886 na cidade de Erding, na Baviera. Em 1930, Franz Brombach assumiu o controle da cervejaria, e uma de suas preocupações era manter a qualidade e a tradição da cerveja de trigo. Com esse foco, até hoje a Erdinger não mede esforços para produzir a cerveja de trigo mais consumida no mundo – são cerca de 1.6 milhões de hectolitros da Erdinger Weissbier consumidos em 80 países por ano.

Werner Brombach, CEO Erdinger.

Mas, como descobrimos acima, a Maturação Nobre acrescenta não só mais ingredientes, mas também uma etapa a mais no processo, e alonga o tempo de produção em mais quatro semanas. Do ponto de vista de negócios, isso significa mais custo. Mesmo assim, a Erdinger não abre mão de seguir a tradição e manter a alta qualidade da sua cerveja.

“Nós produzimos cerveja de trigo por mais de 130 anos, sempre de acordo com o método tradicional de dupla maturação da Baviera. Embora esse processo seja mais demorado e caro, continuaremos a mantê-lo. Para nós, e para mim pessoalmente, a qualidade está sempre em primeiro lugar. Para que os amantes da cerveja de trigo possam sempre desfrutar desta bebida excepcional”, afirma Werner Brombach, CEO atual da Erdinger.

Mestre-cervejeiro atestando as qualidade da Maturação Nobre Bávara
Dr. Stefan Kreisz, principal mestre-cervejeiro Erdinger

COM A PALAVRA: O MESTRE

O principal mestre-cervejeiro da Erdinger,  dr. Stefan Kreisz, reforça que a Maturação Nobre é muito importante para a conservação das propriedades da cerveja. “Graças à segunda fermentação após o engarrafamento, a pasteurização da cerveja não é necessária. Este processo de fermentação suave e natural garante que os ingredientes desenvolvam seus sabores completos”, diz.

Conheça mais sobre a HISTÓRIA DA ERDINGER: A CERVEJA DE TRIGO MAIS CONHECIDA E CONSUMIDA DO MUNDO!

O SELO

A ideia de colocar um selo nos rótulos para identificar o uso da Maturação Nobre foi posta em prática em 2020.

Atualmente, apenas as três cervejarias tradicionais são certificadas, mas outras cervejarias também podem solicitar o selo, através de um processo de certificação.

Selo Certificado do processo de Maturação Nobre Bávara

Mas para fazer essa solicitação, a cervejaria deve seguir as seguintes regras:

. O processo de produção da cerveja de trigo deve ter uma segunda maturação;

. A segunda maturação deve ter pelo menos 10 dias;

. A segunda maturação alcoólica deve ocorrer pela adição de fermento fresco;

. A cerveja de trigo deve ter uma contagem de células de levedura vivas, após o envase, de pelo menos 3 milhões;

. Nenhum processo de pasteurização deve ser feito;

. A cerveja de trigo deve ser produzida de acordo com a Lei de Pureza; e

. A cerveja deve corresponder à definição de cerveja de trigo bávara.

Há um site oficial do selo, disponível: https://www.bayerische-edelreifung.com

NA PRÁTICA!

E para quem quer provar na prática a eficácia da Maturação Nobre Bávara, sugiro degustar uma Erdinger Weissbier tradicional. Mas atenção na hora do serviço. Há um processo a ser seguido para garantir a melhor experiência com essa cerveja:

  1. Primeiro, o copo deve ser especial para uma Weissbier;
  2. Enxague o copo com água limpa e fresca e não seque;
  3. Incline o copo a mais ou menos 45° e sirva lentamente, deixando a cerveja escorrer sutilmente pela parede do copo;
  4. Não sirva tudo de uma vez! Deixe dois dedos da cerveja na garrafa;
  5. Agite a garrafa, rodando, para misturar bem a levedura que está no fundo;
  6. Sirva o restante de uma vez, com o copo reto, formando a espuma e uma coroa.

Seguindo esses passos você certamente irá perceber todos os benefícios da Maturação Nobre Bávara.

Ainda não tem seu copo especial da Erdinger? Então aproveite, e peça junto com a cerveja aqui na Confraria Paulistânia Store, para conhecer de perto a Bayerische Edelreifung.

Prosit!

IPA X APA… A BATALHA DE SABORES

IPA X APA… A BATALHA DE SABORES

Por Leonardo Millen, jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Também é um apaixonado por cervejas, tanto que escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o 

UMA MARCA COM DNA PAULISTANO – PARTE 6 VIADUTO DO CHÁ

UMA MARCA COM DNA PAULISTANO – PARTE 6 VIADUTO DO CHÁ

Por Henrique Carnevalli, t.izêro, Sommelier de Cervejas, amo música desde pirralho, noveleiro, corinthiano sofredor e cofundador do site RockBreja. Para dar continuidade ao texto do meu amigo Anderson R. Lobato, UMA MARCA COM DNA PAULISTANO – PARTE 5 TREM DAS ONZE, vamos falar agora da 

KÖNIG LUDWIG – UM CONTO DE FADAS CERVEJEIRO

KÖNIG LUDWIG – UM CONTO DE FADAS CERVEJEIRO

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, técnica Cervejeira e apresentadora. Correspondente audiovisual do Guia da Cerveja. @candysommeliere

Nada pode ser mais prazeroso do que trabalhar com amor e colocar o coração naquilo que se faz. Para mim, escrever sobre cervejas e conhecer novos rótulos são sempre um prazer, mas nesse caso especial eu me senti como uma princesa nesses contos de histórias com grandes castelos, que a gente lê em livros ou vê em filmes.

Receber a König Ludwig em na minha casa e poder degustá-la foi maravilhoso, porém o mais incrível foi saber toda a história que está por trás dessa cerveja e dessa cervejaria. Então, antes de qualquer coisa, vou contar pra vocês a saga da história dessa família real, responsável por grandes marcos na história da cerveja na Baviera e que se refletiu em todo mundo cervejeiro.

A König Ludwig Schloßbrauerei Kaltenberg continua a tradição cervejeira de 800 anos da casa de Wittelsbach. Isso se deve em particular as iniciativas de sua Alteza Real o Príncipe Luitpold da Baviera, que na década de 1970 começou a desenvolver uma empresa moderna a partir da pequena cervejaria no Castelo de Kaltenberg, 40 km a oeste de Munique.

A importante e aristocrática família Wittelsbach, não apenas moldou o destino da Baviera, mas também de grande parte da Europa ao longo do tempo. Política, arte e cultura estão intimamente ligados ao trabalho da família. Além da história da cerveja, que está sendo continuada hoje por Sua Alteza Real o Príncipe Luitpold da Baviera e o Rei Ludwig Schlossbrauerei Kaltenberg.

Mas vamos contar a história do começo:

1260 – LUDWIG – A GRAVIDADE

Ludwig, chamado de “der Strenge” nascido em Heidelberg, em 1229, onde também morreu em 1294, governou a Baviera de 1253 até a sua morte. Na verdade, ele entrou na herança junto com seu irmão Henrique XIII. Eles dividiram o Ducado e, mais velho, Ludwig ficou com o Palatinado e o Oberland da Baviera, o mais jovem Heinrich XIII, a rica Unterland com Landshut e o fértil Donaugäu.

O Duque Ludwig fez de Munique uma residência real, e porque a indústria cervejeira ainda estava em má forma, ele decretou em 1255 que “ain prewstatt”, uma cervejaria ducal, deveria ser criada.

De onde veio o apelido “o rigor”? Este é um capítulo trágico na vida do duque da Baviera. Ele suspeitou falsamente que sua primeira esposa havia cometido adultério e a executou. Em seu desânimo por causa desse erro de julgamento, ele iniciou a construção do mosteiro de Fürstenfeld em Fürstenfeldbruck. No local onde a König Ludwig Schloßbrauerei Kaltenberg tem hoje sua sede.

escola da konig ludwig
Schloss Kaltenberg

1516 – DUQUE WILHELM IV E A LEI DE PUREZA DA BAVIERA

Após a morte prematura de seu pai, o duque Albrecht, o Sábio, Guilherme IV, com apenas 15 anos, assumiu o governo da Baviera. Isso foi em 1508. A Baviera foi reunificada sob o governo de Albrecht, e a separação na Alta e na Baixa Baviera foi revertida.

Reinheitsgebot – Lei da Pureza

O duque Wilhelm IV., que governou junto com seu irmão Ludwig X., teve que suportar inúmeras guerras e se afirmar em tempos de levantes camponeses de Württemberg e da Reforma.

Ele é considerado o guardião do “católico antigo bávaro”, o fundador da grande galeria de quadros de Wittelsbach – e um homem renascentista que soube viver sua vida com gosto.

Há muitas coisas notáveis ​​com as quais o duque Wilhelm IV pode ser lembrado. Mas o regente da Baviera, que morreu em Munique em 1550, entrou para a história principalmente com o tópico (periférico) da “cerveja”.

“Provavelmente nenhum Wittelsbacher está tão intimamente ligado ao tema da cerveja como o Duque Wilhelm IV.”, Escreve Günter Albrecht em seu livro Königliche Braukunst. “Ele é corretamente considerado o pai da Lei da Pureza da Baviera, que moldou a indústria cervejeira da Baviera durante séculos”.

1601 – DUKE MAXIMILIAN I E O MONOPÓLIO DA CERVEJA DE TRIGO

Maximiliano I governou a Baviera a partir de 1595 junto com seu cansado pai, Wilhelm V. A partir de 1597 ele atuou como o único e enérgico regente – o que foi muito útil, porque seu governo começou com um enorme fardo de dívidas, que de alguma forma ficou sob controle.

Maximiliano I (nascido em 1573 em Munique, morto em 1651 em Ingolstadt) tomou várias medidas para manter a pesada hipoteca sob controle. Ele viu a possibilidade de uma reforma muito especial na indústria cervejeira. Naquela época, a cerveja de trigo era considerada uma “bebida inútil” e, com algumas exceções, a fabricação do produto de trigo era proibida em toda a Baviera. Até mesmo o duque Wilhelm IV, autor do Reinheitsgebot, deu permissão para usar trigo para a fervura do “cais de Weiß” de maneira regionalmente limitada.

Seu movimento por trás disso: a cerveja de trigo deve ser permitida e a concessão do direito de fabricar cerveja deve ser tratada como um privilégio ducal. Mais tarde, ele criou o famoso “monopólio da cerveja de trigo” e, assim, garantiu uma renda considerável para o estado – a cerveja de trigo se tornou muito popular. Com esta e outras medidas, ele reabilitou a Baviera. Outra razão pela qual a cerveja sempre foi mais do que apenas uma bebida gelada na Baviera e o ainda é hoje.

1810 – REI LUDWIG I E A OKTOBERFEST

Ludwig I, nascido em Estrasburgo em 1786 e falecido em Nice em 1868. Ele moldou Munique como nenhum outro monarca antes e como ninguém depois dele. E a Oktoberfest de Munique remonta a ele …

Pode-se dizer que Munique seria diferente se Ludwig I não tivesse dirigido o destino da cidade e do país. Durante seu reinado, a paisagem urbana foi redesenhada pelos famosos construtores Friedrich von Gärtner e Leo Von Klenze.

Ludwig e sua Therese

Em Königsplatz, o Propylaea e o Glyptothek, Ludwigstrasse como a nobre Via Triumphalis, tudo no estilo antigo que estava em voga naquela época, tudo monumental e ainda assim maravilhosamente integrado ao ambiente urbano.

O reinado de Ludwig I é considerado o tempo clássico, que não é mais visível do que Munique, a cidade com aspecto festivo. Quando se trata de festa, Ludwig I se superou. Em 17 de outubro de 1810, uma grande comemoração aconteceu em campo aberto na extremidade oeste do centro de Munique.

Ocasião: O casamento do príncipe herdeiro Ludwig (mais tarde Ludwig I) com a princesa Therese von Sachsen-Hildburghausen. “Deveria haver 40.000 pessoas nesta primeira ‘Oktoberfest’”, escreve Günter Albrecht em seu livro Königliche Braukunst.

Ele relata, também, que havia uma “alimentação pública” para a população mais pobre de Munique. Entre outras coisas, mais de 32.000 pãezinhos, quase 4.000 libras de queijo suíço. Ah, não vamos esquecer o mais importante: bons 350 hectolitros de cerveja !

 “A Oktoberfest de Munique, que remonta a Ludwig I, tornou-se a maior festa folclórica do mundo”. O que milhões de visitantes procuram e querem experimentar é a cerveja real.

oktoberfest onde foi servida a konig ludwig

Saiba mais: OKTOBERFEST: COMO SURGIU O MAIOR FESTIVAL DE CERVEJA DO MUNDO

1812 – REI MAX I DA BAVIERA E SUA LEI DE JARDIM DA CERVEJA

O decreto da cervejaria ao ar livre do Rei Max I (1756–1825) foi o marco para o fato de que nas verdadeiras cervejarias de Munique você ainda pode comer seus próprios lanches.

No entanto, este é apenas o efeito colateral cultural e histórico de um importante desenvolvimento da gastronomia no século XIX. Originalmente, a cerveja só podia ser produzida nos meses de inverno. Para poder produzir cerveja de baixa fermentação (Märzen) nos meses de verão – para a qual são necessárias temperaturas entre quatro e oito graus Celsius, ou seja, o resfriamento – os grandes cervejeiros tiveram a ideia de construir caves profundas no exterior a cidade, por exemplo, nas margens do Isar.

Nessas chamadas caves de verão, a cerveja amadurece em barricas, resfriadas com gelo natural. E nos dias quentes de verão os habitantes de Munique iam “à adega” em grande número para saborear a deliciosa cerveja. Essas adegas rapidamente se tornaram uma competição ameaçadora para os pequenos cervejeiros e estalajadeiros. Sua reclamação foi ouvida pelo rei, em 1812 ele emitiu a ordenança salomônica:

“Os cervejeiros locais deveriam ter permissão para usar seu próprio Märzenbier em suas próprias caves de março a setembro e servir seus convidados lá com cerveja e pão”. No entanto, eles foram expressamente proibidos de servir comidas e outras bebidas.

Jardim de Cerveja – Só em Munique, endereço da mais famosa festa da cerveja do mundo, existem 180 jardins de cerveja. O maior deles é Hirschgarden, que comporta até oito mil pessoas com suas canecas! A cidade também abriga jardins preservados desde a época do decreto do rei, como o tradicional Augustiner Biergarden, declarado mais antigo do local.

1868 – REI LUDWIG II

O rei, que ainda é apaixonadamente reverenciado na Baviera e admirado em todo o mundo, realizou muito mais nos campos da ciência, sociedade e cultura do que parece à primeira vista. Sua fama é tão grande, entretanto, que algumas facetas dessa importante personalidade muitas vezes não são mencionadas.

Em março de 1864, aos 18 anos, ele sucedeu a seu pai Maximiliano II, que faleceu inesperadamente. Quando ele visitou o prado do festival (Oktoberfest) como rei em 2 de outubro, mais de 100.000 pessoas o aplaudiram. Ludwig II foi e é venerado e amado pelo povo – desde o início até hoje.

Royal Polytechnic School de Munique

Além de seu gosto pelas artes e poesia, ele sempre teve um grande interesse por tecnologia e suas inovações. Para ficar com o tema cerveja: aqui também ele deu início ao progresso técnico. A Royal Polytechnic School de Munique foi fundada durante seu reinado. “E isso logo incluiu o departamento de cerveja, onde a cerveja e a tecnologia de alimentos, entre outras coisas, ainda são ensinadas até hoje”, pode ser lido na “Arte Real da Cerveja” de Günter Albrecht.

Digno de nota neste contexto: Carl Linde apresentou teorias sobre máquinas de refrigeração em uma palestra na Royal Polytechnic School em 1870. O mestre cervejeiro de Munique, Gabriel Sedlmayr, fez com que a Linde construísse essa máquina – com um sucesso impressionante! A partir de 1876, graças a Linde, Sedlmayr e Ludwig II, foi possível cerveja estável, independentemente da estação e do clima. Um grande passo para a indústria cervejeira – e um primeiro passo na tecnologia de refrigeradores, que logo se tornou parte integrante da vida cotidiana.

No entanto, o rei Ludwig II também costumava se retirar. Ele procurava solidão, várias vezes fugiu para o silêncio de seus castelos e finalmente morreu em 13 de junho de 1886 aos 41 anos.

Ele era uma personalidade grande e complexa. O Castelo de Neuschwanstein (capa do post), o Castelo Linderhof e o Castelo Herrenchiemsee são monumentos culturais mundialmente famosos de primeira ordem. E, como o próprio rei, eles são um símbolo da Baviera de então e agora.

Schloss Linderhof

2021 – SUA ALTEZA REAL O PRÍNCIPE LUITPOLD DA BAVIERA

O príncipe Luitpold da Baviera, nascido em 1951 no castelo Leutstetten, não muito longe do lago Starnberg, é bisneto do último rei da Baviera, Ludwig III. É um descendente direto do Rei Ludwig I.

fábrica konig ludwig

Aos 25 anos, o Príncipe Luitpold assumiu a administração da pequena, mas tradicional, cervejaria do Castelo de Kaltenberg.

Ele “modernizou gradualmente a tecnologia cervejeira e mudou a estratégia de vendas e marca”, como afirma Günter Albrecht em seu notável livro Königliche Braukunst.

Contrariando a tendência do mercado cervejeiro, inicialmente apostou na cerveja escura, como era apreciados nos chamados bons velhos tempos, na época do Príncipe Regente. E ele teve sucesso!

A König Ludwig Dunkel se tornou uma cerveja cult, líder de mercado no segmento de cerveja escura e uma verdadeira especialidade de cerveja real.

Nos anos seguintes, o Príncipe Luitpold conseguiu expandir a cervejaria, adquirindo novos locais e com as marcas König Ludwig Weissbier e König Ludwig Hell, inicialmente na Alemanha, e logo também internacionalmente.

Hoje, atua como embaixador de sua cerveja real em muitos países.

Saiba mais sobre cervejas bávaras em A BAVARIA QUE AMAMOS!

O BRASÃO DE WITTELSBACHER

O grande brasão bávaro remete à uma longa tradição. Os símbolos apresentados estão profundamente enraizados na história da Baviera. Os elementos heráldicos do tem cada um, um significado especial:

O LEÃO DOURADO: No quadrado acima à esquerda encontra-se o leão dourado em um quadrado preto. Originalmente ele era o símbolo do Conde Palatino do Reino. Após a nomeação do duque bávaro Ludwig no ano de 1214, como Conde Palatino, este serviu durante séculos como uma característica comum da antiga dinastia de Wittelsbacher bávara e palatina.. Hoje, o leão palatino ereto, dourado e vermelho intenso, lembra o distrito administrativo do Alto Palatinado.

explicação sobre o brasão da konig ludwig

O ANCINHO DA FRANCÔNIA: O segundo quadrado é dividido em vermelho e branco (prata). Este “ancinho“ surgiu em 1350 como brasão de algumas regiões do Bispado de Würzburg e em torno de 1410 nos selos dos bispos príncipes. Hoje o ancinho da Francônia é usado para as regiões administrativas da Alta, Média e Baixa Francônia. 

A PANTERA AZUL: A parte inferior à direita, mostra uma pantera ereta em azul com reforço em dourado em fundo branco (prata). Ela foi originalmente criada para o brasão do Conde Palatino de Ortenburg residente na Baixa Baviera (século 12). Mais tarde, a dinastia de Wittelsbach assumiu a pantera. Hoje a pantera azul representa os antigos distritos governamentais bávaros da Baixa e da Alta Baviera.

O ESCUDO DE CORAÇÃO BRANCO E AZUL: O escudo de coração tem losangos diagonais em branco (prata) e azul. Após ele ter servido como brasão na época (1204) pelo conde von Bogen, este escudo de coração foi adotado em 1247 pelos Wittelsbachern como brasão oficial. Os losangos brancos-azuis são os símbolos bávaros. Hoje o brasão de losangos simboliza a Baviera como um todo. Com a coroa do povo ele também é utilizado oficialmente como o pequeno brasão bávaro.

A COROA DO POVO: Ela consiste de um arco dourado decorado com pedras, o qual é composto com cinco folhas ornamentais. A coroa do povo, que é encontrada pela primeira vez no brasão de 1923, simboliza a soberania do povo após a abolição da coroa real.  

REALEZA ENGARRAFADA!

Bem, depois de nos edificarmos culturalmente com tanta história, é chegada hora de falar das cervejas.

konig ludwig weiss

Tive o deleite em degustar König Ludwig Weissbier Hell e devo dizer que foi uma experiência fantástica.

Uma cerveja de trigo, turva, com dourado intenso e incrível delicadeza de aromas e sabores. Trazendo os já tradicionais e esperados, aromas de cravo e banana, ela apresenta também uma leve picância e sabores frutados. Com 5,5 de ABV , baixo amargor e excelente carbonatação, ela é uma cerveja bastante refrescante.

Então, aproveitando um belo domingo de sol, resolvi fazer um prato picante para harmonizar. No final deste artigo, disponibilizo a receita.

konig ludwig dunkel

A outra maravilha é a König Ludwig Dunkel, eleita em 2019 a cerveja escura nº 1 da Alemanha!

A clássica é feita usando o processo de fabricação tradicional – em uma panela de cobre.

O malte de cevada escuro dá à cerveja sua cor típica e cria um sabor caramelo. Em combinação com os melhores lúpulos de aroma, cria-se uma cerveja com um sabor ligeiramente amargo, esta Ale tem teor alcoólico 5,1%.

É, sem dúvida, o culminar da tradição real da cerveja!

Para você resolver essa curiosidade misturada com a enorme vontade de degustar esses incríveis exemplares da König Ludwig, entre já no site da Confraria Paulistânia Store e receba em casa, com todo conforto e segurança!

RESISTA SE FOR CAPAZ!

Receita para harmonizar: Tulipa de Frango Marinado na Weissbier

600 gramas de coxinhas das asas
01 limão
350 ml de weissbier
01 colher de sopa de sal
01 colher de sopa de páprica picante
Pimenta do reino a gosto

Modo de preparo:
Com as coxinhas das asas descongeladas, lave-as com suco de um limão e depois passe na água corrente. Coloque uma colher de sopa de sal marinho, uma colher de sopa de páprica picante e pimenta do reino a gosto. Espalhe o tempero com as mãos até que as coxinhas fiquem bem temperadas, depois leve as um recipiente alto de vidro colocando a ponta das coxinhas (osso) para cima então regue com 350 ml de Weissbier e deixe marinar por 40 minutos. Escorra o liquido e leve-as para assar numa churrasqueira a brasa, virando de lado, eventualmente até dourar.
Pronto, quando as coxinhas estiverem bem douradas e você sentir a crocância, elas estão prontas para o consumo, então aproveite e harmonize com a sua König Ludwig Weissbier Hell geladinha!

harmonização de konig ludwig com asinhas de frango