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Afinal, cerveja é um produto vegano?

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DESMISTIFICANDO ROCK E CERVEJA – PARTE 1

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Por  Henrique Carnevalli, t.izêro, Sommelier de Cervejas, amo música desde pirralho, noveleiro, corinthiano sofredor e cofundador do site RockBreja. Quando a gente pensa nos termos ‘Popular’, ‘Fácil Aceitação’ e ‘Leve’ o que vem em sua cabeça quando se trata de Rock? Pop Rock correto? Quando 

CONFRARIA ONLINE

CONFRARIA ONLINE

UM GUIA PARA SUA CONFRARIA ONLINE

Em tempos de pandemia uma boa fonte de diversão segura é reunir amigos cervejeiros em uma Confraria online. Saiba aqui como você pode fazer a sua de uma maneira muito simples.

Por Rodrigo Sena, jornalista, sommelier de cervejas especializado em harmonizações, técnico cervejeiro, criador de conteúdo para o youtube e o instagram @beersenses

Chamar amigos para tomar uma cerveja é uma prática global, que a pandemia infelizmente restringiu, mas que, assim que tudo isso passar, voltaremos a praticar certamente.

Isso porque a cerveja sempre foi um importante agente social. Desde sua descoberta, na Mesopotâmia, há 10 mil anos atrás, ao longo da história, a cerveja é usada em encontros sociais, unindo pessoas e comunidades. E essa característica ainda é evidente nos dias atuais.

AS CONFRARIAS

Também é uma prática antiga na história da humanidade, a união de pessoas que possuem um mesmo interesse em comum, se reunindo em grupos que se encontram periodicamente.

São as chamadas Confrarias, que surgiram na Europa Medieval, quando a Igreja Católica passou a incentivar a criação de grupos de pessoas para práticas que tinham a ver com os interesses da religião.

O termo Confraria tem origem na união de duas palavras do latim, “com”, que quer dizer junto, e “frater”, que significa irmão. Portanto, esses grupos significavam a união de irmãos, uma espécie de irmandade, com um mesmo objetivo e interesse em comum. Portanto, podemos ter Confrarias de diversos assuntos.

Aqui no nosso caso, estamos falando de Confrarias de cervejeiros, pessoas que formam um grupo e que se reúnem periodicamente para beber e falar de cerveja. Como já destaquei, essa é uma prática muito antiga, já que a cerveja sempre teve essa capacidade de unir as pessoas.

As Confrarias cervejeiras não são só reuniões para beber cerveja aleatoriamente. Estamos falando de encontros onde o conteúdo cervejeiro é importante. É uma reunião onde tem importância a degustação coletiva, com informações técnicas, sensoriais e históricas das cervejas.

CONFRARIA ONLINE

Na nossa situação atual, no meio de uma pandemia, não é muito recomendável que as Confrarias se juntem presencialmente para suas reuniões periódicas. Mas temos um recurso atualmente que nos possibilita fazer isso de outra maneira: a Internet.

É muito simples organizar uma Confraria online com seus amigos e amigas. Para ajudar, criei um roteiro, um passo a passo com 5 pontos a serem observados:

1.

Pense em um nome para sua Confraria, caso ainda não possua;

2.

Crie um grupo de Whatsapp com os participantes para ser uma importante ferramenta de comunicação e discutir os temas e as datas das reuniões.

Por isso, coloque regras rígidas de publicação no grupo para que as pessoas não se incomodem com correntes e assuntos que não possuem relação com a Confraria;

3.

Crie um tema para cada reunião da sua Confraria. O mundo cervejeiro é rico em assuntos, então dá pra fazer reuniões temáticas, exercite a criatividade e crie os temas.

Dessa maneira as reuniões ficam mais produtivas e mais atrativas. Prepare um conteúdo sobre o tema definido. Pesquise sobre o assunto, levante curiosidades, histórias, tudo isso ajuda muito e transforma a reunião em uma forma de entretenimento saudável;

4.

Definido o tema da reunião, bora definir o line up de rótulos a serem degustados. A quantidade de rótulos é livre, depende dos objetivos do grupo.

Navegue aqui pela Confraria Paulistânia Store para pesquisar rótulos e preços e criar um line up produtivo para a sua Confraria. Importante todos estarem com as mesmas cervejas, por isso considere que existem diferentes prazos de entrega para diferentes regiões;

5.

Definidos tema, data, horário e rótulos, basta agendar uma reunião pelo Google Meet, ferramenta gratuita para reuniões online com até 100 pessoas.

Depois de feito tudo isso, uma dica é também pensar na dinâmica da reunião.

MEDIADOR

Devemos considerar que a reunião online não acontece da mesma maneira da presencial. É importante ter um líder, alguém que será uma espécie de âncora, um mediador do encontro.

Essa figura irá direcionar os assuntos e a sequência de degustações da Confraria. Importante que todo o grupo saiba que o mediador deve ser respeitado. Essa função pode inclusive ser rotativa, em cada reunião um membro do grupo assume o controle, por exemplo.

DEGUSTAÇÃO

Para organizar as degustações é importante criar uma sequência racional dos rótulos. Começamos sempre com os mais leves e simples, e vamos subindo de intensidade, até os mais fortes e complexos.

Eu sugiro ainda que todas as reuniões tenham um registro, com os rótulos degustados e quem participou de cada uma delas. Se o grupo quiser, também pode criar um registro das impressões sensoriais das cervejas degustadas, vai depender muito do objetivo de cada um.

E eu reforço: as reuniões ficarão mais legais se o assunto principal forem as cervejas. É legal quando todos dizem o que acham de cada cerveja, quais sabores sentem, qual a impressão pessoal de cada um. Isso é bacana demais.

Bom, eu já dei todo o caminho das pedras para você criar e colocar sua Confraria online em atividade: reúna os interessados, crie temas, compre as cervejas online aqui na Confraria Paulistânia e bora curtir! Tudo certo pra você? Né? O quê? Você quer mais ajuda?

Tudo bem vai! Então eu vou te dar 3 reuniões, com tema, cervejas e sequência, para você simplesmente fazer um “Ctrl+c/Ctrl-v” e bombar sua Confraria. Vou sugerir as reuniões com 4 rótulos, mas como eu disse, cada Confraria define a quantidade de rótulos que quer na sua reunião.

Para tornar sua Confraria mais completa, entenda sobre a importância de tomar cerveja no copo certo. Leia: COM QUE COPO EU VOU?

Bora lá meu povo:

Reunião 1 da Confraria

Tema: Estilos da Escola Alemã

Rótulos na Sequência de Degustação:

– Warsteiner Premium (German Pils)

– Erdinger Weissbier (HefeWeizenbier)

– HB Dunkel (Munich Dunkel)

– 8.6 Red (Strong Red Lager)

Reunião 2 da Confraria

Tema: Diferentes estilos de cervejas escuras

Rótulos na Sequência de Degustação:

– Paulistânia Capricórnio (Bock)

– Trooper Fear of the Dark (English Stout)

– La Trappe Dubbel (Belgian Dubbel)

– Erdinger Pikantus (Weizenbock)

Dica de Leitura: CERVEJAS ESCURAS, DELICIOSAS PARA QUALQUER ÉPOCA DO ANO.

Reunião 3 da Confraria

Tema: Só cervejas potentes

Rótulos na Sequência de Degustação:

– Paulistânia Ipiranga (Strong Wood Red Lager)

– Paulistânia Pátio do Colégio (Tripel)

– Eggenberg Samichlaus (Lager – Malt Liquor)

– La Trappe Quadrupel (Strong Dark Ale)

Agora não tem mais desculpas para você não montar sua Confraria.

Claro que todas essas cervejas que eu citei acima você encontra aqui na Confraria Paulistânia Store. E depois de tantas dicas que eu dei, eu mereço ser convidado para sua Confraria né? Só chamar hein!

Boa diversão e saúde!

AMSTERDAM REGADA A LA TRAPPE

AMSTERDAM REGADA A LA TRAPPE

Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira. Olá meus amigos apreciadores da gastronomia com boas cervejas. Desta vez vamos dar um “pulinho” na Holanda e desvendar um pouco de sua gastronomia típica. Em 2018, 

UMA MARCA COM DNA PAULISTANO – PARTE 8 CAMINHO DAS ÍNDIAS

UMA MARCA COM DNA PAULISTANO – PARTE 8 CAMINHO DAS ÍNDIAS

Por Anderson R. Lobato, dentre vários defeitos: Santista sofredor, Homebrewer, Sommelier de Cervejas, pai do Dudu e amante de um @Pao_Liquido.  Fala aí cambada de cervejeiros. Como estão? Todos se cuidando e tomando cerveja boa no sofá de casa? Olha lá einh, bora se cuidar e 

PURO MALTE, SER OU NÃO SER…

PURO MALTE, SER OU NÃO SER…

Por Rodrigo Sena, jornalista, sommelier de cervejas especializado em harmonizações, técnico cervejeiro, criador de conteúdo para o youtube e o instagram @beersenses

Recebo sempre muitas dúvidas sobre cervejas de pessoas que querem conhecer mais sobre o assunto. E um dos temas recorrentes nessas perguntas é a questão do puro malte. Vejo sempre uma grande confusão com esse tema, pois, a maioria das pessoas acredita que somente cervejas puro malte são boas. Isso porque há todo um marketing voltado para isso, destacando o fato de uma cerveja ser boa por ser puro malte.

Eu sempre digo que cerveja boa e cerveja ruim é diferente da cerveja que você gosta e da cerveja que você não gosta. Não é porque sensorialmente determinada cerveja não lhe agrada que ela é uma cerveja ruim. Pra mim, cerveja ruim é cerveja mal feita, com defeitos técnicos e off-flavors. Sendo assim, não dá para julgar uma cerveja apenas pelo fato dela ser puro malte ou não.

Antes de mais nada, para que cada um possa tirar suas conclusões, é preciso entender o que é malte e qual a sua função na cerveja.

O QUE É MALTE?

malte

Malte não brota da terra, não nasce em árvore, não é colhido. Malte é o resultado de um processo bioquímico que acontece dentro de um grão quando ele é umedecido.

Lembra aquela experiência da escola quando a gente colocava um grão de feijão no algodão com água? O que acontecia com ele? Ele começava a germinar, pois é isso o que ocorre quando um grão atinge, em média, 40% de umidade. Isso porque, antes de mais nada, os grãos são sementes e sua função natural é formar uma nova planta. O grão possui um embrião dentro dele, que é ativado com água.

A umidade faz rolar uma atividade enzimática, em busca de energia para formar uma nova vida. Essas enzimas, principalmente, a alfa-amilase e a beta-amilase, serão ativadas no processo de mostura da cerveja, convertendo o amido em cadeias mais simples de açúcares, que depois serão metabolizados pelas leveduras no processo de fermentação, tornando-se álcool, CO2 e outros sub-produtos. Por isso, transformar o grão em malte é muito importante para a produção de cervejas.

Etapas de Malteação do Malte

O processo de malteação é formado por 3 etapas:

1. Maceração: os grãos são umedecidos;

2. Germinação: começa a brotar uma radícula;

3. Secagem: germinação é interrompida secando o grão.

Praticamente todo cereal pode virar malte. Mas a cevada se mostrou o cereal mais eficaz por ser de simples cultivo, por ter elevada formação de enzimas e por ter uma casca mais dura, que protege a sêmola durante todo o processo. O trigo também é bem parecido. Outros cereais, como milho ou arroz, são mais difíceis, mas também é possível fazer malte deles.

QUAL A FUNÇÃO DO MALTE NA CERVEJA?

O malte é o ingrediente responsável pela base da cerveja. É dele que vem a cor da cerveja, o corpo, o teor alcoólico, e sabores muito característicos. Durante o processo de mostura, é feita uma infusão do malte em água quente, com a temperatura controlada.

Cada faixa de temperatura da água vai ativar uma enzima diferente que irá promover a quebra das cadeias de amido em açúcares mais simples. Portanto, o mosto cervejeiro, é o resultado da conversão do amido em açúcar solubilizado na água.

Sendo assim, uma cerveja puro malte significa que a única fonte de açúcar usada foi o malte. Sim, como eu disse, isso é bom e tem suas vantagens, afinal de contas, é assim que a cerveja se formou há 9 mil anos na Mesopotâmia com os sumérios.

Processo de malteação do malte

Alguns distraídos da época esqueceram estoques de grãos ao relento. Veio uma chuva e umedeceu os grãos, que depois foram secos pelo Sol, ou seja, viraram malte sem querer. Os desavisados não se lembraram desses grãos, e eles mais uma vez tomaram chuva. Só que dessa vez, já como malte, os grãos entregaram açúcar para aquela água. Então as leveduras que estavam por ali no ar se deliciaram com um mosto docinho, fermentando a mistura. E pronto, estava feita a primeira cerveja da humanidade.

Portanto, sim, fazer uma cerveja puro malte é a forma mais tradicional que existe. Mas ao longo do tempo, com o avanço tecnológico e a descoberta da fermentação, os cervejeiros começaram a testar novas receitas, com outras fontes de açúcar, além do malte. Essas outras fontes de açúcar são chamadas de adjuntos cervejeiros.

ADJUNTOS PELO MUNDO

Monastério Corsendonk – Bélgica

Na Bélgica, dentro dos mosteiros, os monges começaram a utilizar adjuntos, como açúcar de beterraba. Fizeram até uma espécie de caramelo chamado Candy Sugar. Esses açúcares deixaram a cerveja sensorialmente diferente, com mais potência alcoólica, mas sem elevar corpo e dulçor residual.

Os estilos Dubbel, Tripel e Quadrupel, por exemplo, utilizam essas outras fontes de açúcar, ou seja, não são puro malte. A Witbier também não é puro malte, sendo feita com uma parte de trigo cru, não malteado. Mas nem por isso são cervejas ruins, muito pelo contrário.

Saiba mais sobre a CORSENDONK, UM PRAZER ABENÇOADO! e a La Trappe A CERVEJA DOS MONGES

Na França e na Espanha alguns cervejeiros começaram a testar cereais não malteados nas receitas. Até hoje existem Lagers claras muito boas, feitas nessas regiões, com arroz ou milho, o que deixa a cerveja mais leve.

Mais tarde, os americanos acabaram utilizando uma porcentagem maior de milho e arroz não malteados em suas cervejas Lagers, criando o estilo American Lager.

Cerveja Erdinger Puro Malte

Já na escola alemã, a tradicional Lei de Pureza não permite o uso de adjuntos, somente de cereais malteados.

Leia mais sobre a Erdinger em a MATURAÇÃO NOBRE BÁVARA – O SELO DA DIFERENCIAÇÃO

Portanto, só o fato de ser ou não puro malte, não significa que a cerveja é boa ou ruim, mas sim, que é uma característica do estilo a que aquela cerveja pertence.

É, como eu sempre digo, o gosto pessoal deve sempre ser respeitado. Há pessoas que gostam de American Light Lagers com bastante adjunto, mais neutras, e há pessoas que não gostam.

EXPERIMENTE E TIRE SUAS CONCLUSÕES

Quer tirar suas dúvidas e formar sua opinião na prática? Aqui no e-commerce Confraria Paulistânia Store há muitas cervejas que não são puro malte e são excelentes, como as cervejas belgas da Corsendonk ou as holandesas trapistas da La Trappe. Mas também existem ótimas cervejas alemãs puro malte, como as da Erdinger, Warsteiner e Höfbrau.

O importante é você conhecer, provar, e tirar suas próprias conclusões. Aproveite as promoções que sempre rolam aqui e tenho certeza que será uma viagem sensorial incrível! Saúde!

UMA MARCA COM DNA PAULISTANO – PARTE 7 LARGO DO CAFÉ

UMA MARCA COM DNA PAULISTANO – PARTE 7 LARGO DO CAFÉ

Leonardo Millen é jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Também é um apaixonado por cervejas, tanto que escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o 

PÁSCOA ALÉM DO CHOCOLATE

PÁSCOA ALÉM DO CHOCOLATE

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, Técnica Cervejeira e apresentadora. Correspondente audiovisual do Guia da Cerveja. @candysommeliere Hoje o assunto é cheio de amor e complexidade. Assim é a Semana Santa e a Páscoa, essa época onde homenageamos a existência de um ser sagrado 

MISTA, JÁ OUVIU FALAR DESTAS CERVEJAS?

MISTA, JÁ OUVIU FALAR DESTAS CERVEJAS?

Por Aline Araujo, Sommelière de Cervejas, professora e empresária com formação em administração de empresas e especialização em marketing. Mais de 10 anos de experiência no mercado de bebidas.

Vocês já leram, aqui mesmo nesse blog, sobre os três tipos principais de fermentação, certo? Estamos falando da fermentação em alta (Ale), em baixa (Lager) e fermentação espontânea (Lambic), hoje vamos desmistificar um pouco outros dois tipos de fermentação, a Híbrida e a Mista.

Saiba mais em FAMÍLIAS CERVEJEIRAS

O próprio guia de estilos da Brewers Association tem toda uma categoria de cervejas destinada as cervejas Híbridas, em que mostos produzidos com levedura Lager, podem fermentar em temperaturas tipicamente associadas a cervejas Ale.

FALANDO UM POUCO DAS HÍBRIDAS

A fermentação Híbrida pode ocorrer também quando duas ou mais cepas de leveduras e/ou processos de fermentação Ale e Lager são utilizados na mesma cerveja, trata-se de uma fermentação alcoólica, com variação de cepas de levedura Ale e Lager no mesmo mosto.

Como exemplo de cerveja feita a partir da fermentação Híbrida, temos o estilo típico da região da Califórnia, resgatado e eternizado pelo rótulo Anchor Steam nos anos 70 que é o Califórnia Common.

O estilo deriva das American West Coast, que se tornaram populares durante a Febre do Ouro ou Corrida do Ouro dos Estados Unidos, um período marcado por uma substancial migração de trabalhadores para as áreas mais rústicas dos Estados Unidos, que estavam se tornando famosas devido sua riqueza mineral. Costuma-se referir em especial ao que ocorreu na Califórnia a partir do dia 24 de janeiro de 1849.

Na época, eram utilizados grandes fermentadores abertos, similar a uma piscina rasa, para compensar a ausência de sistemas de refrigeração e para aproveitar a temperatura ambiente mais fria da Baía de São Francisco. Fermentada com uma levedura Lager, selecionada para fermentar uma cerveja relativamente limpa em temperaturas mais altas, de Ale.

Outro exemplo de cerveja Híbrida são as cervejas de trigo da cervejaria Erdinger, que são feitas como uma Ale tradicional, mas recebem uma dose de levedura Lager na maturação. Você pode reler o assunto CERVEJAS HÍBRIDAS: UMA CERVEJA TÃO TRADICIONAL, QUANTO DELICIOSA.

O ASSUNTO HOJE SÃO AS MISTAS

Hoje, vamos nos dedicar a detalhar mais sobre as cervejas de fermentação Mista.                        

Quadro na Rodenbach que explica os processo de fermentação, inclusive o de fermentação mista
Foto da parede da fábrica da Rodenbach que explica os tipos de fermentação. Acervo pessoal Aline Araújo

Fermentação Mista consiste em cervejas que, além de ter um hibrido de leveduras, também vai ter a sua fermentação acontecendo por uma centena de microrganismos diferentes, como bactérias e leveduras de cepa selvagem tais como Brettanomyces, Lactobacillus, Pediococcus entre outros. Microrganismos que por sua vez, poderão produzir tanto a fermentação alcoólica, quanto láctica e acética, por exemplo.

Esse processo geralmente está relacionado à uso de barricas de madeira, uma vez que a porosidade desse recipiente, permite a micro oxigenação do líquido do barril e essa troca gasosa desencadeará uma série de reações complexas, resultando em cervejas de perfil distinto, complexo e único.

Essa cultura de microrganismos heterogêneo, tem potencial contaminante na maioria das cervejarias padronizadas e estéreis, frutos da Revolução Industrial. Mas a produção de cervejas de fermentação Mista não, toda essa microbiota é condição sine qua non para a produção de cervejas Sour de todo o tipo, tais como a Gose, Berliner Weisse, Flanders Ale e até mesmo a contemporânea Catharina Sour.

A CONTAMINAÇÃO DO BEM

Rodenbach, especialista em cervejas de fermentação mista

No caso da afamada marca belga Rodenbach, a fermentação Mista se dá basicamente por termos uma cerveja sendo produzida como uma Ale padrão, de cor castanha, que segue para ser armazenada em barricas de carvalho, onde ela poderá ser “contaminada” por várias cepas de bactérias, que irão acidificar a cerveja.

Depois de um período, essa cerveja ácida antiga poderá ser blendada ou seja, misturada com uma versão mais jovem, tendo como resultado cervejas com diferentes complexidades. A versão que tiver a maior proporção de cerveja “velha” ganhará notas mais sofisticadas e complexas, como tâmaras, vinho do porto, Jerez e vinagre balsâmico, ao passo que a versão com um maior percentual de cerveja jovem, terá lindas notas carameladas, de toffee e passas oriunda dos maltes escuros.

UM BARRIL PARA CHAMAR DE MEU

Uma curiosidade acerca da cervejaria Rodenbach é que, a qualidade da barrica e dos tonéis de madeira que a sua cerveja irá estagiar é de tamanha importância, que ela é uma das poucas no mundo que essa que vos escreve teve a oportunidade de visitar, que tem uma tanoaria/tonelaria própria, ou seja uma fábrica de tonéis de madeira.

Barril para o processo de fermentação mista da cerveja
Foto: um barril sendo construído na tonelaria própria da Rodenbach. Acervo pessoal Aline

Podemos dizer que essas cervejas remontam a um período ancestral e também que elas são sobreviventes do tempo, atravessando os séculos.

Um fato é que, muito antes dos estudos científicos de Louis Pasteur, do advento da refrigeração com controle da temperatura e até mesmo das descobertas microbiológicas modernas, possivelmente todas as cervejas tinham o paladar ácido em algum grau.

Todas as cervejas de uma era “pré-pasteurização” passavam por uma fermentação Mista, já que culturas puras de levedura, tais quais as disponíveis hoje a partir de isolamentos em modernos laboratórios, não estavam disponíveis. As cervejas possivelmente eram fermentadas a partir de uma série de microrganismos variados, disponíveis na microbiota daquela determinada região.

Uma marca que respira esse processo até os dias de hoje é a cervejaria Rodenbach, localizada na região de Flandres na Bélgica. Você pode ler mais sobre ela aqui RODENBACH – A CERVEJA FORA DA “CASINHA”

ATÉ A RECEITA É MISTA

Falando em fermentação Mista, eu também adoro fazer harmonizações mistas e você? Brincando com o tema e com o termo, eu amo fazer combinações agridoces, que misturam sabores doces e salgados com acidez.

Aqui vai uma receita passo a passo, onde você pode tanto harmonizar com a Rodenbach Classic, quanto utilizá-la como parte da receita:

Foto: salada de figo com aceto balsâmico. Revista Menu

Salada Mista Balsâmica

Ingredientes para a salada:

. 80 g de mix de folhas (eu gosto das verde escuras nessa receita como rúcula e agrião) . 1 figo cortado em 4 pedaços . 20 g de nozes ou castanhas . Queijo feta ou algum queijo macio de cabra ou ainda ricota defumada

Ingredientes para o molho balsâmico:

. 300 ml de mel . 150 ml de molho de mostarda . 100 ml de aceto balsâmico . 100 ml de cerveja Rodenbach Classic . 150 ml de azeite

Como preparar:

Coloque o mix de folhas e em seguida coloque o figo ao redor das folhas. Pique grosseiramente as nozes e coloque-as sobre as folhas. Dê uma amassada com o garfo no queijo para que fiquem em pedaços que caibam em uma garfada e salpique por cima de tudo.

Em seguida regue com o molho balsâmico e bom apetite! Harmonize com o que sobrou na garrafa da sua Rodenbach Classic! 😉

Rendimento: 1 porção

Para comprar a cerveja acima, já sabe, acesse agora o site da Confraria Paulistânia Store e aproveita que o rótulo está com uma promoção imperdível. Com ótimo potencial de guarda devido sua acidez e coloração escura, essa é uma cerveja que, mesmo vencida, pode se tornar cada dia mais surpreendente! Abasteça já sua adega e depois me conte quais harmonizações fez com essa iguaria belga.

LEVEDURA, A CERVEJA VIVA!

LEVEDURA, A CERVEJA VIVA!

Por André “Carioca” Souza, beersommelier, mestre em estilos e técnico cervejeiro, estatístico de profissão, atua no mercado cervejeiro desde 2008 tendo feito seu primeiro curso com Leonardo Botto. Especialista em harmonização de cervejas e responsável pela divulgação de conteúdo do @embxdrs.da.cerva. Olá pessoal, tudo bem? 

CHOPE E CERVEJA: UMA QUESTÃO CULTURAL E NÃO TÉCNICA

CHOPE E CERVEJA: UMA QUESTÃO CULTURAL E NÃO TÉCNICA

Por Rodrigo Sena, jornalista, sommelier de cervejas especializado em harmonizações, técnico cervejeiro, criador de conteúdo para o YouTube e o Instagram @beersenses Há uns 5 anos eu fui almoçar em uma churrascaria, num sábado ensolarado, perto do Parque do Ibirapuera em São Paulo. O dia 

VIVA O SAINT PATRICK’S DAY!

VIVA O SAINT PATRICK’S DAY!

Por Leonardo Millen, jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Também é um apaixonado por cervejas, tanto que escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o portal definitivo de notícias sobre bebidas que acaba de chegar ao mercado. Inclusive cerveja!

Você certamente já ouviu falar e já comemorou de alguma forma o Saint Patrick’s Day, uma festa em homenagem a São Patrício, padroeiro da Irlanda, comemorada anualmente no dia 17 de março.

É, sem dúvida, a festa mais bacana envolvendo a cultura dos países de língua inglesa. Na data, rolam paradas, desfiles, shows, as pessoas vestem-se de verde e branco, lotam pubs e afins e consomem milhões de litros de cerveja… Sensacional!

A festa é tão animada que, desde 1999, tornou-se um evento de três dias e, em 2006, virou um festival que dura 10 dias. Para nossa sorte, a festa passou a ser comemorada em muitos países como o Brasil, onde a celebração atinge pubs, brewpubs, taproons, cervejarias… praticamente todo o mercado cervejeiro comemora de alguma forma com roteiro quase completo. Só não há desfiles de rua. 

Entre os produtores de cerveja, desde a menor cigana até as grandes marcas, acontece uma mobilização em suas fábricas e equipes de marketing para aproveitar ao máximo a celebração criando festas, eventos, promoções, edições comemorativas e muitas produzem o tradicional “chope verde”, a cor símbolo dos irlandeses e da festa.

St. John's Irish Pub e o seu Saint Patrick's Day com chope verde Paulistânia
St. John’s Irish Pub e o seu Saint Patrick’s Day com chope verde Paulistânia

Particularmente, adoro a festividade, pois é sempre um evento alegre, com shows de rock e de bandas irlandesas, muita cerveja e um povo pra lá de animado vestido à caráter. Tudo de bom!

O último Saint Patrick’s Day que participei foi pouco antes do início da pandemia, no pub paulistano O’Malley’s, que seguiu à risca todo o roteiro de uma grande celebração da data. Saudades…

Por falar em festas cervejeiras, não deixe de ler: OKTOBERFEST: COMO SURGIU O MAIOR FESTIVAL DE CERVEJA DO MUNDO

UM POUCO DE HISTÓRIA

Pouco se sabe da vida do São Patrício. Os registros dizem que ele nasceu numa rica família na Inglaterra por volta do século V, na época do Império Romano. Mas aos dezesseis anos, ele foi sequestrado por piratas irlandeses e levado para a Irlanda como escravo.

Deus teria aparecido para ele em um sonho e lhe disse para fugir de seu cativeiro em direção ao litoral, onde ele iria embarcar num navio e voltar para casa. Ele teria conseguido concretizar o sonho e, por conta disso, Patrício “encontrou Jesus” e entrou para o mosteiro de Ésir, em Auxerre, na Gália (atual França).

imagem de São Patricio, santo  homenageado no Saint Patrick's Day

Em 432, Patrício alegou ter recebido outro chamado divino, para regressar à Irlanda para evangelizar os pagãos. O folclore irlandês alega que ele usava um trevo de três folhas para explicar a doutrina da Santíssima Trindade aos celtas convertidos.

Depois de quase trinta anos de evangelização, Patrício realmente “encontrou Jesus” no dia 17 de março de 461, e, de acordo com a tradição, foi enterrado em Downpatrick, uma cidade próxima a Dublin. Sua devoção em transformar a Irlanda em um país de fé cristã o elevou ao posto de santo principal do cristianismo irlandês e padroeiro do país.

O Saint Patrick’s Day começou, portanto, apenas como uma celebração religiosa de devoção ao santo padroeiro. Porém, a partir de 1903, o dia 17 de março tornou-se um feriado público na Irlanda e na Inglaterra. A partir daí, a data foi ganhando mais adeptos e se tornou a maior comemoração da cultura irlandesa no mundo.

O TREVO E O VERDE – DO SAGRADO AO NACIONALISMO

Trevo da Santissima Trindade usado para representar o Saint Patrick's Day

A cor verde tem uma ligação não só com as cores da bandeira da Irlanda, mas também com o Saint Patrick’s Day. Fitas verdes e trevos eram usados nas celebrações da data desde o século XVII. Na rebelião irlandesa de 1798, soldados irlandeses vestiram uniformes verdes no dia 17 de março na esperança de chamar a atenção pública para a rebelião.

A expressão irlandesa “the wearing of the green” (Vestindo o verde), significa usar um trevo ou então outra peça de roupa que seja verde em referência aos soldados rebeldes. Com o tempo, o verde virou a cor representativa do país e do Saint Patrick’s Day.

O trevo foi incorporado à simbologia da festa não só porque São Patrício o usava nos sermões, como também era considerado sagrado na Irlanda antiga, pois indicava o início da primavera. Além do que, durante o século XVI, quando os ingleses confiscaram terras irlandesas e impunham leis contra o idioma e a prática do catolicismo, o trevo tornou-se símbolo do nacionalismo irlandês contra a tirania inglesa.

SAINT PATRICK’S DAY NO MUNDO

Na Irlanda, o St. Patrick’s Day é tradicionalmente celebrado com muita música, comidas, bebidas, desfiles e diversão por diferentes cidades do país, como Dublin, Cork, Limerick e Galway.

Em países com grandes comunidades irlandesas, como Estados Unidos, Canadá e Austrália, a festa ganhou contornos muitas vezes até maiores do que na própria Irlanda. Os desfiles de rua em cidades americanas como Nova York e Boston são eventos grandiosos, atraindo não só a comunidade anglo-saxônica bem como seus descendentes e muitos, mas muitos simpatizantes e turistas.

Uma curiosidade é que embora os irlandeses sejam mundialmente conhecidos pelo seu gosto pela bebida, o consumo de álcool nas ruas do país é terminantemente proibido e a infração é punida com multa. Mas há uma única exceção… Advinha? Exatamente no St. Patrick’s Day essa proibição é suspensa para a alegria dos irlandeses poderem beber sossegadamente sua cerveja pelas ruas das cidades.

Inclusive, a irlandesa Guinness é, extraoficialmente, a cerveja do St. Patrick’s Day. Só para se ter uma ideia, no mundo inteiro, apenas no dia 17 de março, o consumo dessa deliciosa Dry Stout aumenta de 5,5 milhões para 13 milhões de litros!

Imagens de Saint Patrick's Day pelo mundo

SAINT PATRICK’S DAY NO BRASIL

No Brasil não tem desfile, como já disse, mas a festa rola nos pubs de inspiração inglesa e nas cervejarias e bares voltados à cerveja. Reforço: é uma das mais divertidas festas que existem! Tem chope verde a preços promocionais, o povo se veste de verde, todas as casas investem em bandas ao vivo, com shows de rock e folk irlandês e nem precisa dizer que, no final, todos brindam a saideira com os duendes verdes imaginários… ou não!

Chope verde em homenagem ao Saint Patrick's Day

A Paulistânia sempre produz chope verde e abastece muitos bares e seu animado brewpub com essa delícia. Este ano, por conta da pandemia, a festa não vai acontecer lá nem em nenhum local da Paulicéia.

Mas está rolando um drive-thru  de chope verde na sede da Paulistânia, na Av. Engenheiro Eusébio Stevaux, 1.469 – Jurubatuba, todos os sábados das 12h às 18h, até o final de março. Daí você pode se vestir de verde, encomendar seu chope e comemorar ao som do velho e bom rock n’roll.

Outra boa dica é fazer ,também, uma bela seleção de ótimos rótulos ingleses, ou ainda, da promoção St. Patrick Paulistânia disponíveis bem aqui, no e-commerce Confraria Paulistânia Store, e entrar no clima em alto estilo. Aproveite para dar uma navegada porque sempre tem informações sobre esses rótulos e outros importados pela Bier & Wein, além de, claro, promoções irresistíveis.

Espero que tenha gostado e… boas cervejas!