Posts Recentes

Selo Trapista – atribuição e reconhecimento.

Selo Trapista – atribuição e reconhecimento.

Por Leonardo Millen, jornalista especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Aficionado por cervejas especiais, escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where (@saideira.beer) e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o portal definitivo de notícias sobre bebidas que acaba de chegar ao mercado. 

AMSTERDAM REGADA A LA TRAPPE

AMSTERDAM REGADA A LA TRAPPE

Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira. Olá meus amigos apreciadores da gastronomia com boas cervejas. Desta vez vamos dar um “pulinho” na Holanda e desvendar um pouco de sua gastronomia típica. Em 2018, 

A CERVEJA DOS MONGES

A CERVEJA DOS MONGES

O SABOR DO SILÊNCIO!

Por Leonardo Millen, jornalista especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Aficionado por cervejas especiais, escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where (@saideira.beer) e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o portal definitivo de notícias sobre bebidas que acaba de chegar ao mercado. Inclusive cerveja!

LA TRAPPE, A CERVEJA FEITA POR MONGES PARA AGRADAR A ALMA.

A origem da cerveja é meio polêmica. Tem gente que acredita que os homens das cavernas já a faziam sem saber. Então vou pedir licença e pular alguns milênios até a Idade Média. Nesta época a cerveja era extremamente importante.

A água das vilas, castelos, cidades e navios nem sempre era fresca e potável. Não existia tratamento de água, muito menos geladeira. Então, era muito mais seguro beber cerveja do que a água (santo álcool!). Cerveja também era uma fonte de alimento, pois ela era densa, com os resíduos do mosto no fundo, quase um pão líquido. E tinha um valor comercial até mais aceito do que dinheiro. Era bom ter cerveja à mão (isso não mudou hoje em dia!).

Talvez, por todos esses motivos e pelo óbvio prazer que ela proporciona, a cerveja era muito popular. Por isso, cada vilarejo, cada cidade, tinha ao menos uma cervejaria. E muitas delas eram, imagine só, produzidas por padres ou dentro de mosteiros religiosos. Dizem que os monges começaram a fazê-las para aliviar a penúria dos mais pobres e usá-las como o alimento espiritual durante seus períodos de jejum… Pode até ser, mas acredito que eles gostavam mesmo de uma cervejinha e deixavam o vinho mais para as celebrações religiosas.

Como os monges não precisavam lavrar a terra, colher ou cuidar dos animais, tinham bastante tempo e conhecimento para aperfeiçoar suas receitas. Assim, viraram exímios cervejeiros. Mas há diferenças. As cervejas de abadia são aquelas produzidas em templos católicos, independente da ordem seguida pelos seus monges. Dentre elas, atualmente, os estilos Blonde, Dubbel, Tripel, Strong Golden Ale e Dark Strong Ale são os mais conhecidos.

ORA ET LABORA

Mas as trapistas são um tipo de cerveja produzida apenas sob a supervisão de monges da Ordem Trapista. O nome é derivado do mosteiro de Notre-Dame de La Trappe, na Normandia. É uma congregação religiosa que segue os preceitos de São Bento “ora et labora” (orar e trabalhar). Ou seja, eles rezam e produzem algo que lhes dê subsistência, como produtos agrícolas, pães, biscoitos, queijos e… cerveja!

Porém, dos mais de 170 mosteiros trapistas existentes no mundo, apenas 12 produzem cerveja. Seis ficam na Bélgica – Rochefort (Namur), Achel, Orval, Westmalle, Vleteren Oester, Chimay; dois ficam na Holanda – Konigshoeven (cerveja La Trappe) e a Abdij Maria Toevlucht (em Klein-Zundert); um na Áustria – Engelszell; um nos Estados Unidos – St. Joseph’s Abbey (Spencer- Massachusetts) e um na Itália – Abadia das Três Fontes (Roma).

Como a Ordem Trapista não visa lucro, a receita obtida com a venda da cerveja é destinada a pagar as contas e o que sobra é doado para a caridade. E para garantir que nenhum aventureiro usasse o nome “Trapista” indevidamente, foi instituído, em 1962, um selo de autenticidade que estampa as garrafas e serve de garantia da origem. Ou seja, para uma cerveja ser considerada Trapista, ela deve ser produzida dentro de um mosteiro dessa ordem, por monges trapistas, ter o selo no rótulo e todo o lucro obtido na venda deve reverter para a caridade.

Vai o tempo que eu provei pela primeira vez uma cerveja trapista. Lembro que foi no exterior e foi a La Trappe, porque, um dia, eu estava na Paulistânia e vi que eles (Bier & Wein) eram importadores da marca. Imagine a sensação de quem encontra um tesouro? Foi o que senti. E dali para frente, de tempos em tempos, eu me permito ao prazer de beber uma La Trappe. Vale muito a pena! É uma cerveja diferente.

A linha tem vários tipos, mas, em geral, elas são meio turvas, de corpo médio, alaranjadas e você sente o sabor lá no fundo de mel, banana, nozes, passas e, talvez, até de rum… (não me ataquem!) O certo é que ela é uma delícia! Todas têm teor alcoólico mais alto, o que já agrada a quem gosta de sorrir. Por isso eu sempre sorrio ao vê-la caindo no meu copo.

O “CARA” É UMA LENDA!

Agora imagine você que, em maio de 2019, a Bier & Wein me fez um convite especial: uma degustação dos rótulos da La Trappe com a presença de Father Isaac Majoor, o monge trapista, mestre-cervejeiro e diretor da La Trappe! Ele veio pela primeira vez ao Brasil direto da Koningshoeven Trappist Brouwerij, cervejaria da abadia Onze Lieve Vrouw van Koningshoeven, que fica em Tilburg, na Holanda, e faz parte da Ordem Cisterciense daquela lista de cervejarias autorizadas a produzir a cerveja trapista.

No dia marcado, eu estava lá em ponto. Pude ouvir Father Isaac contar toda sua história. O cara é uma lenda! Ele vem de uma família de 12 irmãos, trabalhou na África como agente de saúde infantil, virou paramédico e em 1996, aos 43 anos, entrou para o mosteiro e se tornou o diretor da cervejaria. Sua marca é implantar a energia sustentável no processo produtivo e unidades hospitalares e de ensino na África. Mas nunca se esqueceu da sua paixão por cerveja.

EXPERIÊNCIA DIVINA!

Ao final da palestra, não resisti e me aproximei dele. Ele é um cara bem-humorado, gente boa!! Conversamos como se fôssemos velhos amigos… Aliás, ele me contou que inventou o “beber meditativo”- “Nossas cervejas são únicas, autênticas e boas para serem desfrutadas no momento de descanso após um dia cansativo de trabalho. E se você tiver sorte, poderá sentir a presença do Espírito Santo durante esta meditação”, disse.

Para encerrar, pedi (ridículo!) uma foto brindando. A assessora que estava ao lado disse: “Ele não tira fotos bebendo. É recomendação da La Trappe”. Mas ele já tinha virado “brother Isaac” e disse: “Não tem problema. Eu tiro. Só não posso beber…”. “Lógico!”, disse, e fiz essa foto aí. Não sei se sou o único no mundo que conseguiu, mas, para mim, foi um troféu de um dia memorável… Cerveja tem dessas coisas…

PORTIFOLIO ABENÇOADO

A Bier & Wein importa com exclusividade o portfólio da La Trappe. Agora vem a parte que posso ajudar você a conhecer para provar essas belezas:

. Witte  – cerveja de trigo bastante aromática, que remete a pimenta e cravo, frutada, com 5,5% de teor e 14 IBU (a La Trappe é a única trapista do mundo a produzir este estilo).

. Blond  – é uma cerveja ale dourada, frutada e perfumada. É bem refrescante e companheira de todos momentos com 6,5% de teor e 20 IBU.

. Dubbel – Ela é uma ale avermelhada escura, por conta do malte torrado, que dá a ela um dulçor lá no fundo, mas você acaba se deliciando com o aroma e aquela sensação de caramelo e passas, com 7% de teor e 22 IBU. Ótima para acompanhar uma tábua de frios.

. Tripel – Uma cerveja ale clássica belga, loira, frutada, que remete ao damasco, e com um leve amargor (25 IBU), além de uma boa sensação de álcool (8% de teor). Dizem que as loiras são fatais. Então é melhor bebê-la em boa companhia.

. Quadrupel – É uma com uma cor vermelho/marrom linda, encorpada, potente, que remete à tâmara, nozes e cravo, muito gostosa e agradável, com 10% de teor e 22 IBU. Ela pode ser guardada mais tempo, para um dia mais frio ou para ser a última da sequência daquele jantar especial.

. Bock – Cerveja lager típica de inverno, mas sensacional. Ela tem uma cor escura, quase marrom, lupulada, aromática e com malte torrado que lembra chocolate e até café. É a única cerveja bock trapista com fermentação contínua na garrafa, com 7% de teor e 38 IBU. Se você comprar, tenho certeza que ela dança no primeiro friozinho que pintar.

. Isid’or – Deus existe! Ela é uma ale de cor vermelho-alaranjada, frutada, suavemente doce com um toque de caramelo, 7,5% de teor e 27 IBU. Tem um ingrediente secreto: o lúpulo Perle, que é cultivado pelo próprio monastério. Ela é uma edição especial de 2009 comemorativa aos 125 anos da cervejaria e batizada em homenagem ao monge Isidorus, o primeiro mestre cervejeiro da abadia, que de tão maravilhosa entrou em linha. Você vai se sentir lá no monastério entoando cantos gregorianos…

. Oak Aged – Ela é uma cerveja que é um blend que usa uma parte de cerveja envelhecida seis anos em barris de carvalho que já receberam vinho, whisky, Bourbon e até cachaça, como a versão com a cachaça brasileira da Weber Haus, de Ivoti (RS). O aroma e o sabor dependem do tipo de barril de envelhecimento. Esse líquido acobreado, denso, intenso, que absorve o amadeirado, tem incríveis 11% de teor e 16 IBU. Uma preciosidade, perfeita para ocasiões especiais.

Você encontra esses rótulos bem aqui, no e-commerce www.confrariapaulistaniastore.com.br Aproveite para dar uma navegada porque sempre tem novidades sobre essas e outras cervejas importadas pela Bier & Wein, além de, claro, promoções irresistíveis. Inclusive, tem um kit que vem com uma taça especial, com a boca grande, que é a adequada para você saborear melhor as La Trappe.

Espero que tenha gostado e… boas cervejas!