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MISTA, JÁ OUVIU FALAR DESTAS CERVEJAS?

MISTA, JÁ OUVIU FALAR DESTAS CERVEJAS?

Por Aline Araujo, Sommelière de Cervejas, professora e empresária com formação em administração de empresas e especialização em marketing. Mais de 10 anos de experiência no mercado de bebidas. Vocês já leram, aqui mesmo nesse blog, sobre os três tipos principais de fermentação, certo? Estamos falando 

RODENBACH – A CERVEJA FORA DA “CASINHA”

RODENBACH – A CERVEJA FORA DA “CASINHA”

Por André “Carioca” Souza, beersommelier, mestre em estilos e técnico cervejeiro, estatístico de profissão. Especialista em harmonização de cervejas e responsável pela divulgação de conteúdo do @embxdrs.da.cerva. Olá nobres cervejeiros e cervejeiras, tudo bem com vocês? Vocês já perceberam que, após os 18 anos, passamos 

BÉLGICA, ALÉM DAS CERVEJAS TRAPISTAS

BÉLGICA, ALÉM DAS CERVEJAS TRAPISTAS

Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira.

Olá meus amigos, amantes de cervejas complexas, chocolates e batatas fritas. Evidentemente a gastronomia belga vai muito além disso, mas se você gosta desses três itens, pode ter certeza que não vai se decepcionar na Bélgica.

A primeira vez que estive por lá foi em 2004. Eu trabalhava como gerente de marketing de uma Associação da Indústria Gráfica, estava participando de uma feira da área em Dusseldorf na Alemanha e fui convidado para conhecer a fábrica de um fornecedor de filmes em Mertsel, no norte da Bélgica.

Nessa época, minha maior ousadia no segmento cervejeiro era tomar um copo enorme de Weissbier, mais pelo ritual e volume do que pelo prazer.

CERVEJA, BATATA FRITA E CHOCOLATE

Me lembro bem que no final da visita fomos para a cidade de Antuérpia. Descemos numa praça maravilhosa em frente à catedral,  cercada de lojas com produtos regionais e bares. A guia de nosso passeio alertou antes de sairmos do ônibus: “não deixem de provar os chocolates e nossas cervejas”.

Praça central Antuérpia, Bélgica
Antuérpia

Eu que na minha ignorância (no bom sentido) realmente não conhecia quase nenhuma cerveja Belga, nem mesmo as famosas cervejas dos 6 mosteiros trapistas daquele país, me dirigi a um bar com uma amiga, pedi o cardápio, que pra minha sorte estava em inglês e solicitei uma porção de fritas e duas cervejas, uma belga muito popular, que aqui no Brasil é conhecida por um diminutivo carinhoso.

Batata frita tradicional da Bélgica

O garçom esboçou um sorriso de soslaio, mas percebendo que éramos estrangeiros, gentilmente sugeriu que pedíssemos alguma cerveja mais “especial”. Nós concordamos e escolhemos outra pela foto do menu.

CERVEJA É COISA SÉRIA!

Novamente, com extrema gentileza, nosso atendente disse que não poderia nos servir aquela e, quando indaguei se ele não tinha, me respondeu que tinha a cerveja mas estavam sem a taça dela. A partir desse momento percebi que cerveja na Bélgica é coisa muito séria!

Por fim pedi que ele nos sugerisse uma cerveja que acompanhasse bem as batatas fritas e nos trouxe uma Corsendonk Dubbel.

Museu da batata frita na Bélgica
Frietmuseum – Bruges / Bélgica.
“O primeiro e único museu dedicado à batata frita”.
Acesse aqui

Eu vou tentar descrever pra vocês esse momento: as batatas fritas eram bem mais grossas do que as que estamos acostumados a encontrar por aqui, mas muito douradas e sequinhas.

Parecia terem sido esculpidas à mão, uma a uma. Ao morder, apresentavam uma deliciosa casquinha crocante e o miolo era tão macio e saboroso como nunca havia experimentado. Que sabor maravilhoso!

O serviço da cerveja foi impecável. Tanto a taça de cristal quanto seu apoio de papelão ostentavam a marca Corsendonk. Já ao verter o líquido, um inebriante aroma de caramelo, maltes e até chocolate perfumou o ambiente.

Aquela combinação do salgadinho das batatas com o adocicado da Dubbel ficou presente em minha memória, a ponto de, após 4 anos, eu decidir retornar para a Bélgica em busca de novos prazeres.

Saiba mais: CORSENDONK, UM PRAZER ABENÇOADO!

BÉLGICA, QUEM CONHECE SEMPRE RETORNA

Em 2008 fui mais preparado. Fiz algumas pesquisas e tracei um roteiro zitogastronômico. Além disso, combinei com 3 amigos que moravam em Bruxelas para fazermos um passeio juntos.

Bruxelas, capital da Bélgica
Bruxelas

Cheguei durante a tarde e, após me hospedar, corri pra rua atrás de outra tradição belga, os waffles (que eles pronunciam uófels). São vendidos em trailers e carrinhos na rua, como nossos hot dogs. Você pode escolher com alguma cobertura ou simplesmente puro.

Waffle tradicional da Bélgica

A massa do waffle é levíssima, feita com farinha, leite, ovo, açúcar e levedura. É assada num tipo de grill bem quente, que lhe confere o formato característico. Parece um “biscoitão”. Uma colmeia onde os alvéolos são quadrados.

Eu decidi comer um puro, que acompanhei com uma Tempelier Belgian Pale Ale e um de frutas vermelhas, divinamente escoltado por uma Kriek Boon.

Mas esse foi apenas o “aquecimento”.

Fiz algumas compras, inclusive dos maravilhosos chocolates belga que vale um texto só para eles e decidi jantar no hotel pois no dia seguinte eu seguiria para novas descobertas.

Após um rápido café da manhã com queijos locais e mais um waffle, fui me encontrar com os três amigos brasileiros que moravam por lá e nos dirigimos para Lembeek, no Vale do Zenne, onde a microflora é riquíssima das famosas leveduras selvagens do tipo Brettanomyces.

Leia também: LAMBIC, AME-A OU DEIXE-A!

PARTIU BOON…

Não por acaso, ali está instalada a Cervejaria Boon, fabricante de várias cervejas no estilo Lambic. Após visitar a Boon, fomos almoçar num bistrozinho muito simpático bem próximo. Foi um banquete de rei.

Começamos com os famosos moules frites – deliciosos mariscos cozidos, servidos num baldinho, acompanhados de batatas fritas. Para harmonizar, uma cerveja “local” – simplesmente uma Geuze Boon Mariage Parfait, de rótulo preto. As sensações de gosto, sabor e texturas são impossíveis de se descrever em palavras.

Em seguida pedimos a Carbonade Flamande, feita de carne bovina cozida lentamente na cerveja, junto com cebolas, pão, tomilho e mostarda (as receitas variam um pouco), guarnecida das adoráveis batatas fritas belgas. Acompanhamos com duas cervejas: uma Faro e uma Oude Geuze Boon. Novamente uma explosão de sabores indescritível.

E para fechar com chave de ouro pedimos algumas fatias de uma torta caseira de cerejas (receita secreta da dona) que devoramos com goles fartos de Kriek Geuze.

Saímos dali com um sorriso largo e voltamos para estrada. Cabe dizer que um de meus amigos não bebia e obviamente foi nosso condutor.

A BÉLGICA DAS CERVEJAS SELVAGENS

Dessa vez nosso destino era a cidade de Roeselare, na região ocidental de Flanders, muito próxima da Holanda onde iríamos conhecer a fábrica das icônicas Rodenbach. Essas cervejas estão no meu top 5 das melhores que já provei.

Fiquei fascinado em conhecer a cervejaria e o processo produtivo. Cervejas híbridas brassadas com muito cuidado e carinho, que passam por 2 fermentações, alta e espontânea (selvagem). Havia quase trezentos tonéis de carvalho onde repousava e maturava o precioso fermentado marrom avermelhado, de varias safras distintas.

The Brewing Process of Rodenbach – Assista aqui
Eel in the green

No final da visita decidimos “fazer uma boquinha”. Nos indicaram um tipo de pub em que serviam pratos rápidos e cerveja Rodenbach obviamente.

Pedimos alguns petiscos: croquetes e tomates recheados de camarão (tomate crevette) que são feitos com camarões cinza, não muito grandes mas saborosíssimos, um tipo de morcilla que leva pão na mistura e finalizamos com Eel in the green, enguias guarnecidas por um espesso molho verde, feito de vegetais e ervas.

Pode parecer estranho mas é muito gostoso, principalmente acompanhados da Rodenbach Grand Cru.

Após essa verdadeira maratona gastronômica, retornamos para Bruxelas com o espírito renovado.

DICAS:

  • A partir de Bruxelas é possível participar de tours a cervejarias, chocolaterias e restaurantes. Geralmente encontram-se informações nas recepções dos hotéis.
  • No Brasil, as cervejas que citei podem ser encontradas em vários bares e restaurantes ou na loja online da CONFRARIA PAULISTÂNIA STORE, da Bier & Wein, responsável pela importação exclusiva de todos estes rótulos.

Um grande abraço a todos e até a próxima jornada cervejeira.