TOUR CERVEJEIRA BRASIL – PARTE 2

TOUR CERVEJEIRA BRASIL – PARTE 2

Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira.

CERVEJA NAS PLAGAS GAÚCHAS- Primeiro ato

Neste mês, quero dividir com vocês a primeira parte de minhas aventuras zitogastronômicas cruzando os pampas gaúchos.

Eu e meu amigo Toninho (vejam meu último texto neste blog – TOUR CERVEJEIRA BRASIL – PARTE 1) planejamos nosso tour com o maior critério.

Nossa ideia principal, nosso foco nessas viagens, é conhecer a gastronomia e o turismo brasileiro, de forma econômica, sem perder o espírito de aventura e o conforto propiciado por boas cervejas.

Lançamos mão de nosso bólido, um Jeep preparado para viagens, longas ou não, “on road” ou “off road”, com uma preciosa geladeira devidamente instalada, que nós abastecemos com as deliciosas cervejas da Bier&Wein.

Aliás, seria uma ótima ideia se essa querida empresa patrocinasse nossas aventuras, vocês não acham?

Aproveitamos uma promoção na loja online da Confraria Paulistana e fizemos nosso estoque para a viagem.

Decidimos sair de São Paulo numa segunda-feira bem cedo, rumo ao nordeste do Rio Grande do Sul onde visitaríamos o território em que no século XVII se instalaram, através de jesuítas espanhóis, as aldeotas que viriam a constituir os Sete Povos das Missões.

Roteiro desta 1a parte da TOUR CERVEJEIRA BRASIL

Sete Povos das Missões é o nome que se deu ao conjunto de sete aldeamentos indígenas fundados pelos Jesuítas espanhóis na Região do “Rio Grande de São Pedro”, atual Rio Grande do Sul, composto pelas reduções de São Francisco de Borja, São Nicolau, São Miguel Arcanjo, São Lourenço Mártir, São João Batista, São Luiz Gonzaga e Santo Ângelo Custódio. Os Sete Povos também são conhecidos como Missões Orientais, por estarem localizados a leste do Rio Uruguai. Com os ataques dos bandeirantes, os jesuítas espanhóis fugiram da área do Guairá. (Wikipedia)

NA DÚVIDA: PARE ONDE ESTÃO AS CARRETAS!

Nossa primeira parada foi a cidade de Guarapuava no estado do Paraná – uma jornada de 12 horas.

Por volta das 14 horas paramos para um rápido almoço. Escolher um restaurante bom desses de beira de estrada não é difícil. “Pare onde tiver o maior número de carretas estacionadas”, vaticinava meu pai, um amante de longas viagens ao volante.

Dito e feito. Escolhemos uma churrascaria em um posto de gasolina e comemos muito bem por módicos R$30,00 por cabeça.

Mais 5 horas de estrada e estávamos nos instalando na simpática Pousada Vollweiter.

Feito o check in, recorri à recepcionista para nos indicar um bom restaurante.

Restaurante da TOUR CERVEJEIRA BRASIL
La Mafia Trattoria: um pedaço da Itália em Guarapuava
(Revista Visual)

Com o rosto iluminado e um sorriso largo, ela indicou a  La Mafia Trattoria – Rua Belmiro Miranda, 217, e completou: a melhor Trattoria do Brasil.

Apesar de desconfiados de tanta empolgação, fomos conferir.

Aqui cabe uma explicação para que não me torne repetitivo.  Em todos os restaurantes que visitamos, a primeira coisa que faço é perguntar ao gerente se posso levar as minhas cervejas.

No menu da La Mafia uma iguaria me saltou aos olhos: Ossobuco com Risoto à Milanese. Foi nossa pedida, obviamente. Esse prato, além de bem untuoso, era finalizado com vinho tinto. Decidi abrir os trabalhos com uma Rodenbach Grand Cru. Perguntem se a harmonização funcionou? Esplendorosamente!

Já para a sobremesa, não havia nada de muito diferente.

Escolhemos um Petit Gateau, com uma bola de sorvete de creme que acompanhamos com uma Corsendonk Tempellier. O doce “sem graça” transformou-se num manjar quando apreciado junto com a cerveja.

RUMO À SANTO ÂNGELO

No dia seguinte, às 6h30 já tínhamos tomado nosso café da manhã e antes das 7 estávamos na estrada, rumo a Santo Ângelo, uma das cidades que fazia parte dos 7 Povos das Missões.

Nosso almoço foi em Chapecó, SC, num restaurante bem simples,  o Panela de Ferro, na Rua Benjamin Constant 163 D, Calçadão.

Buffet de comidinhas com sabor das feitas pela vovó.

Voltamos para a estrada e em menos de 4 horas, chegávamos ao centro de Santo Ângelo.

Chamou-me a atenção um gaúcho todo paramentado em trajes típicos, de bombachas, boina a la Borghetinho, camisa branca e um  lenço vermelho no pescoço (um maragato certamente) mas ao invés de botas, calçava alpercatas de lona.

Pedi pro Toninho encostar o Jeep a fim de perguntar ao gaudério a direção de nossa pousada:

  • Boa tarde senhor!
  • Buenas tchê!
  • Poderia me informar onde fica a Pousada das Missões?
  • Mas bah. Tu vai ficar num paraíso tchê. Segue em frente e depois da segunda lomba tu vira à direita que já vai avistar as ruínas da Igreja de São Miguel (foto capa). A Pousada fica ao lado.

Tocamos em frente à espera de duas lombadas. 20 minutos depois tivemos que retornar.

Lomba, em “gauchês” é subida, ladeira. E as tais duas lombas eram um percurso de quase 60 km.  Mas enfim, chegamos. Que lugar lindo, meus amigos.

SÃO MIGUEL DAS MISSÕES, UM CAPÍTULO À PARTE

A pousada está instalada R. São Nicolau, 601 – São Miguel das Missões, no mesmo sítio em que se encontram as ruínas preservadas do aldeamento de São Miguel.

Patrimônio Mundial, São Miguel das Missões faz parte do TOUR CERVEJEIRA BRASIL
Patrimônio Mundial, ruínas com mais de 300 anos atraem visitantes a São Miguel das Missões
https://www.turismo.rs.gov.br/cidade/360/sao-miguel-das-missoes

Um local que presenciou a formação de povoados independentes, através de jesuítas espanhóis católicos com o intuito de catequizar e trazer “civilidade” aos povos Guaranis, bem como a posterior violenta subjugação por parte de bandeirantes brasileiros, seguida pela invasão das coroas espanhola e portuguesa numa disputa insana por território.

Uma página vergonhosa de nossa história.

Depois de nos instalarmos, decidimos retornar a Santo Angelo para jantar.

Eu havia visto um restaurante com uma faixa  “Galeto Primo Canto” e fiquei curioso.

A casa servia um tipo de rodízio que incluia Capeletti in Brodo, Polenta Frita, Polenta Grelhada, Fettuccine Al Funghi, Salada de Radicci com bacon e a cereja do bolo: Galeto Primo Canto, assado na brasa, com a pele crocante e muito macio e úmido por dentro.

Me municiei de alguns pares de cervejas: 2 Stiftung Hell, produzidas  pela Fischer’s Stiftungsbräu, uma subsidiária da ERDINGER Weissbräu, 2 Erdinger Dunkel e 2 Erdinger Pikantus, a weizenbock da cervejaria.

Combinei salada e canja com a Helles.

Polenta, Fettuccini e galeto com a Dunkel e reservei a Pikantus, com seus 7,3% de ABV para a sobremesa – Sagu de Vinho.

Para completar a cena, o fundo musical da casa variava entre Renato Borghetti, com sua gaita gaúcha e Yamandu Costa dedilhando magicamente canções gaúchas em seu violão.

Ainda bem que tínhamos mais cervejas no carro, pois o gerente da casa e sua brigada de atendimento ficaram tão encantados que oferecemos algumas a eles.

Voltamos à nossa pousada exaustos mas muito satisfeitos.

PARA FINALIZAR…

Nos dois dias seguintes montamos um roteiro para conhecer melhor as ruínas preservadas dos 7 Povos das Missões, bem como o lindo Museu das Missões, localizado no mesmo sítio histórico onde estávamos hospedado

E no terceiro dia…

Partimos rumo a Porto Alegre, mas isso vai ficar pro mês que vem.

Todas as cervejas que citei e mais todo o portfólio da Bier&Wein podem ser encontradas na Loja Online da Confraria Paulistânia



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