UMA MARCA COM DNA PAULISTANO – PARTE 6 VIADUTO DO CHÁ

UMA MARCA COM DNA PAULISTANO – PARTE 6 VIADUTO DO CHÁ

Por Henrique Carnevalli, t.izêro, Sommelier de Cervejas, amo música desde pirralho, noveleiro, corinthiano sofredor e cofundador do site RockBreja.

Para dar continuidade ao texto do meu amigo Anderson R. Lobato, UMA MARCA COM DNA PAULISTANO – PARTE 5 TREM DAS ONZE, vamos falar agora da Paulistânia Viaduto do Chá.

VIADUTO DO CHÁ LIGANDO OS PONTOS

O Viaduto do Chá é um dos símbolos marcantes da Cidade de São Paulo e ponto de bastante visitação por turistas, inclusive de nós paulistanos também, não é?

Para explicar como este monumento se tornou um dos grandes ícones da nossa querida cidade, temos que voltar em 1877, quando seu projeto foi idealizado pelo arquiteto renomado francês, Jules Martin (1832-1906), conhecido por aqui pelo seu trabalho em projetos urbanísticos.

Antes de sua construção, o Vale do Anhangabaú era separado pelo rio de mesmo nome que dividia a região: de um lado estava a Rua Direita e do outro o “Morro do Chá” (que ganhou esse nome por conta das plantações de chá-da-índia que havia no local), onde hoje é a República e a Rua da Consolação.

Na época, os moradores do Morro do Chá tinham dificuldades para atravessar da atual Rua Líbero Badaró para o lado em que se localiza o Theatro Municipal. Era preciso descer a encosta, atravessar a Ponte do Lorena sobre o Anhangabaú e subir a Ladeira do Paredão (atual Rua Coronel Xavier de Toledo). E ainda tinham a chácara e a casa da Baronesa de Tatuí, que se opunha à construção do viaduto.

Onde localiza-se o Teatro Municipal era a serraria do alemão Gustavo Sydow e, logo depois, havia a chácara do Barão de Itapetininga, delineada pelas ruas Formosa, 24 de Maio e D. José de Barros….ou seja, era um bom caminho a percorrer.

VACILOS, PROBLEMAS E O AUGE

A proposta da ponte foi apresentada à Intendência Municipal em 1887, mas os trabalhos só começaram em 1888, sendo interrompidos um mês depois, por conta da resistência dos moradores da região, entre eles o Barão de Tatuí, cuja casa seria uma das desapropriadas. A população favorável à obra conseguiu reverter a situação logo depois, e o projeto pôde ter continuidade.

A Companhia Paulista de Chá ficou com os direitos do projeto, quando foi retomado em 1889, porém enfrentou problemas financeiros e quase foi à falência.

Sem opções, o município transferiu a responsabilidade da construção para a Companhia de Ferro Carril de São Paulo. Esta encomendou uma armação metálica que compôs o viaduto à empresa alemã Harkort.

O viaduto foi concluído dois anos depois, tendo sua inauguração em 6 de novembro de 1892.

ESTRUTURA

construção Viaduto do Chá, 1897
Viaduto do chá e plantação de chá abaixo, Vale do Anhangabaú, 1897.

Sua construção possuía 240 metros de comprimento, sendo 180m de estrutura metálica e 60m, da Rua Barão de Itapetininga, aterrada; 14 metros de largura, sendo 9m da passagem central e 5m de passarelas laterais (com assoalhos de prancha de madeira); 20 metros de distância do rio; e arco central de 34 metros.

O viaduto era iluminado por 26 lâmpadas a gás e contava, para fins estéticos, com obras de arte em suas quatro extremidades e balaustrada de bronze, com o logotipo da Companhia de Ferro.

Para pagar as despesas, eram cobrados sessenta réis ou três vinténs para a utilização da passagem, o que na época garantiu o apelido de “Viaduto dos Três Vinténs”. No local, existia um portão para controlar a passagem e restringir seu uso no período da noite.

O portão só foi removido, tornando o viaduto gratuito, em 1897, quando o vereador Pedro Augusto Gomes Cardim, apoiado por uma petição popular, levou uma moção à Municipalidade.

Por lá costumavam passar pessoas refinadas, que se dirigiam aos cinemas e às lojas da região e, depois de 1911, ao Theatro Municipal.

Viaduto do Chá 1923
Viaduto do Chá – Cartão Postal 1923
“Sobre a estrutura metálica do Viaduto atravessavam-se vigas de madeira de lei, cruzadas longitudinalmente pelos trilhos dos bondes de tração animal.”

REFORMINHA BÁSICA

Com o crescimento de São Paulo, veio também a necessidade de se modernizar, pois o número de pessoas que utilizavam o viaduto aumentava a cada dia. Sendo assim, reformar o viaduto era uma necessidade, para que o mesmo acompanhasse o crescimento da cidade.

Em 1938, a construção de metal alemã com assoalho de madeira passou a não suportar mais o volume de pessoas que ali passavam todos os dias. Assim, no mesmo ano, o viaduto foi demolido, dando lugar a um novo.

Reconstruído em concreto armado e com o dobro de largura, até os dias de hoje o viaduto é usado como passarela para carros e pedestres, sendo referência da Zona Central da cidade.

VIADUTO DO CHÁ – UM ESTÚDIO A CÉU ABERTO

É galera, um cenário tão icônico e cosmopolita, não poderia deixar de virar cenário. Tanto nas nossas vidas, quanto em videoclipes, programas de TV, reportagens, novelas, ou seja a lista é grande: Tempos Modernos, Amor à Vida, Ti-ti-ti, Vídeo Show, etc…

Novela tititi gravada no Viaduto do Chá
Claudia Raia ensaia cena da novela Ti-ti-ti sob o comando do diretor Jorge Fernando

Se você for até lá, perceba, temos pelo menos 4 vistas diferentes: 1a. para o Edifício Matarazzo, sede da Prefeitura de São Paulo; 2a. Shopping Light com seus toldos vermelhos nas janelas; 3a. vista, o inebriante Theatro Municipal de São Paulo…realmente um cenário de tirar o chapéu; e a 4a Rua Libero Badaró, com os seus prédios antigos.

FALANDO NA CERVEJA…

Embalagens diversas Viaduto do Chá

Por todos esses motivos e por sua relevância no cotidiano da cidade a cervejaria Paulistânia decidiu em 2018, prestar uma homenagem a altura batizando sua American Hop Lager de Paulistânia Viaduto do Chá.

Saiba mais sobre O FABULOSO MUNDO DAS LAGERS

O estilo escolhido nasceu no Estados Unidos e é muito consumido no mundo. São cervejas leves, límpidas com a coloração dourada e um corpo e espuma baixos, o que agrada diversos paladares, já que possui um grande drinkability.

Para reverenciar o Viaduto, a Paulistânia acresceu Erva Mate (orgânica) a receita que passa pelo processo de dry hopping – técnica de adição de lúpulo que traz diferentes aromas e sabores à cerveja, mas isso é assunto para outro post…

O NASCIMENTO

A Paulistânia Viaduto do Chá nasceu em maio de 2018, em grande estilo. Com 5,0% de teor alcoólico, aroma cítrico e amargor moderado, ótima para harmonizar com um belo churrasco.

E assim foi, na frente do Eataly em São Paulo, entre amigos e convidados (saudades de uma aglomeração), saborosos cortes de carne e muita Paulistânia Viaduto do Chá!

Lançamento Viaduto do Chá Eataly
Lançamento Viaduto do Chá Eataly

Para os novatos e entusiastas, vale a experiência! Então, se eu fosse você, corria para o site da Confraria Paulistânia Store, e garantia esta e todas as histórias de São Paulo contadas em cada rótulo da cervejaria, além disso, aproveitaria que tem as importadas da BierWein e abasteceria sua linha de degustação, uma viagem sensorial.

Bora?



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