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ZODÍACO CERVEJEIRO – PARTE 1

ZODÍACO CERVEJEIRO – PARTE 1

Por André “Carioca” Souza, beersommelier, mestre em estilos e técnico cervejeiro, estatístico de profissão, atua no mercado cervejeiro desde 2008 tendo feito seu primeiro curso com Leonardo Botto. Especialista em harmonização de cervejas e responsável pela divulgação de conteúdo do @embxdrs.da.cerva. Fala pessoal, tudo bem??? 

CERVEJA E HAMBÚRGUER, DÁ MATCH!

CERVEJA E HAMBÚRGUER, DÁ MATCH!

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, Técnica Cervejeira e apresentadora –  @candysommeliere Dia dos Namorados, data tão deliciosa que nos reserva momentos de paixão e de muito amor! NO MUNDO… Você sabia que o Dia dos Namorados, na verdade, começa lá atrás no Império 

ICH WILL EINEN ERDINGER!

ICH WILL EINEN ERDINGER!

Por Leonardo Millen, jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Também é um apaixonado por cervejas, tanto que escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o portal definitivo de notícias sobre bebidas que acaba de chegar ao mercado. Inclusive cerveja!

Olá para todos! Eu não falo alemão, mas esse título, que pesquisei no Google translator, significa “Eu quero uma Erdinger!”. Explico o porquê. Hoje vou falar para vocês de um ícone do mercado mundial de cervejas: a Erdinger.

Confesso logo de cara que esta cerveja faz parte da minha história. Eu era um jovem no final dos anos 1990 que bebia cervejas de alto consumo quando comecei a namorar uma moça que tinha uns amigos, digamos, sofisticados.

Certa vez, fomos a um restaurante chique e o garçom me sugeriu uma cerveja alemã… Eu aceitei e ele veio à mesa com uma taça de cristal comprida, que eu nunca tinha visto. Ele me mostrou o rótulo, tal como se faz com um vinho, e serviu a cerveja. Fiquei perplexo porque ele balançou a garrafa para misturar os sedimentos e servir a parte final da bebida.

BRIOCHE LÍQUIDO!

Nem precisa dizer que, depois desse ritual, eu pirei ainda mais com o sabor da cerveja. Uma coisa que se aproximava para um leigo de um “brioche líquido”, incrivelmente leve, saborosa, refrescante e com gosto de quero mais.

Naquela época, produtos importados não eram baratos e difíceis de se encontrar em qualquer mercado. A Erdinger, em particular, era cara para um jovem de classe média como eu. Comparável a uma garrafa de um vinho.

Passaram-se semanas e aquela cerveja não saía da minha cabeça. O que era aquilo! Nas gôndolas de um supermercado, a encontrei novamente e pude voltar a sorrir. Resultado: nunca mais me esqueci dela e do efeito que ela causou em mim.

A partir daquele momento, virei um apaixonado por cervejas especiais. Jamais enxerguei cerveja da mesma forma. Entrei em uma jornada sem retorno. Se hoje sou um modesto apreciador desse líquido bem feito, devo à Erdinger ter sido a protagonista do meu rito de passagem.

A HISTÓRIA DA ERDINGER

A Erdinger foi fundada em 1886 por Johann Kienle que fez o favor de fazer a primeira Weissbier na pequena cidade de Erding, sul da Alemanha, perto de Munique.

Pouco depois, em 1890, a cervejaria foi vendida para a família Stadlmaier que, após a primeira guerra mundial, a revendeu em 1930 para o então diretor da empresa, Franz Brombach.

É aquela história do cara que compra a cervejaria do patrão, vem a segunda guerra mundial, a Alemanha fica em frangalhos, mas ele acredita no negócio.

Em 1949, quase vinte anos depois, ele deu à cervejaria o nome de Erdinger Weissbräu e foi à luta.

A Erdinger Weissbier se consolidou então como seu carro-chefe.

Trata-se de uma cerveja de trigo premium leve, de alta fermentação, não pasteurizada, produzida de acordo com a Lei de Pureza Alemã, de 1516, a Reinheitsgebot.

Ou seja, ela é feita com mais de 50% de malte de trigo e o restante com malte de cevada, lúpulo selecionado e água dos poços da própria Erdinger.

Conheça mais sobre a Maturação Nobre Bávara – “Bayerische Edelreifung”- técnica de produção que traz para vocês cervejas únicas e experiânicais inesquecíveis! MATURAÇÃO NOBRE BÁVARA – O SELO DA DIFERENCIAÇÃO

Não contém aditivos químicos, corantes, conservantes ou cereais não maltados, como o milho e o arroz.

Utiliza leveduras próprias em duas fermentações distintas, sendo a primeira alta (nos tanques) e a segunda, baixa, refermentada na garrafa.

BAYERISCHE EDELREIFUNG

Além disso, são necessárias de três a quatro semanas para maturação, algo que poucas cervejarias de alta produção se dão ao luxo.

Este processo confere à cerveja uma cor dourada, meio turva, e sua espuma parece um creme de tão branca, densa e persistente.

Seu aroma revela o óbvio trigo, mas também aveia, levedura e um leve toque de banana. O sabor é bem equilibrado, combinando a sensação de “brioche líquido” (lembra?) com um toque especial de malte levemente adocicado.

Outra diferença fundamental está na filtragem. O fermento permanece na garrafa, o que justifica aquele ritual de se dar uma leve rodadinha para servir o final da garrafa (lembra?). Resumindo: uma cerveja única, gostosa, extremamente equilibrada e de excelente “drinkability”.

A Erdinger Weissbier harmoniza perfeitamente com a tradicional culinária alemã, o que faz dela uma presença constante nas mesas do país e nas das simpáticas a esta linha gastronômica no exterior. Particularmente, adoro uma linguicinha ou uma tábua de frios com ela. Simples e sem frescura. É perfeito!

UM ESPLENDOR DE CERVEJA!

Mas, voltando à história, o Franz foi um visionário e entusiasta do próprio produto. Tanto que fez coisas como uma campanha publicitária para marca, em 1971, focada nos seus “elevados padrões de qualidade” para produzir uma joia com a “especialidade tradicional da Baviera”.

Werner Brombach, atual CEO Erdinger.

O jingle da campanha da marca nessa época, “Des Erdinger Weissbier, des is hoid a Pracht.” (Erdinger Weissbier é um próprio esplendor) tornou-se um clássico da publicidade alemã.

Em 1975, com a morte de Franz, seu filho, Werner Brombach, assume o controle da cervejaria.

A nossa sorte foi que, além de ser mestre-cervejeiro, Werner era formado em marketing, o que deu à marca uma nova perspectiva.

Ele foi o responsável pela ascensão da empresa como negócio e introduziu modernos conceitos marketeiros. Foi dele, por exemplo, a ideia de associar a marca à Bavária e, ao mesmo tempo, tornar as cervejas de trigo populares nos outros estados alemães.

Dois anos depois, ganhou mercado e fortaleceu sua imagem a ponto de a produção atingir cerca de 225.000 hl. A Erdinger virou líder de mercado e começou a exportar para outros países europeus, como Áustria e Itália, e para novos mercados, como Rússia e China.

Em 1983, Werner construiu uma nova cervejaria, com modernos equipamentos e laboratórios, para atender à crescente demanda com capacidade de produção de 82 mil garrafas por hora.

Pensa: isso foi em 1983! Pode parecer pouco impactante hoje, mas, no início da década de 90, a Erdinger atingiu a marca histórica de 1 milhão de hectolitros produzidos, fazendo com que a cervejaria se tornasse a maior no segmento de cervejas de trigo mundial. E passou também a ser exportada para diversos países, em todos os continentes, uma ousadia para uma marca de cerveja.

A CERVEJA DE TRIGO MAIS 💛DO MUNDO!

Outra ideia de sucesso de Werner foi criar o “Fã clube Erdinger”, em 1995. Não eram tempos de clubes de assinatura e mídias sociais. Só que, em dez anos, a marca conseguiu reunir cerca de 60 mil apaixonados em mais de 45 países.

A ERDINGER HOJE

A Erdinger também fez um grande bem para sua comunidade local.

A Baviera se tornou uma grande produtora de cervejas de trigo, concentrando quase 90% do mercado mundial deste estilo e produzindo em torno de 1.000 tipos diferentes de cervejas. O consumo também é elevado: chega a 30% do mercado local.

A marca se tornou sinônimo de cervejas do estilo Weissbiers não apenas na Alemanha, mas também em todo o mundo. Não é raro usarem a Erdinger como referência para a fabricação de cervejas fiéis ao estilo.

Atualmente, ela é a cerveja de trigo mais consumida do mundo, comercializada em mais de 80 países. Aproximadamente 15% da produção anual de 1.71 milhões de hectolitros é exportada. No Brasil, a Erdinger chegou oficialmente em 2000, mais ou menos na época que nos encontramos naquele restaurante chique…

UM VERDADEIRO BÁVARO NÃO SE VENDE.

Outra coisa interessante é que a marca nunca abriu fábricas em outros países nem concedeu licenças de produção. Toda garrafa de Erdinger consumida no mundo, não importa se na China ou no Brasil, é produzida na Alemanha, mais precisamente na Baviera.

A engarrafadora chega a envasar até 165 mil garrafas por hora! A empresa se orgulha disso e faz questão de destacar suas raízes no slogan “In Bayern daheim, in der Welt zu Hause” (Em casa na Baviera, em casa no mundo).

Gosta de se apresentar como a cerveja “genuinamente bávara”. Muitos veem nisso também uma alfinetada nas concorrentes Paulaner (comprada pela Heineken) e Franziskaner (comprada pela Inbev). “Um verdadeiro bávaro não se vende“, diz um comercial recente da marca, feito exatamente para desmentir supostas negociações com grandes conglomerados mundiais e, claro, alfinetar novamente as concorrentes nas entrelinhas.

O presidente e dono da Erdinger ainda é Werner Brombach, que nega sistematicamente que a empresa esteja sendo vendida. Isto porque restam poucas cervejarias alemãs que não tenham sido encampadas pelas grandes marcas.

Linha de produção Erdinger – CLIQUE AQUI

GOLAÇOS!!!⚽🏆🍺

A ligação da Erdinger com a Baviera é tão forte que a marca fechou uma parceria, em 1997, com outro símbolo da região: o Bayern de Munique.

E como lá na Alemanha cerveja é culturalmente aceita, não foi raro ver os jogadores desse time de futebol aparecerem em anúncios e em eventos segurando copos de Erdinger… cheios! E os caras bebiam! Golaço!

O marketing deu tão certo que a concorrente Paulaner, cobriu a oferta em 2003 e se tornou a patrocinadora oficial do clube, com contrato renovado até 2026!

Mas isso não foi considerado uma derrota nos campos do marketing. Teve revanche. Em 2019, na festa de 80 anos de Werner Brombach, foi anunciado que o treinador Jürgen Klopp é o novo embaixador da cervejaria.

Klopp treinou o Borussia Dortmund entre 2008 e 2015, quando levou o clube alemão a uma final de Liga dos Campeões. Atualmente, ele comanda o Liverpool na Premier League da Inglaterra.

Mas é ele quem aparece em uma recente propaganda de 2020 da marca falando: “Never skim an Erdinger” (Nunca corte o colarinho de uma Erdinger) e também assina uma edição especial Erdinger Champions Edition Jürgen Klopp Weissbier, em lata vermelha (a cor do Liverpool) de 500ml, comemorativa à Champions League.

Essa estratégia de marketing foi avassaladora. O comercial viralizou nas redes sociais e a Erdinger experimentou uma explosão de vendas no Reino Unido nunca vista antes na história. “Never skim an Erdinger” já praticamente virou um bordão.

‘Never skim an Erdinger’ | Jürgen Klopp | Erdinger Weißbräu Commercial 2020 – CLIQUE AQUI

Copos, bonés e demais itens promocionais com a assinatura do treinador viraram febre na Europa inteira. A demanda foi tamanha que a marca resolveu aproveitar e criar para a Alemanha uma promoção de um boné Jürgen Klopp grátis para cada caixa de Erdinger vendida com direito a participar do sorteio de uma viagem para um jogo do Liverpool.

Foi uma loucura que mobilizou um enorme número de fãs do futebol, independente de clube, com sold out em todos os pontos de venda. Este golaço foi no ângulo!

Para se ter uma ideia do impacto comercial dessas ações nas vendas, a Erdinger figura nos rankings de desempenho de mercado em oitavo lugar entre as marcas mais consumidas do disputadíssimo mercado alemão.

Porém, no mundo, onde a disputa é maior ainda, a Erdinger é a marca de cerveja de trigo mais vendida. Goleada!

ERDINGER NO BRASIL

Como pontuei antes, desde a virada dos anos 2000, a Erdinger é importada para o Brasil com exclusividade pela Bier & Wein. Nem precisa dizer o quanto isso nos alegra.

A empresa traz não só as garrafas e latas, mas também barris para oferecer essas maravilhas bávaras até em chope para os sedentos tupiniquins.

A linha de cervejas da marca é composta por 10 rótulos, alguns deles sazonais. Confira aqui os principais trazidos pela Bier & Wein:

Weiss

Weissbier

É a clássica, o principal produto do portfólio.

Ela é uma cerveja de trigo leve, muito aromática e refrescante. Desce fácil!

Harmoniza com peixes e frutos do mar, saladas, grelhados, salsichas e pratos apimentados.

Dunkel

Teor alcoólico: 5,3%.

Dunkel

Uma cerveja escura, graças ao malte levemente tostado, de corpo médio e sabor ligeiramente amargo e picante.

Muito saborosa, ela harmoniza com embutidos, hambúrguer e pratos apimentados.

Teor alcoólico: 5,3%.

Pikantus

Pikantus

Cerveja escura tipo Bock (eu adoro!), que adquire seu sabor forte e corpo médio/alto por conta dos maltes tostados de trigo e cevada e pelo longo período de maturação.

Mesmo com um elevado índice de álcool, ela mantém seu sabor único, com excelente drinkability.

É perfeita para acompanhar entradas e refeições neste inverno.

Teor alcoólico: 7,3%

Urweisse

Urweisse

É uma cerveja que utiliza a receita original da fundação da Erdinger (1886), ou seja, é uma Weissbier alemã de raiz, porém sem a refermentação na garrafa.

Ela mantém aquele aroma e paladar característicos, com notas frutadas e um toque de cravo e banana e vai muito bem com saladas, grelhados, salsichas e pratos apimentados, mas também pode acompanhar sushis, peixes e frutos do mar.

Teor alcoólico: 4,9%

Kristall

Kristall

Uma cerveja de trigo, porém mais dourada e cristalina como uma Pilsen (devido a uma fina filtragem).

Tem um sabor intenso de pão/biscoito, com sutis notas de banana, cítricas e de especiarias.

Uma cerveja boa para o dia-a-dia e que pode acompanhar muito bem pratos mais suaves, como sushis, saladas, grelhados e frutos do mar.

Teor alcoólico: 5,3%

Alkoholfrei

Alkoholfrei

É a primeira cerveja não alcoólica isotônica para atletas e para os que buscam uma vida saudável.

Totalmente natural e livre de aditivos químicos, gordura ou colesterol, mantém o sabor original da cerveja de trigo e tem apenas 25 calorias por 100ml.

Contém todas as vitaminas do Complexo B, além de minerais como potássio, fósforo, etc.

Oktoberfest

Oktoberfest

Cerveja especialmente produzida para as comemorações da tradicional Oktoberfest, em Munique.

Tem sabor frutado e intenso, com aroma de especiarias e coloração dourada escura e turva.

É uma cerveja de alta fermentação, produzida com malte de trigo e cevada e refermentada na própria garrafa.

Teor alcoólico: 5.7%

Schneeweisse

Schneeweisse

É uma cerveja de trigo sazonal, desenvolvida especialmente para as comemorações de final de ano, mas que acabou conquistando um bom espaço no portfólio.

Uma cerveja alaranjada, de longa maturação, com aroma cítrico e paladar condimentado.

Harmoniza bem com frutos do mar, hambúrguer, petiscos e saladas.

Teor alcoólico: 5,6%.

DICA FINAL

Para garantir que a sua Erdinger seja servida da maneira correta (lembra daquele garçom?), aqui vão as dicas para você acertar no copo:

1 – Coloque sua garrafa em pé no freezer da geladeira até que ela atinja uns 8°C. Se não tem um termômetro, vai na base dos 7 minutos mais ou menos. A posição vertical é fundamental para que o trigo assente no fundo e o gás não escape na hora da abertura.

2 – Tente usar o copo weiss apropriado, aquela “tulipona” de 500 ml. Isto porque a cerveja precisa ser colocada inteira no copo.

3 – Limpe bem o copo com água fresca, pouco detergente e use o lado amarelo macio da bucha para não riscar. Enxágue bem mesmo para não deixar nenhum resíduo.

4 – Eu gosto de usar um truque que é colocar água e três pedrinhas de gelo e deixar o copo absorver o frio por pelo menos 30 segundos.

5 – Descarte a água gelada e, com o copo inclinado, sirva lentamente a cerveja, deixando dois dedos do líquido ainda na garrafa.

6 – Agite a garrafa com movimentos circulares para misturar a levedura depositada no fundo.

7 – Sirva o restante, formando uma coroa de espuma. A levedura ficará uniformemente dissolvida na cerveja, dando sua típica aparência turva e completando o ritual para você apreciar a sua Erdinger com se deve.

Aproveite também que está no site da Confraria Paulistânia Store para dar uma navegada pela loja e escolher quais Erdinger encomendar. Vale também incluir outros rótulos da Bier & Wein porque sempre tem promoções irresistíveis de cervejas importadas e do portfólio da Paulistânia.

Espero que tenha gostado e… boas cervejas!

Nota da editora: eu amo esta cerveja!

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Por Anderson R. Lobato, dentre vários defeitos: Santista sofredor, Homebrewer, Sommelier de Cervejas, pai do Dudu e amante de um @Pao_Liquido. 

Fala cambada de cervejeiros, tudo bem por aí? Turma, por aqui ainda nos cuidando bastante e na expectativa da chegada da vacina para o quanto antes nos encontrarmos nos bares por aí. Quem topa?

Pessoal, vocês acompanharam as notícias do cancelamento da Oktoberfest em Munique – Alemanha, também neste ano de 2021? Pois é. Mesmo a pandemia desacelerando por lá, a taxa de vacinação em alta e ainda afetando diversos empregos diretos e indiretos, o governador do estado da Bavária, Markus Soeder, cancelou o evento visando a preservação da saúde dos moradores, turistas e pessoas envolvidas com a festa. Mais um ano sem a mais tradicional festa cervejeira em todo mundo.😥

Leia também: OKTOBERFEST: COMO SURGIU O MAIOR FESTIVAL DE CERVEJA DO MUNDO

O Oktoberfest que faz da cerveja alemã uma tradição
Ciclista atravessa a área onde é realizada a Oktoberfest em Munique, em frente à igreja de St. Pauls, na Alemanha
Foto: Matthias Schrader/AP

Más notícias a parte, gostaria de perguntar a vocês: o que faz (ou fez) da Alemanha e de suas receitas cervejeiras uma referência em qualidade e tradição na produção de cerveja em todo o mundo, a ponto do planeta, galáxia que vivemos ficar bem triste com a ausência deste festão? Concorda com essa afirmação?

Vem com a gente conhecer esse mundo de aromas, sabores e claro, história da cerveja no país do chucrute.

A cerveja migrou com o passar dos anos através do império romano e movimentos há época de comércio e expansão territorial vindos da Mesopotâmia. A turma “Alemã” adorou e adotou rapidamente aquela bebida trazida junto com os Celtas, do início da era Cristã (olha a igreja de novo aí minha gente) e a figura da igreja e seus monges, na produção do nosso Santo Pão Líquido.

Processo migratório dos povos Celtas vindo da Mesopotâmia

Fonte: blog Seguindo os Passos da História / Leandro Vilar

Ainda que hoje, obviamente, isso se alterou. Concordemos, que lá pelos anos 1300, 1400, as coisas não eram das mais organizadas e nem das mais gostosas, não é mesmo?

Até então, as cervejas eram basicamente “temperadas” com especiarias, ervas e talvez frutas secas denominadas “gruit” (misturas de ervas para dar sabor e amargor naquela época). Apesar de alguns registros de lúpulo, não tínhamos nada estruturado até então.

A mudança do “gruit” para o lúpulo foi gradual, porém os benefícios eram inegáveis – além de conferir amargor e aromas agradáveis à bebida, o lúpulo agia também como conservante natural desta belezinha chamada cerveja.

Portanto, falar de uma “Lei de Pureza” na produção de cervejas, padronizando os principais ingredientes e cuidados com a qualidade do produto, certamente era um grande avanço intelectual e tecnológico para a época. Não é mesmo? É, estes caras já começaram bem..heihie..

A LEI DA PUREZA – 1516 – Reinheitsgebot

Pausa – Dou 30 segundos para vocês conseguirem pronunciar o “palavrão” acima. Vai lá: 30..29..28…kkk Pelo Google a pronuncia seria: “ra͜inha͜it͜sɡəbo”, ou seja, não entendi nada. kkk

A lei da pureza que faz da cerveja alemã uma tradição

Brincadeiras à parte, essa palavra justamente traduzia o significado de “Lei da Pureza”, também conhecida como Lei de Pureza da Baviera, de 1516.

Definia que dentro daquela região (Baviera), utiliza-se apenas 3 ingredientes para a fabricação da cerveja – água pura, malte e lúpulo – traduzindo, portanto, em um “selo de qualidade” em cerveja, definidos pelo Duque da época.

A fermentação e tratamentos de fungos e leveduras no mundo, ainda era um fato desconhecido, e só viria a tona mais adiante na história pelas mãos do Cientista Louis Pasteur no século XIX.

Como toda história, tem o lado bonito de “padronizar” e gerar “qualidade” no mercado, mas, muitos comentam que na realidade o Duque queria era garantir formas de tributar o produto, a partir de quantidades, padrões e critérios específicos. Vindo desta turma de reis e duques há época, faz sentido essa versão não é ? Aliás, até hoje.

Fato é: essa limitação fez com que as técnicas e equipamentos se desenvolvessem fortemente, buscando novos métodos para a produção cervejeira, garantindo muita coisa boa e cuidado na produção, que curtimos até os dias de hoje.

Mas será que somente isso faria destes tais “Alemães” a principal referência mundial em cerveja? Acho que ainda não estamos convencidos, certo? Bom, vamos tentar mais um pouco.

ESTILOS E CERVEJAS DA ESCOLA ALEMÃ

Mais uma pausa importante – Não é porque o nome é “Escola Alemã”, que teríamos cervejas e estilos somente deste país. A República Tcheca é parte desta escola e nos brinda com o estilo mais consumido em todo o mundo – O Pilsner, originário da região de mesmo nome neste país.

Voltando – É notório que a principal família de estilos nesta escola seja o “Lager”. Essa palavra significa aguardar, esperar, armazenar. E convenhamos, lá atrás ainda sem grandes tecnologias, essa turma guardava cerveja até debaixo da terra para sair um produto de qualidade, ainda sem conseguir dominar as técnicas de fermentação, que já comentamos no início do nosso texto.

A paciência germânica ajudou e muito no processo de sedimentação das cervejas, com maturação mais longa e temperaturas bem amenas. Esse processo dá à cerveja uma limpidez tanto física, deixando a cerveja mais clara, como reduzindo a sua interferência no sabor e aroma da cerveja dessa região.

As cinco marcas que fazem da cerveja alemã uma tradição

A grande maioria dos estilos produzidos debaixo desta escola “Alemã” são Lagers, ou seja de fermentação abaixo de 11-12º graus. Apenas 4 estilos não são Lagers (são Ales ou Híbridos) e são eles: 

·         Weissbier, a cerveja de trigo tradicional da Bavária;

·         Kölsh, original da cidade de Colônia;

·         Altbier da cidade de Düsseldorf; e

·         Berliner-Weisse de Berlim.

Aliás, ponto importante: será que essa turma de alemães são “bairristas”? Kkk. Quase nada… Desde a idade média, e até nos dias de hoje, são muito comuns as cervejas locais e seus estilos “do bairro”, sendo inclusive ponto de discussão histórico por essa turma por muitos anos. Mas aí já é pauta para outra história e mais alguns goles, é claro.

E por aí? Será que consegui convencê-lo da importância da Escola Alemã na produção de cerveja mundial? Não, não quero fazê-lo mudar de opinião, todas as escolas e estilos foram e são importantes, porém não tenhamos dúvidas de que os Alemães deram um passo e um apoio enorme para organizar o que chamamos hoje de mundo cervejeiro. Não à toa para muitos, merecem sim, o título de referência mundial em cerveja.

Ufa deu sede e, por aqui, já estou no segundo copo e aí, Copo cheio? Qual estilo?

Felizmente a Confraria Paulistânia Store, um dos principais e-commerce no Brasil em cerveja, nos brinda com muitas opções da Escola Alemã em seu site, aliás, não somente em quantidade, como em qualidade, trazendo ao Brasil as principais marcas da região: Erdinger, Wasteiner, HB, Konig Ludwig e Stiftung Hell, excelentes!

Corram para o site e garantam estas delícias para aquecer o friozinho. Enorme abraço a todos, se cuidem e Ein Prosit a todos!

Texto recomendado: A BAVARIA QUE AMAMOS!

BOON: PASSADO, LEGADO E FUTURO.

BOON: PASSADO, LEGADO E FUTURO.

Por Aline Araujo, Sommelière de Cervejas, professora e empresária com formação em administração de empresas e especialização em marketing. Mais de 10 anos de experiência no mercado de bebidas. A história da premiada cervejaria belga que é sinônimo de cerveja Lambic na Bélgica e no mundo. 

MÚSICA E CERVEJA

MÚSICA E CERVEJA

Por André “Carioca” Souza, beersommelier, mestre em estilos e técnico cervejeiro, estatístico de profissão, atua no mercado cervejeiro desde 2008 tendo feito seu primeiro curso com Leonardo Botto. Especialista em harmonização de cervejas e responsável pela divulgação de conteúdo do @embxdrs.da.cerva. Pessoal, vocês já repararam 

ARTESANAL X INDUSTRIAL

ARTESANAL X INDUSTRIAL

Conheça as diferenças entre cerveja artesanal e cerveja industrial

Por Rodrigo Sena, jornalista, sommelier de cervejas especializado em harmonizações, técnico cervejeiro, criador de conteúdo para o YouTube e o Instagram @beersenses

Cerveja artesanal é boa? E cerveja industrial é ruim? O que você acha, qual sua opinião? Mas, espera, qual a diferença entre uma cerveja artesanal e uma cerveja industrial? As cervejas vendidas hoje em dia não são todas feitas em fábricas?

Galera, nesse meu artigo aqui eu vou refletir sobre essas questões. E para responder perguntas do presente, nada melhor do que olhar para a história, para o que aconteceu no passado, em busca de entender o momento atual. Acompanhe meu raciocínio turma.

A HISTÓRIA DAS MÁQUINAS

A Revolução Industrial foi um grande marco na história da humanidade. Ela teve início na segunda metade do século 18, na Inglaterra, mas se espalhou para todo o mundo, e ao longo de décadas promoveu a mudança dos processos produtivos com uma grande evolução tecnológica para a época. Tarefas, até então feitas manualmente, passaram a ser feitas por máquinas e a produtividade passou a ser o foco.

Charlie Chaplin – Tempos Modernos

O processo de produção cervejeiro é muito minucioso, precisa de muito controle, por isso foi positivamente impactado pela Revolução Industrial. Tecnologias como a refrigeração artificial, o termômetro, as caldeiras, e outras, contribuíram muito para a evolução da cerveja.

Desde então, a tecnologia evoluiu bastante. Hoje temos a chamada Indústria 4.0, com máquinas muito avançadas, conectadas e sendo operadas por algoritmos de Inteligência Artificial. Sim meus amigos, robôs já estão produzindo todos tipos de produtos, desde carros e eletrodomésticos, até medicamentos, alimentos e cerveja! É isso mesmo, já existem fábricas de cerveja no mundo que não possuem nenhuma interação humana.

O QUE É CERVEJA MAINSTREAM?

Durante o século 20, a economia global – comandada pelos EUA – passou a ter foco em volume e redução de custos de produção para aumentar o lucro das empresas. É o famoso Capitalismo.

E, até mesmo a cerveja, se tornou capitalista. A criação de um estilo de cerveja chamado American Lager é exatamente a síntese disso: uma cerveja barata de produzir em grande escala, para ser consumida em grandes quantidades.

Com base nas receitas de lagers claras da escola alemã – oriundas da Bohemian Pilsner de 1842 – os americanos criaram seu próprio estilo de lager mais barata para ser produzida. Isso porque, basicamente, uma American Lager recebia menos quantidade de malte e de lúpulos do que as primas alemãs e tchecas, ficando com menos sabores, mais neutra, mas muito refrescante para ser consumida em grande quantidade.

Bingo: estava criada a cerveja Mainstream – termo que significa algo como “corrente dominante” em português e serve de adjetivo na economia para rotular produtos ou tendências que dominam seu mercado.

No caso da cerveja, cerca de 90% do consumo global da bebida é de American Lagers e derivadas. Por isso são chamadas de cervejas Mainstream, por dominarem absurdamente o mercado.

Importante deixar claro que o termo Mainstream não quer dizer cerveja industrial. Se algum dia o mercado global de cervejas mudar, e 90% do consumo for de cervejas artesanais, elas serão as cervejas Mainstream – só em sonho mesmo, mas serve como exemplo!

O RESGATE DA CERVEJA ARTESANAL

Vivemos em ondas, isso é um fato. Normalmente, depois de uma onda de guerras, por exemplo, vivemos uma onda de valorização da paz – foi o que aconteceu após as duas grandes guerras no século 20, quando o movimento hippie surgiu ganhando força pregando paz e amor.

Campanha na Inglaterra para valorizar a cerveja artesanal em relação a industrial

E isso também aconteceu com os alimentos. Após décadas de valorização e expansão de alimentos industrializados no século 20, os anos 2000 começaram com uma nova onda de valorização de alimentos artesanais, frescos, feitos por produtores locais e usando ingredientes naturais.

É nesse ponto que entra o resgate da cerveja artesanal. Na verdade, no final da década de 70, os ingleses iniciaram uma campanha pedindo de volta sua cerveja tradicional. O movimento foi chamado de CAMRA (Campaign for Real Ale, Campanha pela Cerveja de Verdade em português).

Esse movimento atravessou o Oceano Atlântico e chegou aos EUA. Curiosamente, o mesmo país que criou a Mainstream, foi o berço do renascimento da Cerveja Artesanal.

Nas décadas de 80 e 90, um grande movimento surgiu na América, com a criação da B.A. (Brewers Association), entidade e classe que representa as cervejarias artesanais nos EUA.

Com isso, o business cresceu e se espalhou para outras regiões do mundo, chegando ao Brasil no início dos anos 2010. Nos EUA, a B.A. delimita o que pode ser chamada de Craft Beer e o que não pode. Aqui no Brasil não existe essa definição, e há muita confusão.

Capa do Guia da Cerveja Industrial e Artesanal

DIFERENÇAS ENTRE ARTESANAL E INDUSTRIAL

A linha entre alimentos artesanais e industriais nem sempre é muito clara. Há muita confusão, muitas vezes provocada pelo marketing das empresas que chamam de artesanal qualquer tipo de produto, sem distinção, o que confunde os consumidores.

Basicamente, podemos entender como conceito de uma produção artesanal, aquela que utiliza muitos processos manuais, com trabalho humano diretamente envolvido na produção, e feita com ingredientes primários, naturais e sem a adição de substâncias químicas.

Tomando por base esse conceito, uma cerveja artesanal é aquela que é produzida com muita interação humana, com técnicas tradicionais, com ingredientes mais puros e sem a utilização de corantes, estabilizantes, conservantes ou outro produto químico.

Claro que isso limita a produção. O processo mais manual tem menos produtividade, os ingredientes custam mais caro, com logística de entrega e armazenagem mais complexa, e o volume de produção é menor.

Tudo isso, inclusive, encarece a cerveja artesanal, mas o resultado final é bastante perceptível. Mas mesmo nas cervejarias artesanais há tecnologia, há máquinas, há foco na produtividade. Até porque, são empresas e precisam ter lucro.

Importante não confundir cerveja artesanal com cerveja caseira, aí é outra história. Cerveja artesanal é feita em uma fábrica, com licenças sanitárias para a produção, seguindo normas e regras, com controle de qualidade. Já a cerveja caseira é aquela que eu faço no fogão da minha casa – faço mesmo no fogão pessoal! Importante ressaltar: é proibido vender cerveja caseira, não comprem.

Já no processo industrial, a cerveja é produzida com o mínimo de interação humana, utiliza ingredientes modificados, com foco  na produtividade. Mas isso não significa que o resultado deva ser uma cerveja ruim.

NÃO EXISTE CERTO OU ERRADO!

Hoje em dia há muitas cervejarias grandes, que exportam para todo mundo suas cervejas especiais, e que possuem uma produção mais industrializada para poder ter volume, reduzindo os custos e empregando cada vez mais tecnologia não só no processo de produção como no rendimento dos ingredientes. E, como vimos, isso é diferente de ser uma cerveja Mainstream.

Existe certo ou errado? Pra mim não. São características diferentes, de produtos diferentes. E isso acontece não somente com a cerveja. Hambúrguer artesanal é diferente de hambúrguer industrial, por exemplo.

Sim, cerveja artesanal também é diferente de cerveja industrial. Na minha opinião, existe mercado para os dois, existem pessoas que gostam dos dois. E mais do que isso: existem momentos onde cabe o consumo de artesanal, e momentos onde cabe o consumo da industrial.

O que eu acho errado é enganar o consumidor, aí não é legal. Chamar de artesanal uma cerveja que é industrial, tentar ludibriar o cliente confundindo tudo, isso é que não é legal.

Aqui mesmo, na Confraria Paulistania, há excelentes exemplos de cervejas industriais muito boas, que são exportadas para todo o mundo. Mas há também aqui as cervejas artesanais igualmente maravilhosas. Identifique seu gosto e a sua ocasião, e bora escolher a sua.

Que seja artesanal ou industrial, o importante é beber cerveja boa e que você goste.

Saúde amigos confrarianos!

Leia outros posts deste autor: PURO MALTE, SER OU NÃO SER… e CHOPE E CERVEJA: UMA QUESTÃO CULTURAL E NÃO TÉCNICA

NA TEMPERATURA CERTA

NA TEMPERATURA CERTA

Por Leonardo Millen, jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Também é um apaixonado por cervejas, tanto que escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o portal 

HARMONIZAÇÃO CERVEJEIRA – PARTE 1

HARMONIZAÇÃO CERVEJEIRA – PARTE 1

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, Técnica Cervejeira e apresentadora –  @candysommeliere HARMONIA: Estar ou ficar em concordância com algo ou alguém; Promover combinação entre melodias e acordes a fim de harmonizar uma composição musical; Trazer ajuste para conciliar desacordos; Sentir-se em harmonia, 

AMSTERDAM REGADA A LA TRAPPE

AMSTERDAM REGADA A LA TRAPPE

Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira.

Olá meus amigos apreciadores da gastronomia com boas cervejas.

Desta vez vamos dar um “pulinho” na Holanda e desvendar um pouco de sua gastronomia típica.

Em 2018, fui convidado por uma colega da Faculdade de Arquitetura (sim, também sou arquiteto, mas não atuo na área), que mora na Holanda, para passar uns dias no país dos típicos tamancos de madeira – que por sinal não vi ninguém usando.

Como vocês já devem saber pelos meus textos, adoro viajar para conhecer cervejas, gastronomia e arte. Pensei com meus botões: que bela oportunidade para conhecer a terra de Rembrandt, Vermeer e Van Gogh, dentre outros. Eu iria aproveitar também para degustar tudo que eu encontrasse do portfólio de cervejas da La Trappe.

Rembrandt – self-portrait
WLA metmuseum
Vermeer – Girl with a Pearl Earring / Mauritshuis Museum
Van Gogh pintor nascido em Amsterdam
Van-Gogh – self-portrait
Amsterdam Museum

INICIANDO OS TRABALHOS…

Programei minha viagem para abril, primavera no hemisfério norte e segui num vôo sem escalas para o aeroporto de Amsterdam-Schiphol, onde minha amiga Aninha estava me aguardando.

Aliás, vale citar que esse aeroporto é uma pequena cidade. Confesso que me desorientei ali dentro e quando me dirigi a uma garota uniformizada com cara de guia turística e perguntei em inglês onde era a saída, a moça me respondeu em holandês.

Imaginem uma resposta em um dialeto alemão, carregado de erres, esses, kas e cê hagás. Não entendi “lhufas” e resolvi me guiar pelas placas, essas sim em inglês. Enfim, encontrei-me com minha amiga e nos dirigimos ao seu carro. No trajeto para sua casa me perguntou se eu gostaria de comer e beber alguma coisa.

Óbvio que sim!!!

Só pedi que fosse algo típico e leve, como petiscos ou sanduíches.

Ela me levou para um tipo de cafeteira que, dentre outras coisas, servia umas fatias de pães de centeio com diversas coberturas, como se fossem bruschettas, mas sem passar pelo forno. Pedimos uma porção em que as fatias de pão vinham cobertas apenas com 2 ingredientes: gravlax de salmão e Haring (arenque) defumado e curado.

Para guarnecer, um tipo de “sour cream” e fatias de picles de pepino e de cebola.

Apesar de não ser bem uma refeição, precisava de alguma boa cerveja para acompanhar o lanche.

Optei pela La Trappe Witte, que tem uma deliciosa acidez para encarar peixes e frutos do mar.

O líquido dourado, coroando as taças por uma espuma densa e muito alva, trouxe mais refrescância para nossa refeição.

Bem, eu não iria ficar satisfeito com aquele prato.

BATATAS HOLANDESAS X BELGAS. NA DÚVIDA, AS 2!

Pedi uma porção de Patat (batatas fritas), outra instituição da gastronomia holandesa. Aliás Holanda e Bélgica disputam palmo a palmo pelo troféu de melhor batata frita do mundo (ref. meu texto sobre a Bélgica).

Leia: BÉLGICA, ALÉM DAS CERVEJAS TRAPISTAS

Batatas muito crocantes, com o miolo macio, quase cremoso e vieram acompanhadas de um potinho com catchup caseiro e outro com molho hollandaise, um tipo de maionese feita com manteiga no lugar do azeite.

Dessa vez a gente pediu uma La Trappe Blond, uma cerveja de um dourado mais intenso que a Witte, com aromas de malte e lúpulos suaves, que também traz uma boa refrescância.

A saideira foi uma fatia de Appeltaart (Torta de Maçã) acompanhada de um creme tipo chantilly, que devoramos com o resto da La Trappe Blond.

Nos dirigimos à casa da Aninha onde, enfim, conheci seu marido Jörgen que me convidou para jantar. Ele havia pedido uma pizza! Educadamente dispensei o convite e Jörgen conduziu-me ao quarto que haviam preparado para mim.

Uma pequena mas confortável suíte. Tomei uma ducha, sem nem desarrumar a mala, me deitei com o sorriso da realização de mais um sonho estampado no rosto

COMO NÃO AMAR AMSTERDAM!

No dia seguinte, acordo cedo e me planejo para as atividades.

Chegando na cozinha, meus amigos me esperavam com um café da manhã dos deuses nórdicos.

Vários pães, queijos como Gouda, Masdaam, Boerenkaas… Eles recebiam leite e manteiga frescos de uma fazenda não muito distante. O café muito bom, era colombiano. E tinha uma fartura de salmão e Arenque defumados, além do famoso creme azedo (Sour cream).

De repente Jörgen se dirige à geladeira e saca uma La Trappe Bock que havia comprado especialmente para me oferecer.

Lógico que achei estranho beber uma cerveja de 7,0% de ABV no café da manhã, mas eu estava ali para isso, certo? Então fiz o “sacrifício”.

Gente, só preciso dizer que a cerveja combinou de tal maneira com tudo que me senti abençoado.

Museu de Van Gogh em Amsterdam
Van Gogh Museum Amsterdam

Saímos de lá, eu e Ana, para visitar o museu Van Gogh. Fiquei meio decepcionado. O prédio é lindo, mas as principais obras do artista estão espalhadas pelo mundo. Na saída do museu havia um trailer, tipo food truck, que vendia waffles holandeses.

Diferentemente dos belgas, essas delícias são maiores, têm o formato de uma pizza brotinho. Escolhi um que vinha recoberto por um caramelo toffee fantástico.

NA FEIRA COM UMA LA TRAPPE!

Albert Cuypmarkt a maior feira livre de Amsterdam

Em seguida fui conhecer o mercado Albert Cuypmarkt, a maior feira ao ar livre da Europa. Pense em alguma coisa. Lá você vai encontrar. É claro que fui atrás de queijos e charcutaria. Comprei alguns itens e ofereci à minha amiga em gratidão pela sua extrema hospitalidade.

Ali eu experimentei alguns Bitterballen, um bolinho redondo, empanado e frito, recheado com carne desfiada e refogada, parecida com um ragu.

Pedi também um Kaassoufflé, salgado empanado recheado com queijo. A massa da iguaria é finíssima e o queijo transborda a cada mordida.

Felizmente havia no Cuypmarkt uma barraca que vendia bebidas geladas. Pedi uma La Trappe Dubbel, que combinou muito bem com os salgados.

Ana sugeriu um passeio de barco pelos canais navegáveis e aceitei de pronto. Precisava de um tempo para fazer a digestão.

AMSTERDAM É UMA FESTA PARA OS SENTIDOS

Havíamos reservado mesa em um restaurante especializado em frutos do mar para nosso jantar.

Pedimos um prato para compartilharmos. Um tipo de “bowl”parecido com um aquário, com vários crustáceos. Ostras, patas de caranguejo, vieiras e outros que eu nunca havia visto na vida.

Evidentemente a sugestão foi do Jörgen que me explicou que esse mix de crustáceos e frutos do mar é muito popular na Holanda e os ingredientes podem ser crus e cozidos, como no nosso prato, ou fritos que é como se encontra nas barracas de comida de rua.

Dessa vez resolvi harmonizar o jantar com a La Trappe Tripel. Eu tenho uma queda pela combinação dessa cerveja com frutos do mar.

Conheça mais sobre a La Trappe em: A CERVEJA DOS MONGES

Conversa vai, conversa vem, pedimos mais dois pratos com outros itens que Jörgen disse que eu não poderia sair da Holanda sem experimentar.

Realmente adorei mas não guardei o nome da maioria. Vejam nas fotos:

Comida típica de Amsterdam
Comida típica de Amsterdam
Comida típica de Amsterdam

Mais duas Tripel e encerramos com uma bela sobremesa, os Bossche bol que são umas carolinas enormes, recheadas de creme chantilly e cobertas por chocolate.

Cerveja La Trappe com uma sobremesa típica de Amsterdam

Harmonizamos com uma Quadrupel, aquela maravilhosa obra de arte executada no Mosteiro de Koningshoeven, que abriga a La Trappe, a primeira cervejaria trapista da Holanda.

Retornamos para a casa de meus “hosts”.

Estávamos de alma leve sem nos preocuparmos em dirigir pois fomos de táxi.

Dormi pesado e acordei às 9.

Era domingo e eu voltaria ao Brasil no voo das 21 horas. Mas ainda faltava conhecer as famosas Poffertjes, pequenas panquecas doces, muito macias e saborosas.

E adivinhem o que Ana preparou para nosso desjejum?

Várias panquequinhas acompanhadas por um creme de baunilha delicioso chamado Vla.

UMA ÚLTIMA VOLTA PELA CIDADE

Após o café, Jörgen me levou para um City tour por Amsterdam que incluiu uma passada pelo deprimente (na minha opinião) Bairro Vermelho onde mulheres se exibem seminuas em vitrines como objetos.

Bairro da Luz Vermelha em Amsterdam

Paramos num tipo de boteco que vendia Kroket, um tipo de croquete bem parecido com os nossos e retornamos para casa pois Ana havia preparado um jantar de despedida.

O prato principal seria o Stamppot que consiste de batatas amassadas servidas com vários legumes e uma linguiça defumada deliciosa.  Você pode até achar que é um prato simples para ser considerado uma iguaria holandesa mas, com as batatas que se têm na Holanda, até um simples purê se torna uma refeição divina.

La Trappe cerveja fabricada em Amsterdam

Para finalizar, acompanhamos com a La Trappe Isid’Or, o rótulo comemorativo da cervejaria para seu aniversário de 250 anos.

O encerramento com chave de ouro, foi um pudim de leite que não ficou nada a dever ao da minha saudosa Vó Hilda.

A complexa e saborosa Strong Pale Ale, com seus inebriantes sabores de toffee e caramelo, promoveu uma harmonização que me deixou emocionado. Me lembrei dos almoços de domingo na casa da vovó.

Após essa bela homenagem, arrumei minha mala, onde escondi um belo queijo Maasdam – brasileiro não tem jeito – que compartilhei com minha esposa e filhos aqui no Brasil.

Um dia conto aqui minha aventura com minha bagagem cheia de queijos quando voltei de Paris.

Quem quiser conhecer um pouco desses prazeres gastronômicos, nos mercados centrais da maioria das capitais do Sul e Sudeste vocês encontram vários queijos holandeses bem como o salmão defumado e arenque curado.

As cervejas da La Trappe estão à venda na loja virtual da Confraria Paulistânia Store.

Saúde a todos, se cuidem e até a próxima.