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VIVA A REPÚBLICA TCHECA!

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Por Leonardo Millen, jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Apaixonado por cervejas, escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o portal definitivo de notícias sobre bebidas 

UNA BIRRA, PER FAVORE!

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Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira. O NORTE DA ITÁLIA REGADO ÀS CRIAÇÕES DE TEO MUSSO Ciao amicelli. Dessa vez quero propor a vocês um passeio pelo norte da Itália, e o veículo 

MULHERES: DEUSAS CERVEJEIRAS

MULHERES: DEUSAS CERVEJEIRAS

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, Técnica Cervejeira e apresentadora. Correspondente audiovisual do Guia da Cerveja. @candysommeliere

Ahhh, as mulheres! Não apenas seres humanos classificadas pelos cromossomos XX, mas com certeza seres humanos especiais.
O que define uma mulher? Eu definiria uma mulher utilizando apenas um adjetivo, se assim precisasse escolher apenas um: cuidadosa!

Sim, sabemos que as mulheres estão ao cuidado. Seja da casa, seja dos entes queridos, seja dos alimentos ou até mesmo o cuidado de um grupo de pessoas. Eu atribuo a palavra cuidado às mulheres, mas isso não é de hoje se pensarmos que há aproximadamente 9000 anos atrás, na então Mesopotâmia as mulheres estavam feitas ao cuidado.

Esse cuidado não apenas com uma casa, com a prole, mas também com alimentação, e, foi assim, que as mulheres tiveram o cuidado de descobrir e conhecer, para trazer a toda humanidade, o fermentado de cerais que moldou a história através das civilizações: A Cerveja!

Foram as Sumérias! As mulheres não apenas descobriram a cerveja como durante muitos séculos foram responsáveis por produzi-las e servi-las. Mulheres e cerveja tem uma tradição primordial e milenar.

Leia também: CONHEÇA A HISTÓRIA DA CERVEJA NO MUNDO

NINKASI, DEUSA DA CERVEJA

Diferente de como vemos a cerveja de hoje, uma bebida alcoólica restrita ao consumo de maioridade, nesta época a cerveja na verdade era um alimento sagrado sem qualquer restrição de consumo. Alimento este que trazia nutrição ao corpo e ao espírito, sendo parte essencial da nutrição diária. E assim, claro, as mãos cuidadosas das mulheres, proporcionaram para a humanidade a replicação e elaboração dessa bebida sagrada

Temos por exemplo um documento muito antigo, sobre o Hino a Ninkasi, a Deusa da Cerveja um poema escrito pela civilização Suméria, leia uma parte deste Hino:

“Nascida da água corrente
Delicadamente cuidada por Ninhursag
Nascida da água corrente
Delicadamente cuidada por Ninhursag
Tendo fundado sua cidade pelo lago sagrado
Ela rematou-a com grandes muralhas por você, Ninkasi, fundando sua cidade pelo lago sagrado
Ela rematou-a com grandes muralhas por você
Seu pai é Enki, Senhor Nidimmud
Sua mãe é Ninti, a rainha do lago sagrado
Você é a única que maneja a massa, com uma grande pá
Misturando em uma cova o bappir com ervas aromáticas doces
Ninkasi, você é a única que maneja a massa com uma grande pá Misturando em uma cova o bappir com tâmaras ou mel
Você é a única que assa o bappir no grande forno
Coloca em ordem as pilhas de sementes descascadas
Você é a única que rega o malte jogado pelo chão
Você é a única que embebe o malte em um cântaro Quando você despeja a cerveja filtrada do barril coletor, é como os barulhos dos cursos do Tigres e do Eufrates “

Ninkasi

AOS OLHOS DE CERES

Império Romano o consumo de cerveja era intenso e temos agora uma outra deusa sim a deusa que representa o cuidado e a cerveja: Ceres!
Ela é a experiência da maternidade não só fisicamente, mas a experiência da grande mãe, da descoberta do corpo como algo precioso e valioso que requer muita atenção.

Significa os prazeres simples da vida, a conscientização que somos parte da natureza. Ceres representa uma sabedoria não racional que vem da natureza da capacidade de esperar até que as coisas estejam maduras para agir. Não seria esse fundamento do plantio da colheita dos grãos?

Ceres também está relacionada intimamente a cerveja que em latim é grafada Ceres Visia – “Aos Olhos de Ceres”. Empresta, também, a levedura de alta fermentação, cujo nome científico é Saccharomyces Cerevisiae.

Ceres é a deusa das plantas que brotam e do amor maternal.

BRÍGIDA, A SANTA ALQUIMISTA

Já na difícil tarefa que a humanidade teve de transformar-se em monoteísta, podemos citar uma santa: Brígida de Kildare. Ela viveu entre 451 e 525 e é santa padroeira da Irlanda. Exatamente, não só de São Patrício é feita Irlanda! Santa Brígida, uma freira abadessa que tem sua data litúrgica comemorada em 1 de fevereiro dia em que se festeja o início da primavera.

Santa Brígida tem o mesmo nome de uma antiga Deusa pagã e muitas lendas e costumes, relacionam a sua biografia. Inclusive estudiosos sugerem que ela é nada menos do que a cristianização da entidade pagã. Existe uma tese na Irlanda que defende que ela foi uma grande liderança druida, uma alquimista.

Santa Brígida era conhecida por sua profunda espiritualidade, caridade, compaixão e pelo amor a cerveja.

Em um dos seus mais célebres milagres, durante um trabalho em uma colônia de leprosos ela transformou água suja, usada nos banhos, em cerveja de excelente qualidade. Naquele período a bebida sagrada ou santa bebida, era uma fonte segura de hidratação e nutrição, dadas condições sanitárias precárias.

Em outra ocasião ela realizou um milagre de multiplicação da cerveja e abasteceu 18 igrejas da região. O suficiente para abastecer todo o período da Quaresma.

Além disso tudo, existe um poema do século X atribuído a Santa Brígida que começa com as seguintes palavras:

 “Eu gostaria de ter um grande lago de cerveja para oferecê-lo a Deus
   Eu gostaria, como os anjos do céu, de estar lá bebendo por toda a eternidade

   Eu me sentaria com os homens, as mulheres e Deus, perto do lago de cerveja estaríamos bebendo à boa saúde para sempre e cada gota seria uma oração”

SANTA HILDEGARD, A VANGUARDISTA

Hildegard Von Bigen nascida em 1098, viveu até 17 de setembro de 1179. Conhecida como a sibila do Reno, ela foi uma freira beneditina muito especial e totalmente dedicada à igreja. Grande teóloga, era tida como mística, além de compositora e dramaturga. Hildegard era naturalista e uma espécie de médica informal.

Personalidade pouco citada e conhecida pelo grande público moderno, ela rompeu muitas barreiras de preconceitos contra as mulheres que existia no seu tempo e foi respeitada como autoridade em assuntos teológicos, louvada pelos seus contemporâneos.

Hildegard é uma figura ímpar até mesmo para os dias modernos, podemos  imaginar então como era vanguardista sua atuação em pleno século XII.

Suas conquistas tem poucos paralelos mesmo entre os homens mais ilustres eruditos da sua geração, ela tem vários extenso escritos que mostram a sua percepção mística integrada ao universo. Brilhantemente, Hildegard harmoniza corpo e espírito entre a natureza da vontade humana e a graça divina.

E para nós, amantes da cerveja, vale dizer que ela revolucionou a fabricação de cervejas que até então era feita sem lúpulo. Exatamente! A freira beneditina Hildegard Von Bigen descobre o lúpulo e faz os primeiros registros da utilização na cerveja só que de uma forma bem diferente da atual, pois o lúpulo foi introduzido como conservante natural que aumentaria a vida útil da cerveja.

Hoje sabemos que a característica bacteriostática do lúpulo trazia benefícios incríveis para a conservação da bebida.

A descoberta de Hildegard levou alguns séculos para se tornar regra, até a instituição da famosa lei da pureza alemã em 1516 na região da Baviera. Assim tornou-se obrigatório o uso de lúpulo em cervejas no país, o que foi adotado na Inglaterra por volta de 1600 e assim por diante.

Hoje praticamente não existem cerveja sem adição de lúpulo em sua composição.

Brilhantemente, Hildegard harmoniza corpo e espírito entre a natureza da vontade humana e a graça divina.

ESPOSAS ALE

Trazendo para um panorama generalizado, vale ressaltar que a cerveja dos Vikings era feita por mulheres em torno do século VIII antes de Cristo. Da mesma forma em todas as sociedades do norte da Europa.

Na Inglaterra as mulheres produziam a bebida em casa e as vendiam como meio de incrementar o orçamento familiar, eram conhecidas como Alewifes ou Esposas Ale.

A Inglaterra foi um dos mais importantes lugares para popularização da cerveja, com hábito de consumo nas três refeições diárias, incluindo café da manhã.

A rainha Elizabeth I, disse certa vez:

“Uma refeição perfeita é feita com pão queijo e cerveja”.

CALDEIRÃO, BORBULHAS, VASSOURA E GATO

Estima-se com tudo que foi em meados do século XV, que o desenvolvimento e fabricação da bebida começou a ser retirado das mãos do universo feminino e aos poucos a ser ressignificado como um elemento masculino.

Em plena crise da Idade Média, os movimentos considerados hereges pelo Estado, proibia e perseguia qualquer tipo de irmandade ou organização feminina e, foi assim que teve início o que foi conhecido como período de caça às bruxas.

Esse período identificou as mulheres que fabricavam cerveja como bruxas, afinal para fabricar a bebida é necessário um caldeirão. Quando a bebida começava a fermentar o líquido do caldeirão borbulhava e se movia diante dos olhos como uma poção mágica.

Mulher cervejeira na Idade Média

Para mexer o caldeirão era necessário um grande pedaço de madeira com ramos na ponta, parecendo uma vassoura. Como trabalhavam com cereais como o malte, o ambiente ficava propício ao surgimento de ratos e nada melhor pra espantar os ratos do que um gato.

Então: um caldeirão, uma poção mágica, uma vassoura e um gato; estão aí todos os elementos que identificam uma bruxa. Tal perseguição, em seu cerne, não tinha um verdadeiro cunho religioso, mas objetivo de conter a lucratividade que as mulheres pudessem ter na venda de suas cervejas.

Desta forma as mulheres foram queimadas na fogueira e os homens aos poucos se apoderando da bebida, passando a lucrar o dinheiro que antes era exclusivo das mulheres. Este processo de apropriação se deu no século XV e foi até meados do século XVIII.

Surje a Revolução Industrial e as novas tecnologias de fabricação em larga escala. Como se não bastasse, mulheres não podiam ser donas de propriedades nem pedir empréstimo em bancos o que as impedia de, por exemplo, abrir sua própria fábrica de cerveja. No final do século XVIII não só feitura havia se tornado um trabalho totalmente masculino.

SAIBA QUAL É A HISTÓRIA DA CERVEJA NO BRASIL aqui

MULHERES NO BRASIL

Agora na cena brasileira, eu gostaria de destacar uma personalidade incrível. Uma mulher que é referência pra todas nós, não apenas aquelas que trabalham dentro do universo cervejeiro, mas para todas as mulheres do mundo: Cilene Saorin!

Com o currículo impressionante, Cilene é conhecida internacionalmente por seus trabalhos e estudos cervejeiros. Ela tem se dedicado às cervejas, nos últimos 28 anos, por alguns cantos deste planeta. É mestre-cervejeira, sommelière e diretora de educação da Doemens Akademie para América Latina e Península Ibérica.

Mas o que eu quero trazer a destaque dessa grande personalidade cervejeira é seu trabalho com relação a equidade e a inclusão social no mercado cervejeiro principalmente no trato as mulheres e das minorias.
Uma das frases da Cilene que mais me marca, é que o dinheiro segue a visão. Essa é a mais pura verdade. Então, abaixo separei aspas que considero bem importantes sobre o aspecto de equidade por Cilene.

” Como um lembrete importante para contribuir na longevidade dos negócios: “o dinheiro segue a visão. E a visão é humanista.” Não há outro caminho; esse é o único caminho para a existência humana. Do (ainda inevitável) capitalismo, que seja então um capitalismo inteligente.  Somos pura diversidade. Por coexistência, inclusão e representação, sempre. Temos diferentes vivências no tempo e no espaço. Exercitemos o senso de comunidade e encontremos o caminho do meio. (Vamos lá, comunidade cervejeira!). Educação para transformação e evolução ética. Com a equidade social (transversal), todos ganham muito – inclusive dinheiro.”

Num atrevimento, resolvi perguntar para algumas mulheres do meio cervejeiro, a seguinte indagação: Trabalhar com cerveja e ser mulher, significa o que pra você? Veja abaixo as respostas:

“Trabalhar com cerveja e ser mulher é desafiador. Ainda é preciso trabalhar contra preconceitos e buscar um meio menos inóspito para nós mulheres sermos ouvidas, respeitadas e acolhidas. Mas também é muito gratificante. Vemos que cada vez mais mulheres têm ocupado posições em diversas áreas e estão se sentindo a vontade para consumirem cerveja, e que boa parte do mercado tem se preocupado com isso.”
Por Beatriz Cury – Supervisora de Vendas e Marketing na Cervejaria Nacional

“Trabalhar com cerveja pra mim é um aprendizado todos os dias, conhecer pessoas e lugares é a melhor parte. O trabalho é árduo e feroz, num ambiente que já foi de domínio masculino. Hoje é mais fácil encontrar profissionais mulheres em diferentes áreas. Eu luto todos os dias para impor minhas condições do trabalho, remuneração e, acima de tudo, ter respeito como mulher e como uma profissional com quase dez anos de experiência.”
Por Catarina Sour Consultora Comercial da Premium Brands – RJ

“Ser mulher em um meio masculinizado, que foi masculinizado, e ser conhecida nesse meio, é um misto de se sentir responsável por representar as mulheres do mercado, e ao mesmo tempo, ter que sempre se esforçar a mais, tanto pra impor respeito, como também por ter que provar sempre que sabe do que está falando!” Por Cris Krause – Sommeliere e Embaixadora da Cervejaria Tarantino.

Gabriella Rubens

“Minha relação com a cerveja me fez ser e me sentir mais forte. Esse lugar de fazer e trabalhar com cerveja foi feminino, deixou de ser, e a partir daí as mulheres acabaram não sendo bem vistas nesse espaço cervejeiro. Lutar por um lugar nesse espaço é uma experiência que em primeiro momento machuca, mas a partir do momento que você entende tudo que acontece e quais barreiras vão existir você pode aprender muito.
Ser brasileira na Bélgica, estudando, pesquisando cervejas e convivendo com Valões e Flamengos é a experiência mais enriquecedora que tive. Me preparei bastante para ter o respeito, e assim a colaboração deles.”
Por Gabriella Rubens – Sommelière especializada em Escola Belga

“É muito apaixonante e ao mesmo tempo necessário.
Apaixonante pela experiência incrível de olhar para um copo de cerveja e enxergar todo o processo, o esforço e atenção que existiu em busca da melhor cerveja. Necessário para mostrar que, apesar de ser um meio muito masculino ainda, temos mulheres muito capazes atuando no meio e que estaremos sempre de portas abertas para tantas outras profissionais sensacionais que estão por vir.”
Por Marina Pascholati – Supervisora de Produção na Cervejaria Bohemia

HARMONIZAÇÃO, PARA NÃO PERDER O COSTUME

Quem me conhece sabe o que é o final de cada artigo eu tenho sempre a delicadeza de trazer uma cerveja e sua devida harmonização. Falando de cuidado, eu trouxe a Faro Boon. Uma cerveja que sem dúvida é feita com extremo cuidado e delicadeza.

A Faro boom é uma cerveja de fermentação espontânea resultante do blend entre uma “meertsbier” e uma Lambic. Agridoce, com aroma e sabor furtado remetendo a maçã verde e pera. A sua coloração acobreada, assim como o sabor agridoce, é obtida pela adição de candy sugar logo antes do engarrafamento. Contraponto perfeito entre adocicado do Candy Sugar e acidez da fermentação espontânea.

Para harmonizar essa maravilha eu trouxe um prato bem fácil de fazer, maçãs verdes flambadas ao Gin, acompanhadas com sorbet de Amarena Fabbri (cereja silvestre italiana). Claro que o sorvete eu comprei numa excelente sorveteria, aqui no bairro Vila Romana. Mas vamos a receita das maçãs flambadas.

Ingredientes:

Para cada duas bolas de sorvete use:

01 maçã verde

01 colher de sopa de manteiga

02 colheres de sopa de açúcar

100ml de Gin

Modo de preparo:

Cuidadosamente descasque as maçãs retirando a casca, gentilmente, sem perder a poupa. Corte as maçãs em tiras de aproximadamente 2 cm.

Numa frigideira antiaderente, a fogo baixo, coloque a colher de sopa de manteiga. Assim que a manteiga derreter e não deixe ela queimar adicione duas colheres de sopa de açúcar. Quando o açúcar se integrar a manteiga formando um caramelo coloque delicadamente as tiras de maçã e vire tão logo ela fique acobreada.

Com as maçãs caramelizadas adicione o Gin e com um palito de fósforo aceso, flambe as maçãs. Quando o álcool se dissipar desligue o fogo sirva o sorvete no prato, logo após coloque as maçãs flambadas. O calor irá derreter o sorvete, mas isso não é um problema e sim um charme delicioso.

Eu sei que agora você ficou com muita vontade de harmonizar essa sobremesa que é fácil, prática e extremamente deliciosa.
Acesse já o site da Confraria Paulistânia Store e na tranquilidade da sua casa reproduza essa harmonização.  A Faro Boon está esperando seu clique!

TROOPER IPA – HABEMUS A ORIGINAL DA INGLATERRA

TROOPER IPA – HABEMUS A ORIGINAL DA INGLATERRA

Por Leonardo Millen, jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Apaixonado por cervejas, escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o portal definitivo de notícias sobre 

CERVEJAS PARA FESTAS

CERVEJAS PARA FESTAS

TRISAL PERFEITO: EU, A GASTRONOMIA E A CERVEJA Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira. Olá meus amigos, “discípulos de Ninkasi” a deusa suméria da cerveja. AIiás vale citar que os sumérios já 

A LAGER MAIS POTENTE DO MUNDO!

A LAGER MAIS POTENTE DO MUNDO!

SAMICHLAUS – O LICOR DAS CERVEJAS

Por Rodrigo Sena, jornalista, sommelier de cervejas especializado em harmonizações, técnico cervejeiro, criador de conteúdo para o YouTube e o Instagram @beersenses

Eu tenho uma história natalina para vocês, e eu adoro contar histórias. Mas essa não é uma qualquer, é uma tremenda história, com fatos que aconteceram em diferentes partes do mundo, em diferentes épocas, e que foram unidos pela cerveja – ah, sempre a cerveja para unir histórias e deixar nossa vida melhor!

São Nicolau – padroeiro das crianças

Vou começar com a história de Nicolau, que viveu no século IV na cidade portuária de Myra, que naquela época pertencia à Grécia, mas hoje é a cidade de Demre na Turquia.  Diz a história que ele nasceu em uma família muito rica e que depois da morte de seus pais se desapegou de tudo, dando dinheiro e assistência aos pobres, principalmente às crianças.

Em uma de suas boas ações, Nicolau evitou que um pai falido enviasse suas três filhas crianças à prostituição, jogando três sacos de moedas de ouro pela chaminé da casa da família. Os sacos caíram em cima das meias das moças, que estavam secando à beira da lareira.

Logo as histórias de bondade de Nicolau ganharam fama e cruzaram fronteiras. Por toda a Europa, os relatos sobre Nicolau começaram a ganhar forma de lenda, até que a Igreja Católica o canonizou, e ele se tornou São Nicolau.

Bom, o resto da história vocês já conhecem: São Nicolau virou base para a criação da imagem do Papai Noel, que recompensava crianças bondosas com sacos de presentes jogados pelas chaminés das casas. A figura do Papai Noel, inclusive, se parece muito fisicamente com a aparência de São Nicolau.

A CERVEJA E SÃO NICOLAU

Agora você pensa: mas e o que isso tem a ver com cerveja? Então vamos já ao link dos dois mundos: em 1979, Albert Hürlimann, mestre cervejeiro e grande referência mundial no estudo de leveduras, criou na sua cervejaria na Suíça, a receita de uma Lager potente, baseada nas Doppelbocks alemãs, mas com um processo de fermentação diferenciado, mais longo, por 10 meses, e deixando a cerveja mais seca do que as primas alemãs.

Essa cerveja chegou a incríveis 14% de álcool por volume (abv), sendo conhecida como a Lager mais forte do mundo. Hürlimann produziu a cerveja no dia 06 de dezembro de 1979, dia de São Nicolau, e batizou sua criação de Samichlaus, que significa São Nicolau em um dialeto suíço-alemão.

A SAMICHLAUS

Cervejaria Hürlimann onde era fabricada a Samichlaus atualmente
Hürlimann – a cervejaria que virou spa

Por 17 anos, a cervejaria Hürlimann produziu a Samichlaus somente no dia 06 de dezembro, tornando não só a cerveja rara por ser apenas feita uma vez por ano, mas também uma tradição natalina. Até que, em 1997, a cervejaria faliu. Por 3 anos a Samichlaus deixou de ser produzida.

Foi quando na virada do milênio, a Pivovar Eggenberg, uma histórica cervejaria da cidade de Graz, nos Alpes Austríacos, assumiu a receita da Samichlaus e retomou as brassagens conforme a tradição, sendo feita apenas no dia 06 de dezembro.

AS ORIGENS DA EGGENBERG

Aqui vale a pena um parêntese para falar da rica história da Pivovar Eggenberg. É uma trajetória cheia de mudanças, altos e baixos, que remonta ao século 14, quando a família Rosenberg produzia cervejas no castelo de Český Krumlov, na República Tcheca. Em 1625, os Rosenberg transferiram a produção para o castelo nos Alpes na Áustria e, em 1628, Hans Ulrich von Eggenberg assumiu a cervejaria, dentro do Castelo que ganhou o nome da família: Schloss Eggenberg.

Palácio Eggenberg / Patrimônio Mundial da UNESCO
Palácio Eggenberg / Patrimônio Mundial da UNESCO

Em 1717, com a morte do último representante masculino da família Eggenberg, aos 13 anos de idade, a família Schwarzenberg passou a controlar a cervejaria, mas manteve o nome, até em função do Castelo onde estava localizada. É aí que começa a história de sucesso da empresa. A produção aumentou muito, chegando a 350 mil litros no final do século XIX.

HASTA LA VISTA, BABY!

Aliás, enquanto eu fazia minha pesquisa para esse texto, descobri que a cidade de Graz, que abriga a Pivovar Eggenber, é também a cidade onde nasceu o ator e político Arnold Schwarzenegger, famoso por interpretar o Exterminador do Futuro nas telas dos cinemas. Isso foi só uma curiosidade mesmo, nada a ver com a cerveja!

O ENCONTRO DA SAMICHLAUS E DA EGGENBERG

Taça da cerveja Samichlaus

A cervejaria Eggenberg se especializou em produzir Lagers potentes. Por isso, a tradicional receita da Samichlaus caiu como uma luva para eles. Mas para conseguir reproduzir fielmente a mesma receita, a Eggenberg contou com a colaboração inicial dos cervejeiros da Hürlimann. Com isso, o rótulo passou a se chamar Samichlaus Classic, com o perfil sensorial igual ao da original, com uma explosão de notas sensoriais, que lembram geleias de frutas vermelhas, frutas pretas, mel e condimentos.

Com sua expertise em lagers potentes, a Eggenberg criou uma segunda versão da Samichlaus, envelhecida em barris de carvalho que anteriormente maturaram whisky, e que foram feitos com madeira da floresta de Wienerwald, que fica nos arredores de Viena. Essa é a Samichlaus Barrique, com os mesmos 14% abv, mas com um perfil sensorial diferente da original, ganhando notas de baunilha, mais amadeiradas, vindas dos barris e do whisky.     

Adega cervejaria Samichlaus

Preciso ressaltar que, tecnicamente, não é nada fácil produzir Lagers potentes e complexas, como a Samichlaus. Produzir uma boa Lager requer muito mais rigidez no processo, maior disciplina e controle de qualidade. Não que para produzir Ales isso também não seja necessário, claro que é sim, mas é que se houver uma falha, por menor que seja, ela ficará muito clara e evidente em uma Lager, enquanto uma Ale pode às vezes encobrir pequenos “deslizes” da produção.

Outro fator que observo é a variedade de Lagers que a cervejaria produz. Muita gente pensa que Lager é um estilo, mas não é. Lager é uma família que contém diversos estilos. Para saber mais recomendo ler o texto que fiz para este mesmo blog detalhando O FABULOSO MUNDO DAS LAGERS.

A SAMICHLAUS NA SUA CASA!

Rodrigo Sena e as cervejas Eggenberg

O que vocês acharam de todas essas histórias estarem unidas em uma cerveja? Espetacular não? Agora, e se você pudesse receber tudo isso bem aí, no conforto do seu lar? A boa notícia é que sim, você pode! Confraria Paulistânia Store entrega para você as duas versões da Samichlaus: a Classic e a Barrique, para abrilhantar as suas festas de fim de ano. Receba em casa essas cervejas singulares e históricas! Eu já garanti as minhas com todo o conforto e segurança, aqui através da Confraria Paulistânia Store. Recomendo para vocês!

Desejo boas festas a todos, curtam com responsabilidade! Saúde!

SAAZ PARA CÁ!

SAAZ PARA CÁ!

SANTA HILDEGARD E O LÚPULO NOSSO DE CADA DIA Por Leonardo Millen, jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Apaixonado por cervejas, escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa 

8.6 O MÁXIMO EM CERVEJA!

8.6 O MÁXIMO EM CERVEJA!

Gijs Swinkels, Geert van Iwaarden, Peer Swinkels, Stijn Swinkels, Angelique Heckman and Pieter Swinkels DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO, A 8.6 CONTINUA PODEROSA! Por  Henrique Carnevalli, t.izêro, Sommelier de Cervejas, amo música desde pirralho, noveleiro, corinthiano sofredor e cofundador do site RockBreja. Umas coisa que sempre 

A ITÁLIA EM SÃO PAULO

A ITÁLIA EM SÃO PAULO

NEM SÓ DE VINHO VIVE A BOTA

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, técnica Cervejeira e apresentadora. Correspondente audiovisual do Guia da Cerveja.

Embora reconhecida pela produção e consumo de vinho, a Itália é muito bem representada quando o assunto é cerveja.  A Birra Baladin é uma cervejaria localizada na pequena comuna de Piozzo, província de Cuneo com pouco mais de 1.000 habitantes. Ela surge em 1986, servindo rótulos do mundo, principalmente cervejas belgas, mas é em 1996 que a então Le Baladin passa a produzir sua própria cerveja. Nascem uma Blond e uma Ambrèe, servidas apenas nas torneiras da casa.

Leia também: A CERVEJA DOS MONGES

Um ano depois a mágica acontece e a primeira cerveja da Baladin é engarrafada, e ela não poderia ter um nome mais emblemático, Super. Uma Belgian Strong Amber Ale, com 8% de teor alcoólico, amargor presente nos seus 34 IBUs,  com uma complexidade de aromas e sabores compostos por notas frutadas, complementadas por baunilha, toffe, amêndoas e leve laranja.

Teo Musso e suas criações

Super, viria a ser tudo que aconteceria na história dessa incrível cervejaria, pois o talentosíssimo cervejeiro Teo Musso, responsável por esta história, passaria a colecionar prêmios e consumidores apaixonados pela marca em todo o mundo. Musso é uma figura a parte, ele esteve uma temporada na Bélgica, mais especificamente na Brasserie à Vapeur e sua influência é inegável.

MÚSICA PARA AS LEVEDURAS

Musso demonstra seu senso belga de criatividade e aposta no uso generoso de ervas, condimentos e grãos pouco comuns. Além disso, Musso fabricou fones gigantescos para os tanques de fermentação e afirma que as leveduras amam trabalhar ouvindo boa música. Os tanques ficam a algumas quadras da sala de brassagem, a cervejaria obteve permissão para construir um cervejoduto subterrâneo que leva o mosto até os tanques de fermentação.

A história da cervejaria é riquíssima, e no site oficial https://www.baladin.it/storia você pode ler a respeito, ano a ano. A produção nunca parou, pelo contrário, foi ganhando muita força com o passar do tempo e hoje em dia é apreciada em todo o planeta.

Falei tudo isso, pra dizer o mais importante pra nós brasileiros apaixonados pela cultura cervejeira, a Bier & Wein tem o privilegio de ser importadora exclusiva de quatro rótulos da peculiar e fantástica Birra Baladin.  Dois destes rótulos mostram a forte ligação familiar de Musso, pois Wayan  e Nora são em homenagem à filha e esposa do cervejeiro, respectivamente.

PORTIFOLIO BALADIN NO BRASIL

Fonte: site Baladin
Fonte: site Baladin

Wayan (ABV 4,8%  – IBU 10) uma Saison com muitos ingredientes: água, malte de cevada, espelta , malte de trigo, trigo, trigo sarraceno, centeio , lúpulo, mistura de especiarias, cascas de frutas cítricas e plantas aromáticas em proporções variáveis, açúcar, fermento.

Depois de dedicar duas cervejas aos dois primeiros filhos, Teo decide que chegou a hora de homenagear sua esposa, Nora. E é inspirado em suas origens berbere-argelinas que surge uma receita baseada na cultura africana.

Tendo em vista esse histórico e os ingredientes usados na receita – particularmente gengibre, mirra e trigo Khorasan, um cereal que foi descoberto no Egito nos anos 50 – a cerveja Nora, naturalmente passou a ser chamada de “Cerveja Egípcia”, como ainda é conhecida até hoje.

Nora (ABV 6,8%  – IBU 11) uma Spice Beer que tem ingredientes inusitados: água, malte de cevada, malte de trigo, trigo Khorasan Kamut ®, lúpulo, mistura de especiarias e cascas de citrinos em proporções variáveis, açúcar, levedura.

As outras são: a Super, citada acima, e a Leon.

Tive o imenso prazer de receber a visitinha desta espetacular Belgian Strong Dark Ale (ABV 8,5%  – IBU 24)  e tratei Leon com todas as honras que ela merece.

Como moradora do bairro Vila Romana, aproveitei os ares Ítalo paulistanos e fiz um belo passeio pelo bairro para me inspirar a cozinhar um prato tipicamente italiano, que harmonizasse perfeitamente com o a Leon.

Nesta hora tive a brilhante ideia de falar com um dos melhores professores que tive na minha trajetória, um mestre em harmonizações, o Edu Passareli (@edupassarelli). Falamos por wtsp sobre algumas receitas, ele mencionou o famoso Brasato a Barolo e eu perguntei sobre o Ossobuco. A resposta foi um grande sim!

LEITURAS E RELEITURAS COM A BALADIN LEON

Como resultado, fiz o clássico Ossobuco da região da Lombardia, mas com um toque pessoal, na cocção da receita, substitui o uso do vinho por 30 ml da Leon. Disponibilizo a receita desta maravilha no final deste artigo, onde você poderá conferir fotos desta harmonização que me surpreendeu o paladar.  

Mas a versatilidade da Leon, também me fez querer harmonizar com uma sobremesa e, escolhi uma releitura fantástica do tradicional Tiramisù italiano, que achei numa padaria do bairro.

A escolha destas harmonizações seguiu uma diretriz cultural, pois embora a Leon seja uma clássica receita belga, queria me sentir na Itália e trazer a harmonização para o âmbito emocional, que muito me agrada. Depois de passear pelo bairro, observar pequenas trattorias, e escolher os melhores ingredientes para preparar o prato, lancei uma playlist italianíssima.

A intensidade desta Belgian Strong Dark Ale encontrou um equilíbrio de força com a potência do Ossobuco. A untuosidade da carne e o elevado teor alcoólico e carbonatação da cerveja, criaram um contraste delicioso que fazia cada garfada e cada gole, serem mágicos. Sem dúvida uma experiência que recomendo.

EXPLOSÃO DE SABORES

Na experiência com o Tiramisù, fiquei extasiada com o que aconteceu. Uma explosão de sabores tomou conta da boca, pois as notas de chocolate, cacau e café se complementam com as mesmas notas do doce, intensificando os sabores complementares. Outro ponto interessante foi a sensação agradável do aquecimento alcoólico, que trazia do final desta refeição um verdadeiro conforto e relaxamento.

Foto: Candy Nunes

Eu imagino que a esta altura, você esteja com água na boca e com uma vontade de realizar sua própria experiência com as incríveis cervejas da Birra Baladin! Então é fácil de resolver, visite agora a www.confrariapaulistaniastore.com.br e garanta sua Baladin. No site você poderá conferir estas e outras incríveis cervejas do Brasil e do mundo, todas a um clique de você!

RECEITA OSSOBUCO COM BALADIN

Foto: Candy Nunes

MODO DE PRAPARO

Em uma travessa, deixe o Ossobuco marinar por 30 minutos na cerveja preta. Depois escorra bem as peças. Aqueça um fio de azeite numa frigideira de ferro e sele a carne dos dois lados, depois reserve.

Em uma caçarola, coloque o restante do azeite e doure a cebola. Ao começar a ficar translucida, regue a cebola com Leon e deixe o álcool evaporar. Desligue o fogo, coloque gentilmente as peças dentro da caçarola, com apenas as folhinhas do alecrim e do tomilho, junte também a pimenta do reino em grãos (5 bolinhas).

Em uma jarra, coloque a água e o sal e mexa bem até dissolver o sal. Volte a caçarola para o fogo e despeje a água com sal, apenas até atingir a metade da altura das peças de carne, tampe e leve ao fogo médio por 30 minutos, sempre verificando a redução da água para compensar e não deixar secar completamente.

Em uma frigideira, bem seca, coloque a farinha de trigo e toste até subir o aroma de casca de pão. Mexa todo o tempo para não queimar.

FINALIZANDO

Após 30 minutos de cozimento do ossobuco, vire as peças e complete com água e a farinha tostada. Deixe cozinhar por mais 30 min, sempre observando a redução da água. Após o cozimento total, reserve a carne, penere o molho para tirar os residos de pimenta, cebola e Alecrim. Coloque o caldo de volta na caçarola e adicione a manteiga. Em fogo baixo, deixe o molho emulsificar, incorporando a manteiga devagar. Traga a carne de volta a panela e regue bastante com uma colher o caldo nas peças de carne. Pronto!

Foto: Candy Nunes

Para o acompanhamento você pode optar por risoto, batatas e até mesmo a clássica polenta cremosa. Eu utilizei palitos de polenta assados no forno e regados com o molho da carne.

Buon appetito!