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Oktoberfest e Napoleão Bonaparte

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Oktoberfest à brasileira

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Hofbräuhaus: a cervejaria mais influente do mundo

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Por Rodrigo Sena, jornalista, sommelier de cervejas especializado em harmonizações, técnico cervejeiro, criador de conteúdo para o youtube e o instagram @beersenses

Recomendação de leitura: MATURAÇÃO NOBRE BÁVARA – O SELO DA DIFERENCIAÇÃO

Não é uma história somente sobre cerveja. É uma história sobre poder, fama, política, economia, gastronomia e cultura. Essa é a história de uma das mais importantes marcas de cerveja do mundo, que existe há mais de 400 anos no maior centro cervejeiro do planeta e esteve presente em importantes fatos históricos se tornando a cervejaria mais influente do mundo. Vamos conhecer essa história a seguir.

A cerveja ruim da Baviera

Em 1589, o Duque Guilherme V da Baviera estava farto de beber cervejas ruins que eram feitas em Munique naquela época. E ele, pessoalmente, queria muito que a Baviera tivesse boas cervejas pois essa era uma luta de sua família.

Duque Guilherme V
Duque Guilherme V

Guilherme V herdou o trono da Baviera de seu pai, Alberto V, que praticamente passou despercebido pela história da cerveja. Mas seu avô, Duque Guilherme IV, foi bem importante para a história da cerveja mundial sendo o responsável pela promulgação da Reinheitsgebot (conhecida depois como Lei de Pureza da Cerveja Alemã) que determinou que a cerveja na Baviera só poderia ser feita com 3 ingredientes: Água, Malte e Lúpulo – 300 anos depois a levedura foi descoberta e incluída como ingrediente base da lei.

A Reinheitsgebot tinha como principal objetivo garantir a qualidade das cervejas produzidas na Baviera – e também visava o aumento com arrecadação de impostos sobre malte e lúpulo, mas essa é a parte feia da história que nem sempre é contada.

Ora, se o neto do criador da Reinheitsgebot estava bebendo cerveja ruim era porque alguma coisa estava errada. O Duque Guilherme V ficava bem irritado em ter que importar cervejas da cidade de Einbeck , na baixa Saxônia.

Farto dessa situação, um dia o Duque Guilherme V juntou seus conselheiros da corte e ordenou que eles apresentassem um plano para solucionar o problema da cerveja ruim. Fico imaginando como deve ter sido interessante essa reunião. Bem, o fato é que os conselheiros passaram a pensar formas de garantir boa cerveja de Munique ao Duque. E então a saída foi meio óbvia: criar uma cervejaria própria dentro da corte real, onde eles conseguiriam garantir que a cerveja feita seria boa.

O Duque Guilherme V aceitou de imediato a ideia e no mesmo dia recrutou o mestre-cervejeiro Heimeran Pongraz que estava fazendo cerveja na Abadia de Geisenfeld, 70 quilômetros ao norte de Munique.

A nova cervejaria foi inicialmente batizada de Braun Hofbräuhaus, algo como Casa da Cerveja Marrom da Corte Real em português. Isso porque a cerveja feita lá naquela época era marrom.

O business e o monopólio

Até 1610 a Hofbräuhaus abastecia apenas a realeza bávara. Ninguém podia consumir a cerveja deles fora do palácio real. Mas o o Duque Maximiliano I, conhecido como “o grande”, que assumiu o trono no lugar do pai Guilherme V, era um empreendedor nato, com visão para negócios e marketing. Por isso, traçou uma estratégia comercial avassaladora: criou uma marca cobiçada e uma cerveja exclusiva que seria somente produzida por eles e vendida para as tavernas.

Duque Maximiliano I
Duque Maximiliano I

Então, Maximiliano I proibiu a produção da tradicional cerveja de trigo da Baviera. Somente ele poderia produzir a Weizenbier para vender para as tavernas. Além disso, a cerveja passou a se chamar Hofbräu, suprimindo o sufixo haus que quer dizer casa em português.

A cerveja foi um sucesso, as tavernas brigavam para comprar e servir aos seus clientes, o que fez com que a corte arrecadasse muito dinheiro. Toda essa estratégia comercial levou a produção da Hofbräuhaus a incríveis 140 mil litros/ano (38 mil galões) em pleno século 17.

A cerveja de trigo da Hofbräu foi a única do estilo na Baviera por mais de 200 anos – só em 1872 o rei Ludwig II venderia os direitos de produção da weizenbier para George I Schneider, liberando a produção fora da casa real.

A primeira Maibock

Mas mesmo com o sucesso comercial, o Duque Maximiliano I ainda não estava satisfeito. Além de homem de negócios ele era também um grande apreciador da gastronomia, e queria cervejas mais claras e mais fortes do que as cervejas de trigo.

Então, inspirado nas técnicas dos cervejeiros de Einbeck, o novo cervejeiro real, Elias Pichler criou a Maibock: uma cerveja mais clara e bem mais potente do que a weizenbier.

E essa nova cerveja criada pela Hofbräuhaus salvaria a cidade de Munique anos mais tarde.

A Maibock salvou Munique

Em 1618 a região central da Europa era uma verdadeira zona, com diversos reinos e ducados separados e com interesses diferentes, o que fez eclodir um conflito que ficou conhecido como a guerra dos 30 anos, onde diversas nações lutaram por 3 motivos básicos: religião, território e comércio. E claro, a Baviera estava metida nesse conflito.

Em 1632, a Baviera estava praticamente dominada pela Suécia e Munique foi invadida. Desesperado, o povo de Munique fez um acordo com os suecos: trocaram 1.000 baldes de cerveja Hofbräu, incluindo 361 baldes de Maibock, pela garantia de que a cidade não seria destruída.

O acordo deu certo, os suecos conheciam a fama daquela cerveja, e Munique não sofreu com aquela invasão. Dois anos depois, a Suécia fez um acordo e desocupou a Baviera.

A Oktoberfest

A Hofbräu seguiu por dois séculos sendo a cervejaria oficial da Baviera. Mas, um evento gigantesco mudaria de vez o patamar da cervejaria no coração do povo bávaro.

Em 12 de outubro de 1810, para comemorar o casamento do príncipe Ludwig com a princesa Therese, o Rei Maximiliano I Joseph resolveu dar uma baita festa nos portões da cidade de Munique. Ele convidou todo o povo da cidade para comer, beber e assistir a corridas de cavalos. Claro que a cerveja que regou essa festa foi da Hofbräuhaus.

príncipe Ludwig e princesa Therese
príncipe Ludwig e princesa Therese

No ano seguinte, o Rei quis repetir a festa. E no próximo ano também. E assim por diante, até que a festa virou uma tradição de Munique e ficou conhecida como Oktoberfest.

Imagens Hofbräuhaus - Oktoberfest
Imagens Hofbräuhaus – Oktoberfest

Personagens históricos

A Hofbräuhaus em Munique tem uma rica história de personalidades importantes que frequentaram suas instalações e beberam de suas cervejas.

Wolfgang Amadeus Mozart morou a poucos metros da cervejaria e era frequentador do local no século 18. Em uma carta, Mozart teria dito que escreveu a ópera Idomeneo inspirado pelas suas visitas à Hofbräuhaus.

príncipe Charles e a duquesa Camilla

Infelizmente, nem só de boas visitas é feita a história da Hofbräuhaus. Vladimir Lenin viveu em Munique antes da segunda guerra mundial e frequentava o local. Outra triste passagem aconteceu em 1920, quando Adolf Hitler usou a Hofbräuhaus para apresentar seu programa de 25 pontos do Partido Nazista. Essa triste história culminou com o bombardeio da cervejaria em abril de 1944. Ao final dos ataques a Munique, em maio de 1945, havia sobrado muito pouco da antiga cervejaria.

Mas, felizmente, a guerra acabou e a Hofbräuhaus foi reconstruída, e hoje é a maior atração turística de Munique depois da Oktoberfest.

Como realeza visita realeza, o príncipe Charles e a duquesa Camilla visitaram a cervejaria em 2019.

As cervejas da Hofbräuhaus

Aqui na Confraria Paulistânia você tem a chance de provar as cervejas da Hofbräuhaus e se aproximar de toda essa rica história.

cervejas Hofbräu

Aqui você encontra a HB Original, a HB Oktoberfest, a Weissbier e a Dunkel. Eu não tenho predileta, adoro todas! E além das cervejas, aqui você também encontra caneca, boné e cooler oficiais da Hofbräuhaus. 

CERVEJA ALEMÃ: UMA TRADIÇÃO!

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Por Anderson R. Lobato, dentre vários defeitos: Santista sofredor, Homebrewer, Sommelier de Cervejas, pai do Dudu e amante de um @Pao_Liquido.  Fala cambada de cervejeiros, tudo bem por aí? Turma, por aqui ainda nos cuidando bastante e na expectativa da chegada da vacina para o quanto 

MÚSICA E CERVEJA

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Por André “Carioca” Souza, beersommelier, mestre em estilos e técnico cervejeiro, estatístico de profissão, atua no mercado cervejeiro desde 2008 tendo feito seu primeiro curso com Leonardo Botto. Especialista em harmonização de cervejas e responsável pela divulgação de conteúdo do @embxdrs.da.cerva. Pessoal, vocês já repararam 

KÖNIG LUDWIG – UM CONTO DE FADAS CERVEJEIRO

KÖNIG LUDWIG – UM CONTO DE FADAS CERVEJEIRO

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, técnica Cervejeira e apresentadora. Correspondente audiovisual do Guia da Cerveja. @candysommeliere

Nada pode ser mais prazeroso do que trabalhar com amor e colocar o coração naquilo que se faz. Para mim, escrever sobre cervejas e conhecer novos rótulos são sempre um prazer, mas nesse caso especial eu me senti como uma princesa nesses contos de histórias com grandes castelos, que a gente lê em livros ou vê em filmes.

Receber a König Ludwig em na minha casa e poder degustá-la foi maravilhoso, porém o mais incrível foi saber toda a história que está por trás dessa cerveja e dessa cervejaria. Então, antes de qualquer coisa, vou contar pra vocês a saga da história dessa família real, responsável por grandes marcos na história da cerveja na Baviera e que se refletiu em todo mundo cervejeiro.

A König Ludwig Schloßbrauerei Kaltenberg continua a tradição cervejeira de 800 anos da casa de Wittelsbach. Isso se deve em particular as iniciativas de sua Alteza Real o Príncipe Luitpold da Baviera, que na década de 1970 começou a desenvolver uma empresa moderna a partir da pequena cervejaria no Castelo de Kaltenberg, 40 km a oeste de Munique.

A importante e aristocrática família Wittelsbach, não apenas moldou o destino da Baviera, mas também de grande parte da Europa ao longo do tempo. Política, arte e cultura estão intimamente ligados ao trabalho da família. Além da história da cerveja, que está sendo continuada hoje por Sua Alteza Real o Príncipe Luitpold da Baviera e o Rei Ludwig Schlossbrauerei Kaltenberg.

Mas vamos contar a história do começo:

1260 – LUDWIG – A GRAVIDADE

Ludwig, chamado de “der Strenge” nascido em Heidelberg, em 1229, onde também morreu em 1294, governou a Baviera de 1253 até a sua morte. Na verdade, ele entrou na herança junto com seu irmão Henrique XIII. Eles dividiram o Ducado e, mais velho, Ludwig ficou com o Palatinado e o Oberland da Baviera, o mais jovem Heinrich XIII, a rica Unterland com Landshut e o fértil Donaugäu.

O Duque Ludwig fez de Munique uma residência real, e porque a indústria cervejeira ainda estava em má forma, ele decretou em 1255 que “ain prewstatt”, uma cervejaria ducal, deveria ser criada.

De onde veio o apelido “o rigor”? Este é um capítulo trágico na vida do duque da Baviera. Ele suspeitou falsamente que sua primeira esposa havia cometido adultério e a executou. Em seu desânimo por causa desse erro de julgamento, ele iniciou a construção do mosteiro de Fürstenfeld em Fürstenfeldbruck. No local onde a König Ludwig Schloßbrauerei Kaltenberg tem hoje sua sede.

escola da konig ludwig
Schloss Kaltenberg

1516 – DUQUE WILHELM IV E A LEI DE PUREZA DA BAVIERA

Após a morte prematura de seu pai, o duque Albrecht, o Sábio, Guilherme IV, com apenas 15 anos, assumiu o governo da Baviera. Isso foi em 1508. A Baviera foi reunificada sob o governo de Albrecht, e a separação na Alta e na Baixa Baviera foi revertida.

Reinheitsgebot – Lei da Pureza

O duque Wilhelm IV., que governou junto com seu irmão Ludwig X., teve que suportar inúmeras guerras e se afirmar em tempos de levantes camponeses de Württemberg e da Reforma.

Ele é considerado o guardião do “católico antigo bávaro”, o fundador da grande galeria de quadros de Wittelsbach – e um homem renascentista que soube viver sua vida com gosto.

Há muitas coisas notáveis ​​com as quais o duque Wilhelm IV pode ser lembrado. Mas o regente da Baviera, que morreu em Munique em 1550, entrou para a história principalmente com o tópico (periférico) da “cerveja”.

“Provavelmente nenhum Wittelsbacher está tão intimamente ligado ao tema da cerveja como o Duque Wilhelm IV.”, Escreve Günter Albrecht em seu livro Königliche Braukunst. “Ele é corretamente considerado o pai da Lei da Pureza da Baviera, que moldou a indústria cervejeira da Baviera durante séculos”.

1601 – DUKE MAXIMILIAN I E O MONOPÓLIO DA CERVEJA DE TRIGO

Maximiliano I governou a Baviera a partir de 1595 junto com seu cansado pai, Wilhelm V. A partir de 1597 ele atuou como o único e enérgico regente – o que foi muito útil, porque seu governo começou com um enorme fardo de dívidas, que de alguma forma ficou sob controle.

Maximiliano I (nascido em 1573 em Munique, morto em 1651 em Ingolstadt) tomou várias medidas para manter a pesada hipoteca sob controle. Ele viu a possibilidade de uma reforma muito especial na indústria cervejeira. Naquela época, a cerveja de trigo era considerada uma “bebida inútil” e, com algumas exceções, a fabricação do produto de trigo era proibida em toda a Baviera. Até mesmo o duque Wilhelm IV, autor do Reinheitsgebot, deu permissão para usar trigo para a fervura do “cais de Weiß” de maneira regionalmente limitada.

Seu movimento por trás disso: a cerveja de trigo deve ser permitida e a concessão do direito de fabricar cerveja deve ser tratada como um privilégio ducal. Mais tarde, ele criou o famoso “monopólio da cerveja de trigo” e, assim, garantiu uma renda considerável para o estado – a cerveja de trigo se tornou muito popular. Com esta e outras medidas, ele reabilitou a Baviera. Outra razão pela qual a cerveja sempre foi mais do que apenas uma bebida gelada na Baviera e o ainda é hoje.

1810 – REI LUDWIG I E A OKTOBERFEST

Ludwig I, nascido em Estrasburgo em 1786 e falecido em Nice em 1868. Ele moldou Munique como nenhum outro monarca antes e como ninguém depois dele. E a Oktoberfest de Munique remonta a ele …

Pode-se dizer que Munique seria diferente se Ludwig I não tivesse dirigido o destino da cidade e do país. Durante seu reinado, a paisagem urbana foi redesenhada pelos famosos construtores Friedrich von Gärtner e Leo Von Klenze.

Ludwig e sua Therese

Em Königsplatz, o Propylaea e o Glyptothek, Ludwigstrasse como a nobre Via Triumphalis, tudo no estilo antigo que estava em voga naquela época, tudo monumental e ainda assim maravilhosamente integrado ao ambiente urbano.

O reinado de Ludwig I é considerado o tempo clássico, que não é mais visível do que Munique, a cidade com aspecto festivo. Quando se trata de festa, Ludwig I se superou. Em 17 de outubro de 1810, uma grande comemoração aconteceu em campo aberto na extremidade oeste do centro de Munique.

Ocasião: O casamento do príncipe herdeiro Ludwig (mais tarde Ludwig I) com a princesa Therese von Sachsen-Hildburghausen. “Deveria haver 40.000 pessoas nesta primeira ‘Oktoberfest’”, escreve Günter Albrecht em seu livro Königliche Braukunst.

Ele relata, também, que havia uma “alimentação pública” para a população mais pobre de Munique. Entre outras coisas, mais de 32.000 pãezinhos, quase 4.000 libras de queijo suíço. Ah, não vamos esquecer o mais importante: bons 350 hectolitros de cerveja !

 “A Oktoberfest de Munique, que remonta a Ludwig I, tornou-se a maior festa folclórica do mundo”. O que milhões de visitantes procuram e querem experimentar é a cerveja real.

oktoberfest onde foi servida a konig ludwig

Saiba mais: OKTOBERFEST: COMO SURGIU O MAIOR FESTIVAL DE CERVEJA DO MUNDO

1812 – REI MAX I DA BAVIERA E SUA LEI DE JARDIM DA CERVEJA

O decreto da cervejaria ao ar livre do Rei Max I (1756–1825) foi o marco para o fato de que nas verdadeiras cervejarias de Munique você ainda pode comer seus próprios lanches.

No entanto, este é apenas o efeito colateral cultural e histórico de um importante desenvolvimento da gastronomia no século XIX. Originalmente, a cerveja só podia ser produzida nos meses de inverno. Para poder produzir cerveja de baixa fermentação (Märzen) nos meses de verão – para a qual são necessárias temperaturas entre quatro e oito graus Celsius, ou seja, o resfriamento – os grandes cervejeiros tiveram a ideia de construir caves profundas no exterior a cidade, por exemplo, nas margens do Isar.

Nessas chamadas caves de verão, a cerveja amadurece em barricas, resfriadas com gelo natural. E nos dias quentes de verão os habitantes de Munique iam “à adega” em grande número para saborear a deliciosa cerveja. Essas adegas rapidamente se tornaram uma competição ameaçadora para os pequenos cervejeiros e estalajadeiros. Sua reclamação foi ouvida pelo rei, em 1812 ele emitiu a ordenança salomônica:

“Os cervejeiros locais deveriam ter permissão para usar seu próprio Märzenbier em suas próprias caves de março a setembro e servir seus convidados lá com cerveja e pão”. No entanto, eles foram expressamente proibidos de servir comidas e outras bebidas.

Jardim de Cerveja – Só em Munique, endereço da mais famosa festa da cerveja do mundo, existem 180 jardins de cerveja. O maior deles é Hirschgarden, que comporta até oito mil pessoas com suas canecas! A cidade também abriga jardins preservados desde a época do decreto do rei, como o tradicional Augustiner Biergarden, declarado mais antigo do local.

1868 – REI LUDWIG II

O rei, que ainda é apaixonadamente reverenciado na Baviera e admirado em todo o mundo, realizou muito mais nos campos da ciência, sociedade e cultura do que parece à primeira vista. Sua fama é tão grande, entretanto, que algumas facetas dessa importante personalidade muitas vezes não são mencionadas.

Em março de 1864, aos 18 anos, ele sucedeu a seu pai Maximiliano II, que faleceu inesperadamente. Quando ele visitou o prado do festival (Oktoberfest) como rei em 2 de outubro, mais de 100.000 pessoas o aplaudiram. Ludwig II foi e é venerado e amado pelo povo – desde o início até hoje.

Royal Polytechnic School de Munique

Além de seu gosto pelas artes e poesia, ele sempre teve um grande interesse por tecnologia e suas inovações. Para ficar com o tema cerveja: aqui também ele deu início ao progresso técnico. A Royal Polytechnic School de Munique foi fundada durante seu reinado. “E isso logo incluiu o departamento de cerveja, onde a cerveja e a tecnologia de alimentos, entre outras coisas, ainda são ensinadas até hoje”, pode ser lido na “Arte Real da Cerveja” de Günter Albrecht.

Digno de nota neste contexto: Carl Linde apresentou teorias sobre máquinas de refrigeração em uma palestra na Royal Polytechnic School em 1870. O mestre cervejeiro de Munique, Gabriel Sedlmayr, fez com que a Linde construísse essa máquina – com um sucesso impressionante! A partir de 1876, graças a Linde, Sedlmayr e Ludwig II, foi possível cerveja estável, independentemente da estação e do clima. Um grande passo para a indústria cervejeira – e um primeiro passo na tecnologia de refrigeradores, que logo se tornou parte integrante da vida cotidiana.

No entanto, o rei Ludwig II também costumava se retirar. Ele procurava solidão, várias vezes fugiu para o silêncio de seus castelos e finalmente morreu em 13 de junho de 1886 aos 41 anos.

Ele era uma personalidade grande e complexa. O Castelo de Neuschwanstein (capa do post), o Castelo Linderhof e o Castelo Herrenchiemsee são monumentos culturais mundialmente famosos de primeira ordem. E, como o próprio rei, eles são um símbolo da Baviera de então e agora.

Schloss Linderhof

2021 – SUA ALTEZA REAL O PRÍNCIPE LUITPOLD DA BAVIERA

O príncipe Luitpold da Baviera, nascido em 1951 no castelo Leutstetten, não muito longe do lago Starnberg, é bisneto do último rei da Baviera, Ludwig III. É um descendente direto do Rei Ludwig I.

fábrica konig ludwig

Aos 25 anos, o Príncipe Luitpold assumiu a administração da pequena, mas tradicional, cervejaria do Castelo de Kaltenberg.

Ele “modernizou gradualmente a tecnologia cervejeira e mudou a estratégia de vendas e marca”, como afirma Günter Albrecht em seu notável livro Königliche Braukunst.

Contrariando a tendência do mercado cervejeiro, inicialmente apostou na cerveja escura, como era apreciados nos chamados bons velhos tempos, na época do Príncipe Regente. E ele teve sucesso!

A König Ludwig Dunkel se tornou uma cerveja cult, líder de mercado no segmento de cerveja escura e uma verdadeira especialidade de cerveja real.

Nos anos seguintes, o Príncipe Luitpold conseguiu expandir a cervejaria, adquirindo novos locais e com as marcas König Ludwig Weissbier e König Ludwig Hell, inicialmente na Alemanha, e logo também internacionalmente.

Hoje, atua como embaixador de sua cerveja real em muitos países.

Saiba mais sobre cervejas bávaras em A BAVARIA QUE AMAMOS!

O BRASÃO DE WITTELSBACHER

O grande brasão bávaro remete à uma longa tradição. Os símbolos apresentados estão profundamente enraizados na história da Baviera. Os elementos heráldicos do tem cada um, um significado especial:

O LEÃO DOURADO: No quadrado acima à esquerda encontra-se o leão dourado em um quadrado preto. Originalmente ele era o símbolo do Conde Palatino do Reino. Após a nomeação do duque bávaro Ludwig no ano de 1214, como Conde Palatino, este serviu durante séculos como uma característica comum da antiga dinastia de Wittelsbacher bávara e palatina.. Hoje, o leão palatino ereto, dourado e vermelho intenso, lembra o distrito administrativo do Alto Palatinado.

explicação sobre o brasão da konig ludwig

O ANCINHO DA FRANCÔNIA: O segundo quadrado é dividido em vermelho e branco (prata). Este “ancinho“ surgiu em 1350 como brasão de algumas regiões do Bispado de Würzburg e em torno de 1410 nos selos dos bispos príncipes. Hoje o ancinho da Francônia é usado para as regiões administrativas da Alta, Média e Baixa Francônia. 

A PANTERA AZUL: A parte inferior à direita, mostra uma pantera ereta em azul com reforço em dourado em fundo branco (prata). Ela foi originalmente criada para o brasão do Conde Palatino de Ortenburg residente na Baixa Baviera (século 12). Mais tarde, a dinastia de Wittelsbach assumiu a pantera. Hoje a pantera azul representa os antigos distritos governamentais bávaros da Baixa e da Alta Baviera.

O ESCUDO DE CORAÇÃO BRANCO E AZUL: O escudo de coração tem losangos diagonais em branco (prata) e azul. Após ele ter servido como brasão na época (1204) pelo conde von Bogen, este escudo de coração foi adotado em 1247 pelos Wittelsbachern como brasão oficial. Os losangos brancos-azuis são os símbolos bávaros. Hoje o brasão de losangos simboliza a Baviera como um todo. Com a coroa do povo ele também é utilizado oficialmente como o pequeno brasão bávaro.

A COROA DO POVO: Ela consiste de um arco dourado decorado com pedras, o qual é composto com cinco folhas ornamentais. A coroa do povo, que é encontrada pela primeira vez no brasão de 1923, simboliza a soberania do povo após a abolição da coroa real.  

REALEZA ENGARRAFADA!

Bem, depois de nos edificarmos culturalmente com tanta história, é chegada hora de falar das cervejas.

konig ludwig weiss

Tive o deleite em degustar König Ludwig Weissbier Hell e devo dizer que foi uma experiência fantástica.

Uma cerveja de trigo, turva, com dourado intenso e incrível delicadeza de aromas e sabores. Trazendo os já tradicionais e esperados, aromas de cravo e banana, ela apresenta também uma leve picância e sabores frutados. Com 5,5 de ABV , baixo amargor e excelente carbonatação, ela é uma cerveja bastante refrescante.

Então, aproveitando um belo domingo de sol, resolvi fazer um prato picante para harmonizar. No final deste artigo, disponibilizo a receita.

konig ludwig dunkel

A outra maravilha é a König Ludwig Dunkel, eleita em 2019 a cerveja escura nº 1 da Alemanha!

A clássica é feita usando o processo de fabricação tradicional – em uma panela de cobre.

O malte de cevada escuro dá à cerveja sua cor típica e cria um sabor caramelo. Em combinação com os melhores lúpulos de aroma, cria-se uma cerveja com um sabor ligeiramente amargo, esta Ale tem teor alcoólico 5,1%.

É, sem dúvida, o culminar da tradição real da cerveja!

Para você resolver essa curiosidade misturada com a enorme vontade de degustar esses incríveis exemplares da König Ludwig, entre já no site da Confraria Paulistânia Store e receba em casa, com todo conforto e segurança!

RESISTA SE FOR CAPAZ!

Receita para harmonizar: Tulipa de Frango Marinado na Weissbier

600 gramas de coxinhas das asas
01 limão
350 ml de weissbier
01 colher de sopa de sal
01 colher de sopa de páprica picante
Pimenta do reino a gosto

Modo de preparo:
Com as coxinhas das asas descongeladas, lave-as com suco de um limão e depois passe na água corrente. Coloque uma colher de sopa de sal marinho, uma colher de sopa de páprica picante e pimenta do reino a gosto. Espalhe o tempero com as mãos até que as coxinhas fiquem bem temperadas, depois leve as um recipiente alto de vidro colocando a ponta das coxinhas (osso) para cima então regue com 350 ml de Weissbier e deixe marinar por 40 minutos. Escorra o liquido e leve-as para assar numa churrasqueira a brasa, virando de lado, eventualmente até dourar.
Pronto, quando as coxinhas estiverem bem douradas e você sentir a crocância, elas estão prontas para o consumo, então aproveite e harmonize com a sua König Ludwig Weissbier Hell geladinha!

harmonização de konig ludwig com asinhas de frango