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CONFRARIA ONLINE

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PARIS 2 – BOLERO DE RAVEL NA CHAMPS ELYSEES

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Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira. Olá meus amigos cervejeiros. Conforme havia dito, neste mês darei continuidade às minhas aventuras zitogastronômicas em Paris. (leiam o texto PARIS 1 – “JE VEUX T’ACHETER UNE 

ZODÍACO CERVEJEIRO – PARTE 1

ZODÍACO CERVEJEIRO – PARTE 1

Por André “Carioca” Souza, beersommelier, mestre em estilos e técnico cervejeiro, estatístico de profissão, atua no mercado cervejeiro desde 2008 tendo feito seu primeiro curso com Leonardo Botto. Especialista em harmonização de cervejas e responsável pela divulgação de conteúdo do @embxdrs.da.cerva.

Fala pessoal, tudo bem??? No último post, falamos um pouco sobre harmonizações de músicas e cerveja, o chamado Beer & Music Pairing. O pessoal gostou tanto que agora me pediram mais uma harmonização inusitada: Qual a melhor combinação entre signos e cervejas????

Post indicado: MÚSICA E CERVEJA

Ahahahah isso mesmo, vamos falar agora para vocês sobre qual é o estilo mais “indicado” para cada signo. Mas lembrem-se que isso é apenas uma sugestão. Não necessariamente cada signo tem uma única opção de harmonização e, por isso, cabe a cada um interpretar o resultado do seu jeito. Bora lá?

Bom, antes vamos falar um pouco sobre a origem da astrologia.

A história da astrologia vem de um período muito antigo, desde os primórdios da origem do homem.

Desde a antiguidade, as observações do céu noturno, das estrelas e do movimento dos planetas forneceram ao ser humano indícios de que esse comportamento era divino ou proveniente de alguma divindade e que guiavam a tudo e a todos, desde os navegantes, as colheitas e até mesmo os sacrifícios religiosos.

Porém, foram com alguns pensadores gregos e entusiastas babilônicos que a astrologia se desenvolveu, tendo sido originado da fusão entre a filosofia natural grega e a adivinhação celestial dos babilônicos.

Aqui vale comentar que astrologia é diferente de astronomia, pois este é focado no estudo científico dos astros!

Então, ao observar as constelações, estes estudiosos faziam adivinhações ou comparações com o que estava acontecendo no mundo.

Foi aí que resolveram repartir o céu em 12 faixas de 30 graus cada, correspondendo aos 12 signos do zodíaco conhecidos até hoje.

Cada signo é então regido por um elemento (terra, fogo, água ou ar) e um dos 9 planetas do nosso sistema solar (além do sol e da lua).

Sendo assim, os astrólogos conseguiram determinar um “perfil” para cada signo e é aí que vem a grande sacada: cada signo do zodíaco tem uma personalidade própria e é com base nisso que vamos harmonizar cada um com um tipo ou estilo de cerveja diferente!

Vamos começar então com os signos dos elementos terra e água.

TOURO

Os taurinos são considerados muito pés no chão. São determinados, cautelosos, pacientes, persistentes e um pouco teimosos.

Zodíaco Cervejeiro - Parte 1 Touro

Por ser um signo do elemento terra e regente em vênus, gostam de tudo que vem da terra e por isso muitos se dedicam à culinária e harmonizações.

Pensando em cerveja, os alemães são grandes mestres-cervejeiros, determinados e pacientes, mas também persistentes, como os taurinos.

Logo, a melhor sugestão de cerveja para uma pessoa deste signo é uma cerveja alemã de respeito.

Variando desde a HB tradicional, uma Münchner Helles de baixa fermentação com 5,1% de ABV, refrescante, levemente amarga com toques de malte e aromas que remetem desde a um panificado até um biscoito.

Até uma Erdinger Pikantus, uma cerveja forte com 7,3% de ABV, assim como a figura do touro, complexa, devido à combinação de maltes tostados de trigo e cevada, e persistente, como são os taurinos pois a cerveja possui longo processo de maturação para chegar ao ponto ideal de consumo.

Saiba mais sobre a Erdinger: ICH WILL EINEN ERDINGER!

VIRGEM

Zodíaco Cervejeiro - Parte 1 Virgem

Já os virginianos são totalmente organizados e disciplinados, exigentes porém ao mesmo tempo criativos e determinados. Também são do elemento terra e com regente em mercúrio. Sua intenção é melhorar tudo o que tem ao seu alcance.

Falando nisso, a Escola Belga é considerada a Escola dos aprimoramentos cervejeiros, pois muitas das cervejas são diferenciadas porque são feitas com técnicas criativas, assim como, todo virginiano.

São desenvolvidas por mestres-cervejeiros renomados e também por monges que dominaram e aprimoraram as técnicas de fermentação em tanques abertos, pela utilização de leveduras selvagens, ingredientes especiais como frutas silvestres, entre outras.

Então, uma bela harmonização para este signo poderia ser uma Geuze Marriage Parfait, uma Lambic com um mix de safras envelhecidas em tonéis de carvalho, alta carbonatação mas com um sabor único remetendo a notas “animalescas”. Uma ótima sugestão!

Conheça melhor a BOON: PASSADO, LEGADO E FUTURO.

CAPRICÓRNIO

Os capricornianos são obstinados.

Não há nada que possa impedir o seu caminho, nada que não possam alcançar e nada que impeçam sua vontade de vencer!

Zodíaco Cervejeiro - Parte 1 Capricórnio

O trabalho é talvez uma das suas maiores prioridades de vida. Para celebrar os momentos e vitórias conquistadas no dia-a-dia, os capricornianos precisam de cervejas com estilo.

Dentre elas, claro, não teria como não falar da cerveja Capricórnio da Paulistânia!

O símbolo caprino que estampa este magnífico exemplar do estilo cacau bock é uma homenagem ao pico do Jaraguá, onde passa o trópico de capricórnio, na cidade de São Paulo. Sua robustez é magnífica pois é ao mesmo tempo aromática, com médio teor alcoólico (6,4% abv) e encorpada, remetendo a maltes tostados e amêndoas.

Além desta, a melhor cerveja para celebrar as conquistas dos capricornianos é a La Trappe Quadrupel!

Uma cerveja originária da Holanda, produzida sob a supervisão de um monge e com selo trapista de autenticidade, é uma bela cerveja para comemorar com grande estilo. Possui teor alcoólico elevado chegando a 10%, porém, equilibrado com o aroma e dulçor característico de caramelo, frutas secas como banana passa, ameixas, uvas passas e até especiarias. Uma excelente sugestão!

Leia também: UMA MARCA COM DNA PAULISTANO – PARTE 1 CAPRICÓRNIO

CÂNCER

Falando agora um pouco sobre os 3 signos do elemento água.

Zodíaco Cervejeiro - Parte 1 Câncer

Começaremos com os cancerianos. Estes levam a emoção ao último grau, fazendo-se enxergar pelo coração.

Sentimento e sensibilidade são suas principais virtudes, indicando como e quando agir. Por ter o elemento água, são apreciadores de lugares calmos e apaixonantes e a melhor harmonização para isto é uma cerveja que harmoniza perfeitamente com frutos do mar, peixes e até mesmo caranguejos, símbolo do signo.

Para isso, selecionamos a Corsendonk Blanche, do estilo Witbier, com notas de trigo, uma pegada de cítrico e um toque bem floral e de especiarias ao mesmo tempo, ou seja, uma combinação apaixonante em formato de cerveja!

Mas, para quem realmente leva a emoção e o coração ao pé da letra, nada melhor do que uma cerveja de fermentação espontânea que possui cereja em sua composição: A Oude Kriek Boon à L’ancienne!

Esta cerveja possui uma coloração vermelho profundo, chegando ao tom de rubi e é fermentada com cerejas azuis em barris de carvalho por 1 ano, tornando-a única.

Texto indicado: CORSENDONK, UM PRAZER ABENÇOADO!

PEIXES

Existe signo mais compatível com o elemento água do que peixes? Provavelmente não!

Zodíaco Cervejeiro - Parte 1 Peixes

Os piscianos são pessoas bondosas e calmas e servem de inspiração para muita gente.

São aquelas pessoas que acolhem e confortam e no mundo cervejeiro isso tem muito a ver com os monges pois eles são as pessoas que vão trazer esperança para os demais, ajudando no que for preciso.

Sendo assim, a cerveja que mais harmoniza com as pessoas de peixes com certeza será uma La Trappe Tripel.

Esta cerveja produzida na Holanda é única pois ao mesmo tempo que possui um dulçor característico do estilo, possui um sabor condimentado que equilibra a cada gole.

Sua coloração é um pouco mais clara, porém possui 8% de abv. É ótima para degustar com peixes grelhados ao molho de alcaparras, crustáceos e até mexilhões!

Além desta harmonização perfeita, sugerimos também a cerveja Paulistânia Pátio do Colégio!

Saiba mais: A CERVEJA DOS MONGES

Ela também é uma Belgian Tripel, porém com adição de cardamomo, uma especiaria que dá um toque apimentado, porém sem perder o dulçor característico. Uma verdadeira paz de espírito, como o que todo pisciano deseja! 😉

Pessoal, por enquanto vamos nos dedicar a estes signos, porém não fique triste se vocês ainda não encontraram a sua harmonização perfeita aqui, falaremos dos demais signos em breve!

Se vocês querem curtir uma harmonização diferente, saibam que no site da Confraria Paulistânia Store você vai encontrar estas e várias outras opções para este momento mágico entre signos e cerveja.

Aproveitem as dicas e deixe aqui embaixo o seu comentário se você concorda ou discorda das sugestões!

Saúde e até a próxima!

CERVEJA E HAMBÚRGUER, DÁ MATCH!

CERVEJA E HAMBÚRGUER, DÁ MATCH!

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, Técnica Cervejeira e apresentadora –  @candysommeliere Dia dos Namorados, data tão deliciosa que nos reserva momentos de paixão e de muito amor! NO MUNDO… Você sabia que o Dia dos Namorados, na verdade, começa lá atrás no Império 

ICH WILL EINEN ERDINGER!

ICH WILL EINEN ERDINGER!

Por Leonardo Millen, jornalista experiente, especializado em lifestyle de luxo, turismo e gastronomia. Também é um apaixonado por cervejas, tanto que escreve a coluna “Saideira” na revista Go Where, mantém o perfil @saideira.beer no Instagram e é o editor-chefe do Mesa de Bar (www.mesadebar.com.br), o portal 

ESCOLAS CERVEJEIRAS

ESCOLAS CERVEJEIRAS

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, Técnica Cervejeira e apresentadora –  @candysommeliere

Um dia antes da pandemia, eu estava com um grupo de amigos num bar, onde algumas pessoas na mesa eram especialistas em cerveja e outras apenas entusiastas.

Em nosso papo muito se falava a respeito de escolas, tipo: “- Essa que eu peguei é uma clássica APA, no padrão da Escola Americana!” Ou: “Essa Tripel está fora do padrão da Escola Belga.”

A conversa foi se acalorando, até que num dado momento, uma das pessoas entusiastas que estava na mesa perguntou em que escola se aprendia a fazer aquelas cervejas, entendendo que a gente estava falando de um espaço físico onde se aprendia a fazer tais cervejas.

Então, ficou claro pra mim como é importante a gente deixar explicado que escolas cervejeiras são diferentes de instituições onde se ensina a respeito do universo cervejeiro, ou até mesmo, onde se formam mestres cervejeiros.

Por isso, hoje vamos abordar o que são Escolas Cervejeiras!

No momento temos quatro escolas cervejeiras reconhecidas no mundo e podemos definir de forma bem clara a seguinte concepção: Escolas Cervejeiras são uma representação dos países de origem onde são produzidos determinados estilos de cerveja, sendo que cada uma dessas escolas possui características e personalidades muito próprias.

Como sabemos desde o início das primeiras civilizações humanas, a cerveja era produzida com ingredientes e técnicas relacionadas a atividade local. Este conjunto de características encontradas nas cervejas determina a região que convencionou-se referir como Escola Cervejeira.

Então, hoje, temos reconhecidamente as Escolas: Alemã, Britânica, Belga e Americana.

 A Escola Alemã inclui também a Áustria e a República Tcheca enquanto a Escola Britânica é composta, também, pela Escócia e Irlanda.

CLIMA, INSUMOS, HISTÓRIA E POPULARIDADE

Aspectos importantes que devemos considerar quando pensamos nas Escolas Cervejeiras são os seguintes: atividade climática, disponibilidade de insumos e suas características específicas, herança histórica e principalmente o gosto popular.

ESCOLA ALEMÃ

Vamos pensar que a cerveja surgiu numa região que hoje conhecemos como Alemanha. Isto se deve através da expansão do Império Romano e de movimentos migratórios vindos da Mesopotâmia em direção à Europa.

Dicionário Sumério-Acadiano de termos cervejeiros de 2600 anos atrás.
Museu metropolitano de arte, Nova Iorque.

Lembremos que a primeira produção cervejeira da humanidade aconteceu na Mesopotâmia pela civilização Suméria.

Claro que tribos germânicas adotaram a produção de cerveja com muito entusiasmo e junto com os povos celtas tornaram-se então os maiores produtores e consumidores deste fermentado de cereais na Europa.

Como já falamos em outros artigos, as mulheres foram responsáveis por descobrir, produzir e servir as cervejas e, isso se torna uma regra até o século VIII.

A partir daí, a produção de cerveja começa a ser realizada por monges e freiras em mosteiros, principalmente no sul da Alemanha e por artesãos e mercadores no norte da Alemanha.

Dica de leitura MULHERES: DEUSAS CERVEJEIRAS

A cidades foram crescendo e a demanda por cerveja aumentando. Os mosteiros, então, ampliaram o volume de produção.

Na Idade Média, monges e freiras eram responsáveis pelo avanço do conhecimento em diversas áreas sendo uma delas a elaboração de ingredientes, técnicas e produção de diferentes tipos de cervejas.

Aproveitando, gostaria de deixar bem registrado uma ação muito importante realizada pela monja beneditina Hildegard Von Bigen, que descobre o lúpulo e, gradualmente, o tempero que era utilizado na cerveja chamado “gruit” vai sendo trocado pelo uso do lúpulo, com os inegáveis benefícios dessa planta que confere amargor e aromas agradáveis a bebida, além de torná-la mais resistente as intempéries que estragam a cerveja.

O lúpulo através de Hildegard Von Bigen vem mudar a história de produção cervejeira no mundo. Dessa forma o gruit e o lúpulo coexistiram durante alguns séculos.

IMPOSSÍVEL NÃO FALAR DA REINHEITSGEBOT

Falando em fatos que mudaram o rumo da produção cervejeira, uma iniciativa marcante promulgada pelo Duque Guilherme IV da Baviera, em 23 de abril de 1516, foi a Reinheitsgebot  ou Lei de Pureza Alemã.

Essa lei definia que a cerveja deveria ser produzida apenas com três ingredientes: água, malte e lúpulo.

Vale lembrar que nessa época existia, ainda, a ideia de microrganismo e levedura, que posteriormente veio a ser considerada como quarto ingrediente.

Uma característica notória da Escola Alemã é que lá a maioria dos estilos que são produzidos são de baixa fermentação ou lagers como, por exemplo: a Pilsen, Helles, Bock e a Schwarzbier.
Contudo, uma tradição importantíssima a qual devemos dar todo destaque, são as cervejas de trigo Bávaras ou Weizenbiers.

Conheça abaixo os principais estilos da Escola Cervejeira Alemã:

Bohemian Pils
German Pils
Münchner Helles
Dortmunder Export
German Märzen
German Oktoberfest
Münchner Dunkel
German Schwarzbier
Vienna Lager
Bamberg Rauchbier
German Bock
German Maibock
German Doppelbock
Berliner Weiss
Düsseldorf Altbier
Kellerbier
German Kölsh
German Weizenbier / Weizenbock/ Dunkel Weizen/ Kristal Weizen

ESCOLA BRITÂNICA

Desde a idade do ferro as ilhas britânicas já eram habitadas por tribos celta. Essas tribos cruzaram o Canal da Mancha entre 1500 e 500 antes de Cristo e há indicações de que já produziam um fermentado de cereais, ou seja, cerveja.

A história conta que o general romano Júlio César na primeira invasão a Inglaterra em 55 antes de Cristo conheceu esse fermentado de cereais e o provou.

Os romanos tiveram um período de domínio nessas áreas e consideravam que a cerveja era uma bebida inferior ao vinho, mas seu consumo era bastante comum entre os habitantes das ilhas britânicas como alimento principal no seu dia a dia.

Com o fim do Império Romano no século V as tribos anglo-saxônicas, vindas da Europa continental, chegaram com uma nova nomenclatura para bebida, Ale. Esta é uma palavra originária do vocabulário dinamarquês para cerveja que se chamava 0L.

Durante a idade média os produtores domésticos e monásticos ainda se utilizavam do gruit, adjunto de ervas e raízes que tinham como objetivo temperar a cerveja.

Mas o grande destaque para escola britânica foi por volta do século XV onde a prática de produzir cerveja com lúpulo foi introduzida na produção local. Esta nova cerveja produzida com lúpulo tinha um nome diferente da Ale, agora as novas cervejas produzidas com lúpulo eram chamadas de beer.

Os anos se passaram e a produção de cerveja nas ilhas britânicas ganhou modernidade e o volume cada vez mais aumentou, mas a revolução industrial que se iniciou na Inglaterra no século XVIII modernizou a produção através de avanços tecnológicos. Mesmo assim os britânicos mantiveram respeito a suas tradições.

Diferente da Escola Alemã, a Escola Britânica é repleta de cervejas de alta fermentação. Essas cervejas têm uma tendência tradicional a serem mais amargas e secas.

Conheça agora os principais estilos da Escola Cervejeira Britânica:

Exemplar da Escolas Cervejeiras Britânica

Ordinary Bitter
Special Bitter
Extra Special Bitter
English Pale Ale
English India Pale Ale
Irish Red Ale
English Brown Ale
Brown Porter
Robust Porter
Stout
Sweet Stout
Oatmeal Stout
Irish Dry Stout
Foreign (Export) Stout
Imperial Stout
Old Ale
Barley Wine
Scotch Ale

ESCOLA BELGA

Já nos tempos de Júlio César, que expandiu o território romano pela região conhecida então como Gália – onde hoje fica a França e a Bélgica –, os habitantes da região já produziam sua própria versão de cerveja, comparativamente mais potente do que a versão consumida pela população romana.

Nesta época, há aproximadamente dois mil anos atrás, a produção de cerveja era uma atividade doméstica e rural. Após a queda do império romano o poder da Igreja cresceu e com isso começaram a surgir monastérios na região. E estes monastérios já vinham equipados com cervejarias para atender aos próprios monges e à população local.

Monastério da Escolas Cervejeiras Belga

Com o tempo, os monges foram refinando suas técnicas e aprimorando as cervejas, que se desenvolveram com um perfil complexo, intensamente aromático, alcoólico e com uma complexidade transcendental de aromas e gostos.

Enquanto os monges avançavam o conhecimento cervejeiro, o crescimento das cidades incentivou o surgimento de cervejarias em escala industrial. Algumas seguiam o padrão das cervejas de abadia, enquanto outras mantiveram as técnicas de fermentação espontânea em tanques abertos e aos poucos foi tomando forma o que hoje chamamos de Escola Belga. 

Muitos chamam a Bélgica de “paraíso cervejeiro”. E este título é merecido, apesar de seu diminuto tamanho (um pouco maior que o estado de Alagoas). Embora a tradição se estenda também pela Holanda e norte da França.

O país conta quase duzentas cervejarias. Inclusive, o bar com a maior carta de cervejas do mundo fica lá, na capital Bruxelas, com mais de três mil rótulos.

Imagine, todas as cervejas belgas deste bar são servidas com a taça proprietária da cervejaria. Essa é a importância que os belgas dão à sua cerveja, e por isso ela é tão amada mundo afora.

Conheça agora os principais estilos da Escola Cervejeira Belga

Exemplar da Escolas Cervejeiras Belga

Belgian Blond Ale
Belgian Dubbel
Belgian Tripel
Belgian Pale Ale
Belgian Pale Strong Ale
Belgian Dark Strong Ale
Belgian Witbier
Belgian Lambic
Belgian Gueuze Lambic
Belgian Fruit Lambic
Belgian Flanders Oud Bruin ou Oud Red Ales
French Bière de Garde
French e Belgian Saison
Bière Brut

ESCOLA AMERICANA

Até o século XVI, quando o continente americano começou a ser colonizado pelos europeus, tribos nativas norte-americanas já produziam uma bebida fermentada produzida a partir de ingredientes locais, especialmente o milho.

No decorrer das disputas entre as potências colonizadoras, o Reino Unido veio a estabelecer o embrião do que viria a ser os Estados Unidos com suas 13 colônias.

A partir deste momento, a influência da cultura cervejeira britânica se espalhou pela colônia, com várias novas cervejarias acompanhando sua expansão territorial e posterior transformação em um país independente.

 Tudo ia bem até o início do século XX, quando movimentos sociais conservadores pressionaram por medidas contra o abuso de álcool. Estas medidas culminaram na Lei Seca de 1920 (“Prohibition”, em inglês), que durante 13 anos proibiu a produção e comércio de bebidas alcoólicas.

Passeata contra a Lei Seca nos 
EUA que originou a Escolas Cervejeiras Americana

Muitas cervejarias, especialmente as pequenas, foram extintas, enquanto outras se adaptaram e passaram a produzir produtos que aproveitavam sua estrutura como cerveja sem álcool, extrato de malte, sucos e refrigerantes.

Após a Lei Seca, as poucas cervejarias menores que conseguiram sobreviver viram-se em desvantagem frente às grandes como Pabst e Anheuser-Busch (Budweiser).

Com o cenário favorável à consolidação no mercado, especialmente a partir dos anos 1940, as grandes transformaram-se em gigantes, modernizando processos e dominando o mercado. Entre os anos 1940 e 1980 essa consolidação ficou evidente para o mundo.

Enquanto as grandes cervejarias dominavam o mercado com um único estilo de cerveja, que veio a se categorizar como American Lager, ainda havia pessoas que se lembravam da variedade e sabor das cervejas de antigamente. 

Uma destas pessoas era Fritz Maytag, que em 1965 adquiriu uma pequena cervejaria falida em São Francisco e resolveu não competir com as grandes. Maytag manteve o nome original da fábrica, Anchor Steam Brewery, e apostou em estilos tradicionais como Cream Ale, India Pale Ale e Porter.

Sua cervejaria foi ganhando popularidade, outras micro cervejarias foram surgindo, e a antiga prática da produção de cerveja em casa, proibida desde a Lei Seca, foi liberada novamente em 1979.

Assim foi o início da Revolução das Cervejas Artesanais que trouxe os EUA de volta ao seu lugar entre as grandes nações cervejeiras.

E algumas das características desta revolução, como o uso de insumos locais e o desejo constante dos norte-americanos de fazer tudo sempre maior, mais extremo e mais inovador do que já existe, deram origem a novos estilos de cerveja e trouxeram à tona práticas tradicionais pouco difundidas até então.

Conheça agora os principais estilos da Escola Cervejeira Americana:

Cerveja pertencente as Escolas Cervejeiras Americana

American Lager
American Ligth Lager
American Pale Ale
American Strong Pale Ale
American India Pale Ale
Imperial India Pale Ale
Fresh Hop Beer
American Red Ale
Imperial Red Ale
American Barley Wine
American Brown Ale
American Sour Ale
American Stout
American Imperial Stout
American Imperial Porter

Você pode encontrar maravilhosos exemplares de cada uma dessas escolas se você entrar agora no site da Confraria Paulistânia Store e fizer sua seleção.

Veja qual foi a minha seleção, sucesso absoluto de experiência! No caso da Escola Belga, aproveitei para harmonizar com minha sobremesa favorita. Qual é a sua?

PARIS 1 – “JE VEUX T’ACHETER UNE BIÈRE”

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Por Luiz Caropreso, professor, sommelier, escritor, consultor e colunista para a área de cervejas. Diretor da BeerBiz Cultura Cervejeira. Olá meus amigos fãs das boas cervejas “bierundweinrianas”. Tenho aproveitado este espaço para compartilhar com vocês minhas aventuras “zitogastronômicas” (como já expliquei, o prefixo “zito” refere-se a 

CERVEJA ALEMÃ: UMA TRADIÇÃO!

CERVEJA ALEMÃ: UMA TRADIÇÃO!

Por Anderson R. Lobato, dentre vários defeitos: Santista sofredor, Homebrewer, Sommelier de Cervejas, pai do Dudu e amante de um @Pao_Liquido.  Fala cambada de cervejeiros, tudo bem por aí? Turma, por aqui ainda nos cuidando bastante e na expectativa da chegada da vacina para o quanto 

BOON: PASSADO, LEGADO E FUTURO.

BOON: PASSADO, LEGADO E FUTURO.

Por Aline Araujo, Sommelière de Cervejas, professora e empresária com formação em administração de empresas e especialização em marketing. Mais de 10 anos de experiência no mercado de bebidas.

A história da premiada cervejaria belga que é sinônimo de cerveja Lambic na Bélgica e no mundo.

Uma cervejaria que remonta a própria história da Lambic contemporânea na Bélgica, essa é a Boon, fábrica que é magistralmente tocada por um profundo apaixonado por Geuze Lambics, o icônico Frank Boon.

Frank Boon em sua adega de barris, conduzindo mais uma visita a sua fábrica

Desde 1975, Frank está envolvido no universo das cervejas, uma vez que desde essa época, sua pequena adega comercializava blends de Lambics de fábricas que faziam a popularidade da região.

Sua paixão pelo tema o levou a assumir uma cervejaria, café e geuzeria chamada “Geuzestekerij De Vits”, datada de 1680, que já produzia sua própria Lambic e Geuze, a partir do blend de pequenas e grandes fábricas (algumas obsoletas) da região.

Os anos seguintes foram determinantes para a história da Boon, pois rapidamente o espaço se tornou pequeno e a busca por um lugar maior se fez necessária e isso impulsionou a trajetória dessa grande cervejaria que é referência mundial na produção de Lambics.

Leia também BÉLGICA, ALÉM DAS CERVEJAS TRAPISTAS

NASCE A PRIMOGÊNITA

Em 1986, Frank migrou sua operação para um novo local, ao centro de Lembeek, onde investiu em uma nova cervejaria e adega. No ano 1990, mais especificamente em setembro, Frank começou os testes para produção de sua própria cerveja e em outubro do mesmo ano, a primeira Lambic própria nascia.

Os anos seguintes consolidaram a autossuficiência da fábrica, que já contava com produção 100% própria. E devido à qualidade do produto final, suas Lambics puras já tinham destino: os produtores de Geuze regionais comprariam, já naquele primeiro lote, mais da metade de sua produção.

Nas duas décadas subsequentes, a produção anual em Boon aumentou de meros 450 hectolitros no primeiro ano para bem mais de 11mil hectolitros/ano, chegando a atingir o impressionante número de 25mil hectolitros no ano de 2017.

Como vocês leram em LAMBIC, AME-A OU DEIXE-A!, no artigo que explica um pouco mais sobre a produção das Lambics, o estilo necessita de um longo período de armazenagem em barris de madeira para fermentação e maturação.

O estoque desses barris, que gentilmente abrigam o líquido complexo e sofisticado que dará luz aos notáveis rótulos do portfólio da Boon são, obviamente, um dos grandes tesouros da fábrica e atualmente, a Boon conta com o maior estoque de Lambics do mundo, com cerca de 25mil hectolitros armazenados.

Uma curiosidade é que em 2011, foi necessário o desenvolvimento de um armazém extra para conservar o estoque de barris da fábrica, que chegou ao admirável número de 130 barris, um deles com a impressionante capacidade de 12,5 mil litros!

Nos dias de hoje, a Boon caminha para a construção de seu 4º depósito de barris, à margem direita do rio Senne.

PROTEÇÃO À GEUZE!

Frank se tornou uma figura influente na cena cervejeira local e mundial e deixa como legado, entre outras coisas, uma importante regra protecionista para o uso dos termos relacionados à Geuze belga.

Após 10 anos de luta com alguns outros cervejeiros em Brouwershuis/Bruxelas, foi obtida proteção para os termos “Oude Geuze”, que segundo Frank significaria uma Geuze superior e mais tradicional e “Geuze” para as versões filtradas.

A sugestão foi acatada e a proteção europeia foi estabelecida em 21 de janeiro de 1997.

TOER DE GEUZE – HORAL

Nesse mesmo ano, Frank Boon emplacaria outra conquista: ao lado de Armand Debelder, da cervejaria 3 Fonteinen e Dirk Lindemans da cervejaria homônima, fundou a HORAL (sigla para Hoge Raad voor Ambachtelijke Lambikbieren, em português Alto Conselho para Cervejas Lambic Tradicionais).

Em outubro daquele ano, foi organizada a primeira Toer de Geuze. Atualmente, o evento que dura dois dias, ainda conta com sua organização sem fins lucrativos, é bianual e reúne as principais cervejarias produtoras de Lambic da região de Pajottenland, que por sua vez, abrem suas portas para degustações e visitas.

Nos anos seguintes, a Toer de Geuze se consagrou como um dos eventos cervejeiros mais esperados, significativos e respeitados de todo o país.

FRANK BOON: MODERNIDADE E ATITUDE

Os feitos de Frank Boon e de sua cervejaria para a comunidade Lambic na Bélgica não pode ser subestimada: sua colossal capacidade produtiva e infraestrutura exemplar ajudou fabricantes e geuzerias menores em diversas ocasiões.

Um exemplo disso é que, apesar da fábrica da Boon contar com um pomar de cerejas próprio, cerca de 200mil kg de cerejas e 28mil kg de framboesas frescas colhidas manualmente são adquiridas da região da Galícia anualmente pela Boon.

Boa parte desse volume é fornecido para fabricantes menores, auxiliando na operação logística e custo final desses pequenos produtores.   

Diversas marcas, grandes e pequenas, já usufruíram da estrutura da Boon para engarrafar suas criações e é sabido que a Lambic fabricada na Boon é usada para blendar diversos exemplares de Geuze disponíveis no mercado.

Em 2011, a Boon inovou mais uma vez e revitalizou toda a sua fábrica para o universo das Lambics, com tanques projetados especificamente para produzir o estilo.

Entretanto, o alto volume de produção forçou a construção de mais uma nova cervejaria, que pudesse triplicar a capacidade produtiva.

Essa nova e moderna fábrica, totalmente automatizada, eco sustentável e econômica, seria inaugurada em 2013, mantendo os métodos tradicionais de fabricação de Lambic.

SPOILER AUTORIZADO!

Nos dias de hoje, a cervejaria Boon mantem a tradição de uma gestão familiar e Frank Boon já conta com seus filhos Jos e Karel na administração da fábrica, que desde o início de 2021 é 100% dirigida por seus sucessores. O anúncio oficial deve ocorrer no início do verão europeu.

Além disso, segundo um e-mail extraoficial enviado por Karel Boon para o marketing da Bier&Wein, ainda este ano eles pretendem inaugurar um novo bar na fábrica e uma garrafa especial de Oude Geuze será lançada para celebrar o legado inestimável realizado por seu pai. Um brinde a essa nova geração que está pronta para escrever um novo capítulo na brilhante trajetória da premiada cervejaria Boon.

Quer um conselho de mestre? Acesse agora mesmo o site da Confraria Paulistânia Store e abasteça sua adega com garrafas de Geuze das edições anteriores.

Desse modo, tão logo essa versão ultra especial chegue ao Brasil pela cuidadosa importação da Bier & Wein, você terá a oportunidade de fazer uma avaliação sensorial enriquecedora através de uma degustação vertical (onde há comparações de uma mesma cerveja, de um mesmo produtor, mas de safras diferentes).

Uma experiência realmente inesquecível para fazer você se tornar tão aficionada por essa histórica, grandiosa e fartamente “medalhada” cervejaria belga que é a Boon.

Para estudar mais sobre Lambics, acesse:

https://www.lambic.info/The_Lambic_Summit_2010#Part_12

https://www.lambic.info/Books#Geuze_.26_Kriek:_The_Secret_of_Lambic_Beer

https://www.horal.be/welkom

https://beerandbrewing.com/

https://www.thebulletin.be/brand-palm

SOMMELIER DE CERVEJAS.

SOMMELIER DE CERVEJAS.

Por Candy Nunes, Sommelière de Cervejas, Mestre em Estilos, Técnica Cervejeira e apresentadora –  @candysommeliere Certamente, para a grande maioria das pessoas, a palavra Sommelier remete diretamente ao profissional da área de vinho que, inclusive, é muito confundido com o papel do enólogo. Contudo, esta é uma 

MÚSICA E CERVEJA

MÚSICA E CERVEJA

Por André “Carioca” Souza, beersommelier, mestre em estilos e técnico cervejeiro, estatístico de profissão, atua no mercado cervejeiro desde 2008 tendo feito seu primeiro curso com Leonardo Botto. Especialista em harmonização de cervejas e responsável pela divulgação de conteúdo do @embxdrs.da.cerva. Pessoal, vocês já repararam 

ARTESANAL X INDUSTRIAL

ARTESANAL X INDUSTRIAL

Conheça as diferenças entre cerveja artesanal e cerveja industrial

Por Rodrigo Sena, jornalista, sommelier de cervejas especializado em harmonizações, técnico cervejeiro, criador de conteúdo para o YouTube e o Instagram @beersenses

Cerveja artesanal é boa? E cerveja industrial é ruim? O que você acha, qual sua opinião? Mas, espera, qual a diferença entre uma cerveja artesanal e uma cerveja industrial? As cervejas vendidas hoje em dia não são todas feitas em fábricas?

Galera, nesse meu artigo aqui eu vou refletir sobre essas questões. E para responder perguntas do presente, nada melhor do que olhar para a história, para o que aconteceu no passado, em busca de entender o momento atual. Acompanhe meu raciocínio turma.

A HISTÓRIA DAS MÁQUINAS

A Revolução Industrial foi um grande marco na história da humanidade. Ela teve início na segunda metade do século 18, na Inglaterra, mas se espalhou para todo o mundo, e ao longo de décadas promoveu a mudança dos processos produtivos com uma grande evolução tecnológica para a época. Tarefas, até então feitas manualmente, passaram a ser feitas por máquinas e a produtividade passou a ser o foco.

Charlie Chaplin – Tempos Modernos

O processo de produção cervejeiro é muito minucioso, precisa de muito controle, por isso foi positivamente impactado pela Revolução Industrial. Tecnologias como a refrigeração artificial, o termômetro, as caldeiras, e outras, contribuíram muito para a evolução da cerveja.

Desde então, a tecnologia evoluiu bastante. Hoje temos a chamada Indústria 4.0, com máquinas muito avançadas, conectadas e sendo operadas por algoritmos de Inteligência Artificial. Sim meus amigos, robôs já estão produzindo todos tipos de produtos, desde carros e eletrodomésticos, até medicamentos, alimentos e cerveja! É isso mesmo, já existem fábricas de cerveja no mundo que não possuem nenhuma interação humana.

O QUE É CERVEJA MAINSTREAM?

Durante o século 20, a economia global – comandada pelos EUA – passou a ter foco em volume e redução de custos de produção para aumentar o lucro das empresas. É o famoso Capitalismo.

E, até mesmo a cerveja, se tornou capitalista. A criação de um estilo de cerveja chamado American Lager é exatamente a síntese disso: uma cerveja barata de produzir em grande escala, para ser consumida em grandes quantidades.

Com base nas receitas de lagers claras da escola alemã – oriundas da Bohemian Pilsner de 1842 – os americanos criaram seu próprio estilo de lager mais barata para ser produzida. Isso porque, basicamente, uma American Lager recebia menos quantidade de malte e de lúpulos do que as primas alemãs e tchecas, ficando com menos sabores, mais neutra, mas muito refrescante para ser consumida em grande quantidade.

Bingo: estava criada a cerveja Mainstream – termo que significa algo como “corrente dominante” em português e serve de adjetivo na economia para rotular produtos ou tendências que dominam seu mercado.

No caso da cerveja, cerca de 90% do consumo global da bebida é de American Lagers e derivadas. Por isso são chamadas de cervejas Mainstream, por dominarem absurdamente o mercado.

Importante deixar claro que o termo Mainstream não quer dizer cerveja industrial. Se algum dia o mercado global de cervejas mudar, e 90% do consumo for de cervejas artesanais, elas serão as cervejas Mainstream – só em sonho mesmo, mas serve como exemplo!

O RESGATE DA CERVEJA ARTESANAL

Vivemos em ondas, isso é um fato. Normalmente, depois de uma onda de guerras, por exemplo, vivemos uma onda de valorização da paz – foi o que aconteceu após as duas grandes guerras no século 20, quando o movimento hippie surgiu ganhando força pregando paz e amor.

Campanha na Inglaterra para valorizar a cerveja artesanal em relação a industrial

E isso também aconteceu com os alimentos. Após décadas de valorização e expansão de alimentos industrializados no século 20, os anos 2000 começaram com uma nova onda de valorização de alimentos artesanais, frescos, feitos por produtores locais e usando ingredientes naturais.

É nesse ponto que entra o resgate da cerveja artesanal. Na verdade, no final da década de 70, os ingleses iniciaram uma campanha pedindo de volta sua cerveja tradicional. O movimento foi chamado de CAMRA (Campaign for Real Ale, Campanha pela Cerveja de Verdade em português).

Esse movimento atravessou o Oceano Atlântico e chegou aos EUA. Curiosamente, o mesmo país que criou a Mainstream, foi o berço do renascimento da Cerveja Artesanal.

Nas décadas de 80 e 90, um grande movimento surgiu na América, com a criação da B.A. (Brewers Association), entidade e classe que representa as cervejarias artesanais nos EUA.

Com isso, o business cresceu e se espalhou para outras regiões do mundo, chegando ao Brasil no início dos anos 2010. Nos EUA, a B.A. delimita o que pode ser chamada de Craft Beer e o que não pode. Aqui no Brasil não existe essa definição, e há muita confusão.

Capa do Guia da Cerveja Industrial e Artesanal

DIFERENÇAS ENTRE ARTESANAL E INDUSTRIAL

A linha entre alimentos artesanais e industriais nem sempre é muito clara. Há muita confusão, muitas vezes provocada pelo marketing das empresas que chamam de artesanal qualquer tipo de produto, sem distinção, o que confunde os consumidores.

Basicamente, podemos entender como conceito de uma produção artesanal, aquela que utiliza muitos processos manuais, com trabalho humano diretamente envolvido na produção, e feita com ingredientes primários, naturais e sem a adição de substâncias químicas.

Tomando por base esse conceito, uma cerveja artesanal é aquela que é produzida com muita interação humana, com técnicas tradicionais, com ingredientes mais puros e sem a utilização de corantes, estabilizantes, conservantes ou outro produto químico.

Claro que isso limita a produção. O processo mais manual tem menos produtividade, os ingredientes custam mais caro, com logística de entrega e armazenagem mais complexa, e o volume de produção é menor.

Tudo isso, inclusive, encarece a cerveja artesanal, mas o resultado final é bastante perceptível. Mas mesmo nas cervejarias artesanais há tecnologia, há máquinas, há foco na produtividade. Até porque, são empresas e precisam ter lucro.

Importante não confundir cerveja artesanal com cerveja caseira, aí é outra história. Cerveja artesanal é feita em uma fábrica, com licenças sanitárias para a produção, seguindo normas e regras, com controle de qualidade. Já a cerveja caseira é aquela que eu faço no fogão da minha casa – faço mesmo no fogão pessoal! Importante ressaltar: é proibido vender cerveja caseira, não comprem.

Já no processo industrial, a cerveja é produzida com o mínimo de interação humana, utiliza ingredientes modificados, com foco  na produtividade. Mas isso não significa que o resultado deva ser uma cerveja ruim.

NÃO EXISTE CERTO OU ERRADO!

Hoje em dia há muitas cervejarias grandes, que exportam para todo mundo suas cervejas especiais, e que possuem uma produção mais industrializada para poder ter volume, reduzindo os custos e empregando cada vez mais tecnologia não só no processo de produção como no rendimento dos ingredientes. E, como vimos, isso é diferente de ser uma cerveja Mainstream.

Existe certo ou errado? Pra mim não. São características diferentes, de produtos diferentes. E isso acontece não somente com a cerveja. Hambúrguer artesanal é diferente de hambúrguer industrial, por exemplo.

Sim, cerveja artesanal também é diferente de cerveja industrial. Na minha opinião, existe mercado para os dois, existem pessoas que gostam dos dois. E mais do que isso: existem momentos onde cabe o consumo de artesanal, e momentos onde cabe o consumo da industrial.

O que eu acho errado é enganar o consumidor, aí não é legal. Chamar de artesanal uma cerveja que é industrial, tentar ludibriar o cliente confundindo tudo, isso é que não é legal.

Aqui mesmo, na Confraria Paulistania, há excelentes exemplos de cervejas industriais muito boas, que são exportadas para todo o mundo. Mas há também aqui as cervejas artesanais igualmente maravilhosas. Identifique seu gosto e a sua ocasião, e bora escolher a sua.

Que seja artesanal ou industrial, o importante é beber cerveja boa e que você goste.

Saúde amigos confrarianos!

Leia outros posts deste autor: PURO MALTE, SER OU NÃO SER… e CHOPE E CERVEJA: UMA QUESTÃO CULTURAL E NÃO TÉCNICA