CERVEJA EM TERRAS BRASILEIRAS

CERVEJA EM TERRAS BRASILEIRAS

Por Anderson R. Lobato, dentre vários defeitos: Santista sofredor, Homebrewer, Sommelier de Cervejas, pai do Dudu e amante de um @Pao_Liquido. 

Fala cambada de cervejeiros, como estão? Por aqui, feliz da vida de ter tomado a 1ª dose da vacina contra o Covid-19, e já ansioso para a 2ª dose mais adiante.

Não vejo a hora que todos estejam vacinados e curtindo um festão conosco lá no novo espaço da Vila Paulistânia (@vilapaulistania). Aliás, bora entrar no IG dos caras e acompanhar as novidades por lá, belê?

Mudando o ar da prosa – Mais alguém aí começou suas primeiras goladas na época da faculdade? Ainda que não tivéssemos um “tostão furado”, sempre dávamos jeito para um golinho, não é mesmo ?!

A nossa história com a cerveja, vem desde essa época, seja tomando uma para tentar se esquecer das notas baixas, seja curtindo uns modão “duidu” com nossa galera da sala. Entretanto, a história da cerveja no Brasil, já vem de looooonga data e remonta a antes dos anos 1900.

Topa uma volta pela trajetória da cerveja nesse Brasilzão conosco?

VEM COMIGO!

Pois é meus amigos, até quando a história é Brasileira, tem Europeu metido no meio. Mas não é pra menos, os caras influenciaram o mundo e por diversas décadas. Não seria diferente com nosso líquido sagrado, apesar de mais adiante os americanos darem o ar da graça.

Mas vamos por partes, como diria um cara aí na TV kkk

Na segunda metade do século XIX, o apelido para se referir à bebida era “cerveja-barbante”. Isso porque, como o controle de fermentação era rudimentar, as garrafas eram lacradas com uma rolha amarrada por um barbante, para impedir que a rolha saltasse. As tampas de metais que conhecemos hoje, só foram inventadas em 1891, por William Painter.
Fonte: opabier.com.br/blog – Referência: Larousse da Cerveja

RECIFE!

A história da cerveja no Brasil remonta ao ano de 1654, quando da chegada dos Holandeses e suas expedições encabeçadas por Mauricio Nassau, em Recife – PE.

A Companhia das Índias Orientais enviou para terras brasileiras — junto com os holandeses que por aqui chegavam — algumas amostras da bebida, assim como sua receita e todo o equipamento necessário para prepará-la.

Já adorava Recife e seus encantos, mas saber que através dela nasceu a nossa “loura”, é de cair de amores!

Além das poucas informações a este respeito naquela época, os portugueses que aqui estavam e dominavam a sua colônia também não estavam super animados com o tal liquido.

A cachaça já estava em terras brazucas e o vinho, além de bebida oficial da nobreza, era item de importação e exportação exclusivo com Portugal. A cerveja voltou ao Brasil oficialmente somente em 1808, aí sim, pela realeza portuguesa. Oh povo indeciso! Kkk

A chegada da família real no Brasil, e com ela a abertura dos portos e do comercio, brinda o início do movimento cervejeiro no país. Grande parte das cervejas eram importadas da Inglaterra ou da Alemanha e logo conquistaram os consumidores da elite, influenciados pelos imigrantes de diversas partes da Europa que aqui estavam.

Chegada da família real portuguesa e a relação com a cerveja em terras brasileiras
A Chegada de Dom João VI à Bahia – Cândido Portinari, 1952

O Rio de Janeiro foi um dos principais locais desta crescente popularização da cerveja, novamente influenciada pelo grande momento de comércio na capital brasileira há época.

CERVEJA X CACHAÇA

A cerveja passou a concorrer seriamente com a cachaça pela preferência da elite dos consumidores de bebidas alcoólicas. Tornou-se um negócio lucrativo, com a montagem de fábricas e um consumo crescente.

Nasceu nessa época a Imperial Fábrica de Cerveja Nacional – Cerveja Bohemia em Petrópolis, Rio De Janeiro – pelas mãos do alemão Henrique Kremer.

Já no início dos anos 1900, o movimento da cerveja no Brasil seguia crescente e veio a se solidificar, para os padrões da época, com a criação das cervejarias Brahma e Antártica, uma no Rio de Janeiro e a outra em São Paulo.

Mal sabiam estes caras, que duelaram o mercado por mais de 80 anos, que anos mais tarde iriam compor um dos maiores conglomerados empresariais de bebidas do mundo (uma tal de Ambev).

Antarctica e Brahma: exemplos de cerveja em terras brasileiras

De lá pra cá, pós passagem das grandes guerras mundiais e fluxo comercial mundial ativo, grandes marcas de cerveja passaram a frequentar nosso Brasilzão.

CERVEJA É AGRO! CERVEJA É POP!

Além disso aumentava cada vez mais a chegada de insumos para fabricação nacional, aliados a grande evolução da indústria e agronegócio no Brasil. Algumas datas e cervejarias ao longo de nossa história:

  • 1966 – Cerpa – Cervejaria do Pará;
  • 1967 – Skol – Revolução há época na produção de cerveja em lata;
  • Década de 90 – Kaiser e Schincariol;
  • 1995 e 1996 – Nascem duas das principais micro cervejarias do Brasil, sendo o importante marco Craft no Brasil, a Dado Bier no Rio Grande do Sul, e a Cervejaria Colorado em Ribeirão Preto – SP.

Importante comentar destas duas últimas cervejarias: fortemente inspiradas no movimento de cervejas artesanais americano e aliando ingredientes bem brasileiros (mandioca, café, rapadura), deram o ponta pé inicial no universo cervejeiro artesanal no Brasil – na época desvinculadas dos grandes grupos cervejeiros que dominavam o comercio do “Pão Líquido” no país.

Legal, mas e a nossa cena cervejeira brasileira? E o movimento Craft do Brasil nos últimos anos? Ah meus amigos, é claro que não deixaríamos passar. Até um possível estilo passamos a ter (ou achar que temos), a Catharina Sour. Se liguem:

O Brasil, num recorde histórico, alcançou em 2020 o marco de 1.383 cervejarias registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Pela primeira vez, todos os estados do país registraram ao menos uma cervejaria, com a abertura da primeira fábrica no Acre.

Os dados constam no Anuário da Cerveja 2020 pelo MAPA, que traz estatísticas e dados do setor cervejeiro no Brasil.

Em 2020, foram registradas 204 novas cervejarias e outras 30 cancelaram seus registros, o que representa um aumento de 174 cervejarias em relação ao ano anterior, alta de 14,4%.

grafico explicativo sobre a situação de cerveja em terras brasileiras

Ainda temos muito chão pela frente… 🙌

Pois é meus amigos, num mercado que movimenta bilhões por ano, com mais de 1.300 registros de cervejarias, é claro que o brasileiro não deixaria de polemizar, e porque não, até “criar” seu estilo de cerveja, aí vem a Catharina Sour.

Mas como chegamos até aqui? Ah meus queridos cervejeiros, conforme bem citamos acima, o mercado brasileiro, como muitos outros, foi, e é fortemente influenciado pelo mercado americano.

Por lá, números apontam que mais de 12% do público consumidor de cerveja, já toma cervejas especiais. Por aqui, esse número ainda é um pouco duvidoso, mas não ultrapassa a 4% da galera que já toma cerveja. Ou seja, ainda que estejamos evoluindo, estamos pelo menos três vezes menores que o principal mercado mundial, o Americano.

Chegamos a esse patamar também influenciados por um aumento do poder de compra do brasileiro. Consumidores mais atentos, buscando novos aromas e sabores, e claro, por uma tendência mundial sem volta de buscar produtos de melhor qualidade.

Passaram a notar “aromas e sabores” que antes as grandes companhias escondiam em suas campanhas publicitárias de “Tome cerveja a -5 graus”. Na boa, que gosto tem uma cerveja nesta temperatura? Gosto de gelo né kk

Supermercados com suas cervejas importadas e as grandes cervejarias passando a produzir rótulos “especiais” também ajudaram nesse ciclo…E por aqui chegamos…

Leitura indicada: A CHEGADA DA CERVEJA ERDINGER AO BRASIL E SUA INFLUÊNCIA NO MERCADO NACIONAL e O VAREJO NA EXPANSÃO DE CERVEJAS ARTESANAIS E ESPECIAIS

CERVEJA COM SAMBA NO PÉ!

E já que estamos crescendo nesse negócio, já podemos falar de uma escola cervejeira Brasileira? A resposta certa é: não. Não temos tradição em cerveja, tampouco temos características pré definidas e próprias de produção.

Porém, apesar de um país continental, já fazemos esse liquido com um jeitão próprio e nossa pitada de “brasilidade”, carregado de frutas locais e ingredientes que só aparecem por aqui. Sim, de aroma e sabor já temos nosso samba no pé.

Ufa, mas que rolê, dos grandes, como diria meu filho.

Gostaram? Eu sei, deu sede. E se vocês chegaram até aqui comigo, não deixem de dar uma passada no site da Confraria Paulistânia Store.

Lá, além das importadas queridinhas, vocês terão muita cerveja artesanal Paulistânia para curtir. Hoje o nosso Brasil não deixa nada a desejar às cervejas que vem de fora. Portanto, entrem lá e confiram muita coisa boa!

Cheers e até a próxima viagem cervejeira.



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