TEMPELIER E OS CAVALEIROS DE DEUS

TEMPELIER E OS CAVALEIROS DE DEUS

Por Anderson R. Lobato, dentre vários defeitos: Santista sofredor, Homebrewer, Sommelier de Cervejas, pai do Dudu e amante de um @Pao_Liquido. 

Fala cambada de cervejeiros, como estão? Mal começamos o ano e já estamos em Mar/21. Com a pandemia ainda por aí, nada melhor do que curtir uma boa cerveja, em casa e em segurança, não é mesmo?

E se o assunto é cerveja boa, a Corsendonk e suas delícias Belgo-Holandesas nos deixam de queixo caído com suas receitas e estilos. Aliás (momento jabá, kkk), quem quiser conhecer mais sobre, leia: CORSENDONK, UM PRAZER ABENÇOADO! Agora, se liguem em nosso texto. 😉

Um dos rótulos “queridinho” da Corsendonk é a Tempelier, uma homenagem da cervejaria aos cavaleiros templários e suas viagens, mais conhecidas como “Cruzadas”. Alguém aí já viu alguma imagem parecida com a abaixo ou estes cavaleiros?

Os cavaleiros templários – Divulgação UOL

O assunto é cerveja! Eu sei. Mas beber esse líquido milenar e conhecer sua história pelo mundo, é ainda melhor. Um dedo de prosa e uma volta na história. Vem com a gente…

OS GUERREIROS CRISTÃOS

Cavaleiros Templários – Esta organização existiu durante cerca de dois séculos na Idade Média (1118-1312) na região de Jerusalém. Foi fundada como resultado da Primeira Cruzada de 1096, com o propósito original de proteger os cristãos que voltaram a fazer a peregrinação a Jerusalém após a sua conquista.

Os seus membros faziam votos de pobreza, castidade, devoção e obediência. Usavam mantos brancos com a característica cruz vermelha (olha o logo da Tempelier aí minha gente!), e o seu símbolo passou a ser um cavalo montado por dois cavaleiros.

Tempelier e seu selo no rótulo
Selo templário no rótulo da Tempelier
“Sigillum Militum Xpisti (Selo dos Soldados de Cristo)

Símbolos? Vamos falar um pouco sobre o selo templário, usado para autenticar um documento e sua assinatura. Existem cerca de vinte selos conhecidos. Eles pertenciam a mestres, altos dignatários, comandantes ou cavaleiros da ordem. O mais famoso selo templário tinha a imagem de dois cavaleiros montados no mesmo cavalo (lembra do parágrafo anterior?).

Há muita discussão a respeito de seu significado. Ao contrário do que muitos pensam, não era uma representação do ideal de pobreza, uma vez que a Ordem fornecia pelos menos três cavalos para cada cavaleiro. Para alguns especialistas, a figura expressava a dualidade da Ordem – o monge-soldado que realiza uma só luta mas com diferentes meios, o espiritual e o temporal.

Parênteses: legal, mas eles tomavam cerveja né? Opa, com certeza! Inclusive plantavam cevada em terras recebidas como doação de reis da Europa. De bobos essa turma não tinha nada…

PODER, DINHEIRO E FOGUEIRA

A Ordem se tornou uma instituição de caridade favorecida por toda a cristandade e cresceu rapidamente em número de membros e poder.

A turma que não ia a combate, além de tomar cerveja, criou uma grande infraestrutura econômica, com técnicas inovadoras financeiras (uma forma primitiva de banco) e assim construíram diversas fortificações por toda a Europa e Terra Santa.

Será que essa galera começou a ter poder $$?

Castelo dos Templários – Tomar
Tomar, cidade templária – https://www.visitportugal.com/pt-pt/node/73772

Mas nem tudo são flores – Quando a Terra Santa foi perdida em batalha na Terceira Cruzada e houve a consolidação dos estados cristãos do oriente, o apoio à Ordem desapareceu. Política e grana sempre permeou nossa história, meus amigos.

Rumores sobre a cerimônia de iniciação secreta dos Templários criaram desconfianças. O então Rei da França Filipe IV, profundamente endividado com a Ordem, se aproveitou da situação e pressionou o Papa Clemente V, que desfez a Ordem dos Templários em 1312. Rolou até fogueira para alguns.

Tiago de Molay e Geoffroy de Charnay: Templários condenados à fogueira.

Se liga: no adro da Igreja de Notre-Dame, em Paris, fora instalado um cadafalso, para no dia 18 de março de 1314 anunciar a sentença de prisão perpétua aos cavaleiros Tiago de Molay, Hughes de Pairaud, Geoffroy de Charnay e Geoffroy de Gonneville. Em meio ao anúncio da sentença, Molay e Geoffroy de Charnay levantaram-se bradando sua inocência e a de todos os Templários, que todos os crimes e heresias a eles atribuídos foram inventados. No mesmo dia, armou-se uma fogueira próxima ao jardim do palácio onde foram queimados Tiago de Molay e Geoffroy de Charnay.

O súbito desaparecimento da maior parte da infraestrutura europeia, deu origem a especulações e lendas que têm mantido o nome dos Templários vivo até hoje.

FALANDO DA TEMPELIER…

Pois bem meus amigos e aqui chegamos: A Tempelier.

A Corsendonk, uma cervejaria de Abadia (Igreja), tendo em seu nome referência a um mosteiro em Oud-Turnhout, uma cidadezinha na província de Antuérpia, região de Flanders, na Bélgica, cria em 2009 a Tempelier, homenagem a toda essa história da Igreja e seus “Cavaleiros Templários”.  Mais uma vez a história cristã, e porque não da própria cerveja, é permeada por aromas, sabores e até batalhas! kkk

Uau. Que história! E claro, este assunto deu sede – Tempelier já está aqui do meu lado enquanto escrevo este texto. Bora conhecer um pouco mais desta delícia?

Kit Tempelier

Do estilo Belgian Pale Ale, é uma cerveja refermentada na garrafa, trazendo uma carga de aromas e sabores ainda mais intensos.

De coloração marrom vivo, com espuma duradora, clara e vistosa, a Tempelier já no aroma nos faz visitar essa história, embarcando para a Bélgica. Com suas nuances frutadas e ligeiro dulçor lembrando a toffe, é um convite ao primeiro gole.

No sabor, as características da Pale Ale são bastante evidentes, apesar de um sabor linear ao aroma, o dulçor fica evidente, num sutil, porém presente amargor do lúpulo e suas notas de pinho e gramíneo.

Após cada gole, a presença do gosto desta beleza na boca é marcante e prolongado, também frutado, porém remetendo a damasco e pêssego. Seus 6% de pujança alcoólica são imperceptíveis, em total equilíbrio com essa experiência incrível.

Tempelier e seu serviço
Eu e a minha Tempelier

Ah, importante, por orientação do mestre cervejeiro, a levedura contida na garrafa deve ser servida junto com a cerveja, garantindo sua turbidez típica. Beleza?

Dica de leitura: BÉLGICA, ALÉM DAS CERVEJAS TRAPISTAS

HARMONIZANDO

Harmonização? Claro, vai super bem com comida mexicana, condimentos, frutos do mar mais gordurosos e sobremesas. Com massas caem super bem. Apenas cuidado com os molhos. Procure sempre algo menos forte e… divirta-se!

Legal não é mesmo?

Isso é cerveja especial. Não somente apreciar aromas e sabores diferentes, mas sim navegar pela história de cada rótulo, de cada cervejaria, dentro de experiências sensoriais incríveis.

E para aqueles que, como eu, não perderão este rótulo de jeito nenhum, não deixem de passar no e-commerce da Confraria Paulistânia Store e garantir esta e muitas outras delicias. Tem muita coisa legal por lá e muita promoção. Até a próxima “viagem” cervejeira e Cheers!



1 comentário em “TEMPELIER E OS CAVALEIROS DE DEUS”

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