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Oktoberfest e Napoleão Bonaparte

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Oktoberfest à brasileira

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Por Luís Celso Jr. é jornalista e sommelier de cervejas. Foi 3º colocado no 1º Campeonato Brasileiro de Sommelier de Cervejas e defendeu o Brasil na competição mundial em 2015. Também é professor, juiz de concursos nacionais e internacionais e consultor de cerveja. Fundou em 2006 

Hofbräuhaus: a cervejaria mais influente do mundo

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Por Rodrigo Sena, jornalista, sommelier de cervejas especializado em harmonizações, técnico cervejeiro, criador de conteúdo para o youtube e o instagram @beersenses

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Não é uma história somente sobre cerveja. É uma história sobre poder, fama, política, economia, gastronomia e cultura. Essa é a história de uma das mais importantes marcas de cerveja do mundo, que existe há mais de 400 anos no maior centro cervejeiro do planeta e esteve presente em importantes fatos históricos se tornando a cervejaria mais influente do mundo. Vamos conhecer essa história a seguir.

A cerveja ruim da Baviera

Em 1589, o Duque Guilherme V da Baviera estava farto de beber cervejas ruins que eram feitas em Munique naquela época. E ele, pessoalmente, queria muito que a Baviera tivesse boas cervejas pois essa era uma luta de sua família.

Duque Guilherme V
Duque Guilherme V

Guilherme V herdou o trono da Baviera de seu pai, Alberto V, que praticamente passou despercebido pela história da cerveja. Mas seu avô, Duque Guilherme IV, foi bem importante para a história da cerveja mundial sendo o responsável pela promulgação da Reinheitsgebot (conhecida depois como Lei de Pureza da Cerveja Alemã) que determinou que a cerveja na Baviera só poderia ser feita com 3 ingredientes: Água, Malte e Lúpulo – 300 anos depois a levedura foi descoberta e incluída como ingrediente base da lei.

A Reinheitsgebot tinha como principal objetivo garantir a qualidade das cervejas produzidas na Baviera – e também visava o aumento com arrecadação de impostos sobre malte e lúpulo, mas essa é a parte feia da história que nem sempre é contada.

Ora, se o neto do criador da Reinheitsgebot estava bebendo cerveja ruim era porque alguma coisa estava errada. O Duque Guilherme V ficava bem irritado em ter que importar cervejas da cidade de Einbeck , na baixa Saxônia.

Farto dessa situação, um dia o Duque Guilherme V juntou seus conselheiros da corte e ordenou que eles apresentassem um plano para solucionar o problema da cerveja ruim. Fico imaginando como deve ter sido interessante essa reunião. Bem, o fato é que os conselheiros passaram a pensar formas de garantir boa cerveja de Munique ao Duque. E então a saída foi meio óbvia: criar uma cervejaria própria dentro da corte real, onde eles conseguiriam garantir que a cerveja feita seria boa.

O Duque Guilherme V aceitou de imediato a ideia e no mesmo dia recrutou o mestre-cervejeiro Heimeran Pongraz que estava fazendo cerveja na Abadia de Geisenfeld, 70 quilômetros ao norte de Munique.

A nova cervejaria foi inicialmente batizada de Braun Hofbräuhaus, algo como Casa da Cerveja Marrom da Corte Real em português. Isso porque a cerveja feita lá naquela época era marrom.

O business e o monopólio

Até 1610 a Hofbräuhaus abastecia apenas a realeza bávara. Ninguém podia consumir a cerveja deles fora do palácio real. Mas o o Duque Maximiliano I, conhecido como “o grande”, que assumiu o trono no lugar do pai Guilherme V, era um empreendedor nato, com visão para negócios e marketing. Por isso, traçou uma estratégia comercial avassaladora: criou uma marca cobiçada e uma cerveja exclusiva que seria somente produzida por eles e vendida para as tavernas.

Duque Maximiliano I
Duque Maximiliano I

Então, Maximiliano I proibiu a produção da tradicional cerveja de trigo da Baviera. Somente ele poderia produzir a Weizenbier para vender para as tavernas. Além disso, a cerveja passou a se chamar Hofbräu, suprimindo o sufixo haus que quer dizer casa em português.

A cerveja foi um sucesso, as tavernas brigavam para comprar e servir aos seus clientes, o que fez com que a corte arrecadasse muito dinheiro. Toda essa estratégia comercial levou a produção da Hofbräuhaus a incríveis 140 mil litros/ano (38 mil galões) em pleno século 17.

A cerveja de trigo da Hofbräu foi a única do estilo na Baviera por mais de 200 anos – só em 1872 o rei Ludwig II venderia os direitos de produção da weizenbier para George I Schneider, liberando a produção fora da casa real.

A primeira Maibock

Mas mesmo com o sucesso comercial, o Duque Maximiliano I ainda não estava satisfeito. Além de homem de negócios ele era também um grande apreciador da gastronomia, e queria cervejas mais claras e mais fortes do que as cervejas de trigo.

Então, inspirado nas técnicas dos cervejeiros de Einbeck, o novo cervejeiro real, Elias Pichler criou a Maibock: uma cerveja mais clara e bem mais potente do que a weizenbier.

E essa nova cerveja criada pela Hofbräuhaus salvaria a cidade de Munique anos mais tarde.

A Maibock salvou Munique

Em 1618 a região central da Europa era uma verdadeira zona, com diversos reinos e ducados separados e com interesses diferentes, o que fez eclodir um conflito que ficou conhecido como a guerra dos 30 anos, onde diversas nações lutaram por 3 motivos básicos: religião, território e comércio. E claro, a Baviera estava metida nesse conflito.

Em 1632, a Baviera estava praticamente dominada pela Suécia e Munique foi invadida. Desesperado, o povo de Munique fez um acordo com os suecos: trocaram 1.000 baldes de cerveja Hofbräu, incluindo 361 baldes de Maibock, pela garantia de que a cidade não seria destruída.

O acordo deu certo, os suecos conheciam a fama daquela cerveja, e Munique não sofreu com aquela invasão. Dois anos depois, a Suécia fez um acordo e desocupou a Baviera.

A Oktoberfest

A Hofbräu seguiu por dois séculos sendo a cervejaria oficial da Baviera. Mas, um evento gigantesco mudaria de vez o patamar da cervejaria no coração do povo bávaro.

Em 12 de outubro de 1810, para comemorar o casamento do príncipe Ludwig com a princesa Therese, o Rei Maximiliano I Joseph resolveu dar uma baita festa nos portões da cidade de Munique. Ele convidou todo o povo da cidade para comer, beber e assistir a corridas de cavalos. Claro que a cerveja que regou essa festa foi da Hofbräuhaus.

príncipe Ludwig e princesa Therese
príncipe Ludwig e princesa Therese

No ano seguinte, o Rei quis repetir a festa. E no próximo ano também. E assim por diante, até que a festa virou uma tradição de Munique e ficou conhecida como Oktoberfest.

Imagens Hofbräuhaus - Oktoberfest
Imagens Hofbräuhaus – Oktoberfest

Personagens históricos

A Hofbräuhaus em Munique tem uma rica história de personalidades importantes que frequentaram suas instalações e beberam de suas cervejas.

Wolfgang Amadeus Mozart morou a poucos metros da cervejaria e era frequentador do local no século 18. Em uma carta, Mozart teria dito que escreveu a ópera Idomeneo inspirado pelas suas visitas à Hofbräuhaus.

príncipe Charles e a duquesa Camilla

Infelizmente, nem só de boas visitas é feita a história da Hofbräuhaus. Vladimir Lenin viveu em Munique antes da segunda guerra mundial e frequentava o local. Outra triste passagem aconteceu em 1920, quando Adolf Hitler usou a Hofbräuhaus para apresentar seu programa de 25 pontos do Partido Nazista. Essa triste história culminou com o bombardeio da cervejaria em abril de 1944. Ao final dos ataques a Munique, em maio de 1945, havia sobrado muito pouco da antiga cervejaria.

Mas, felizmente, a guerra acabou e a Hofbräuhaus foi reconstruída, e hoje é a maior atração turística de Munique depois da Oktoberfest.

Como realeza visita realeza, o príncipe Charles e a duquesa Camilla visitaram a cervejaria em 2019.

As cervejas da Hofbräuhaus

Aqui na Confraria Paulistânia você tem a chance de provar as cervejas da Hofbräuhaus e se aproximar de toda essa rica história.

cervejas Hofbräu

Aqui você encontra a HB Original, a HB Oktoberfest, a Weissbier e a Dunkel. Eu não tenho predileta, adoro todas! E além das cervejas, aqui você também encontra caneca, boné e cooler oficiais da Hofbräuhaus.